Azarias Leite e Araújo Leite são nomes conhecidos na Cidade Sem Limites. Provavelmente são ditos diariamente pelos bauruenses e inseridos constantemente nos aplicativos de localização. Afinal, são denominações de ruas famosas e movimentadas localizadas na região central e abrigam residências e diversos estabelecimentos comerciais. A Araújo Leite, inclusive, é a via mais extensa de todo o município com 40 quadras!
O que muita gente não sabe, entretanto, é que esses nomes representam figuras históricas que foram determinantes para o crescimento de Bauru. Ambos são considerados pioneiros e até mesmo fundadores da cidade!
Quem são os pioneiros?
A pergunta que os mais curiosos devem estar se fazendo é: será que os dois eram parentes? E a resposta é sim! Azarias Ferreira Leite era sobrinho e genro de João Batista de Araújo Leite.
Azarias mudou-se para Bauru com a esposa Vicentina, que era filha de Araújo e sua prima, em 1888. Nascido na região de Lavras, em Minas Gerais, já havia visitado essa área outras vezes, alguns anos antes de morar de fato por aqui com a família.
Os registros históricos, que tratam essas figuras como heróis, descrevem Azarias como um homem muito trabalhador, que pegou no batente desde cedo. Sua ocupação quando jovem era a compra e venda de muares, o que poderia explicar as andanças por essas terras e a vontade de desbravar os “sertões paulistas” na metade final do século 19.
Nessa época, o território bauruense era uma vila subordinada à sede da comarca, que era Espírito Santo de Fortaleza, lugar que passou a se chamar apenas Fortaleza e, depois, Piatã, e equivale ao ponto que, hoje, fica entre Agudos e Pederneiras.
Tratava-se de uma época em que novos colonos surgiram por aqui atraídos pela fecundidade dos sertões de Bauru. O objetivo deles era explorar os recursos e acumular fortuna. Assim, defendiam os interesses desse território mediante as instâncias que poderiam contribuir para esse desejado progresso!
Com esse espírito, tio e sobrinho, Araújo e Azarias, viajaram para São Paulo para fazer contatos com pessoas influentes e autoridades que pudessem interceder por Bauru e criar um Distrito de Paz. Para isso, tiveram que enfrentar a oposição de Lençóis e Fortaleza.
Mas, em 1893, Bernardino de Campos, que era presidente do Estado de São Paulo – como se dizia naquele tempo –, promulgou a Lei que criou um Distrito de Paz na povoação de Bauru.
De acordo com os registros do documento “Primeiros Tempos da Nossa Bauru”, a instalação do Distrito aconteceu festivamente no dia 6 de julho de 1894, numa das salas da residência de Manoel Jacynto Bastos, em frente ao cruzeiro que este ajudara a levantar na praça Rui Barbosa, do lado da rua Gustavo Maciel.
Foi nesse período que aconteceram as eleições para o primeiro Juiz de Paz do distrito. E adivinhem só de quem foi a vitória por unanimidade? Isso mesmo, João Baptista de Araújo Leite. Mas foi justamente no ano seguinte desse feito, em 1895, que o coronel faleceu.
Nesse contexto de avanço e de crescimento de relevância mediante toda a região, Bauru se tornou sede da comarca. No dia 1 de agosto de 1896, essa lei foi sancionada pelo Governo do Estado de São Paulo, marco que deu origem, oficialmente, ao município.
Coronel da Guarda Nacional, Azarias Leite, por sua vez, envolveu-se no universo da política: foi eleito vereador e ocupou a presidência da Câmara Municipal entre 1897-1898, 1906-1907 e 1908-1910. Assim, passou a defender a criação da Comarca bauruense.
Por motivos políticos, Azarias Leite foi assassinado no dia 19 de outubro de 1910. O fato repercutiu nacionalmente e foi muito sentido em Bauru.
Legado de Azarias Leite e Araújo Leite
Os feitos e a influência do coronel Azarias Leite e seu tio e sogro foram fundamentais para que Bauru seguisse a trajetória que a fez ser a cidade que é atualmente. Dezenas de mineiros e fluminenses se mudaram para esse território e fundaram fazendas que contribuíram de forma marcante para o progresso do local.
Um dos exemplos dessa influência é que foi Araújo Leite quem incentivou o Coronel José Ferreira de Figueiredo a ocupar terras na região. Essa relação deu origem a famosa e importantíssima Val de Palmas, que já foi a maior fazenda de café do mundo e chegou a contabilizar 2,3 milhões de pés de café.
Um artigo de Ghirardello e Almendros, da Unesp Bauru, faz um estudo sobre as transformações da Fazenda Val de Palmas e os reflexos na cidade entre 1890 e 1930. Assim, elabora que a propriedade de Figueiredo tinha 12 mil alqueires paulistas, propriedade de grande escala mesmo para a época, e a quantidade de colonos chegava a mais de 307 famílias abrigadas em 330 moradias; já o número de jornaleiros e empregados a 180.
Hoje em dia, além das conhecidas ruas batizadas em homenagem aos pioneiros, Bauru também possui a Escola Estadual Azarias Leite. Dessa forma, os dois nomes, Araújo e Azarias Leite fazem parte não só da história da Cidade Sem Limites como estão presentes no dia a dia da população bauruense.
“Azarias Leite simboliza para todo o sempre o pioneiro da terra bauruense”
Trecho do documento “Primeiros Tempos da Nossa Bauru”
Na categoria “Histórias da Cidade”, aqui na Solutudo, você confere diversos fatos importantes, interessantes e curiosos que marcaram a trajetória de Bauru!
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