Você já andou de trem? Se a resposta for sim, provavelmente já faz bastante tempo. Mas, para a maioria da população de Bauru, essa experiência está apenas no imaginário, especialmente para os mais jovens. Assim, como a história da cidade é marcada por esse transporte, resolvemos propor uma experiência de viagem no tempo, mais especificamente para a década de 1950, no auge das ferrovias: você sabe como era andar de trem em Bauru?

A Solutudo foi até o Museu Ferroviário e vai mostrar para vocês o passo a passo que um passageiro faria naquela época para fazer uma viagem de trem!

Importância da ferrovia

Douglas Alves Ruzon é pesquisador, especialista na história da ferrovia, educador e maquinista. Assim, afirma que foi por meio da ferrovia que Bauru se desenvolveu. “Muitas famílias têm ligação direta com esse lugar. São diversas gerações que trabalharam aqui. Só a Noroeste, em Bauru, teve cinco mil funcionários na ativa. A Companhia Paulista, cerca de mil e quinhentos. Era muita gente trabalhando! Quando era dia de pagamento, o comércio ficava em festa. Os trabalhadores tinham prestígio. Isso trouxe todo esse desenvolvimento para o Centro, para o comércio dessa região. A ferrovia trouxe toda a infraestrutura da cidade: serviço telefônico, serviço de encanamento de água, rede elétrica, depois a rede hospitalar, instituições de ensino, indústrias. A ferrovia colocou Bauru no mapa!”, declara o especialista.

Como era andar de trem em Bauru?

Chegada na estação ferroviária

A pessoa que queria viajar chegava na Praça Machado de Melo, na entrada principal. No saguão da estação tinha a bilheteria.

Douglas destaca que o auge do número de trens de passageiros foi na década de 1950. “Tínhamos em torno de 26 trens diários. Eram sete da Companhia Paulista de São Paulo para Bauru, mais sete interior sentido capital, quatro trens da Sorocabana e oito da Noroeste”, esclarece o estudioso.

A compra do bilhete

O passageiro que chegava à bilheteria da estação podia optar pela primeira ou a segunda classe. Além disso, havia o carro-dormitório caso fosse uma viagem mais longa e durante a noite.

Douglas explica que, nos trens, ainda existiam o carro-restaurante, para as refeições, e os carros correio e bagagem. “A Companhia Paulista teve o chamado carro pullman, que tinha umas poltronas giratórias. A Noroeste também teve um semelhante. Um deles ainda existe, é aquele que é uma lanchonete lá no Poupatempo”, acrescenta.

O especialista também conta que, quando era um trem restrito da empresa, tinha o carro-administração destinado ao pessoal da Ferrovia, como os engenheiros que faziam as viagens de inspeção. “Ou quando chegava algum político. A diferença é que ele tem uma varanda e era colocado na frente da locomotiva. Aqui em Bauru tem um que diz a história que Getúlio Vargas viajou quando ele visitou a cidade na década de 1930″, pontua Douglas.

Dessa forma, o trem era a principal opção de transporte para as pessoas, e saber, hoje em dia, o valor da passagem é uma missão difícil por conta da conversão da moeda. “Teve época que a passagem era mil réis, até a metade dos anos 1940. Depois veio cruzeiro, cruzado, cruzado novo… O último trem de passageiros que veio de Campinas para Bauru, em 2001, a passagem custou 12 reais. E sempre foi bem mais barato que o ônibus!”, informa Douglas.

Espera pelo trem e embarque

Quando estava quase na hora do trem encostar, o guarda abria a porta do saguão para a plataforma. A partir de então, o passageiro podia esperar na plataforma.

Assim que o trem encostava, tinha o tempo para embarcar. “Quando estava no horário, o chefe da estação tocava uma sineta para avisar o chefe de trem que a partida estava autorizada. O chefe de trem conferia o relógio, certificava-se que não tinha ninguém atrasado correndo para embarcar e assoprava um apito para avisar o maquinista que a partida do trem estava autorizada”, descreve Douglas.

O especialista ainda elucida que o maquinista ouvia esse apito e respondia com o apito do trem, com um toque, e era mais uma chance para o chefe de trem ver se não tinha mais nenhum passageiro para embarcar. “Ele assoprava o apito de novo. O maquinista, por sua vez, respondia com o apito do trem e começava a movimentar a composição”, afirma. 

Antes de embarcar, porém, havia a questão das malas. O passageiro que tinha um volume muito grande de pertences devia despachar para o carro-bagagem.

Uma viagem para São Paulo, por exemplo, na época da Companhia Paulista, durava seis horas e meia.

E Douglas explica que o trem era pontual: “Podia acertar o relógio com o apito do trem”!

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