Se fizermos um retorno ao século 20, nem que seja na imaginação e por meio dos registros históricos, perceberemos que, na maioria dos casos, os primeiros lugares que as pessoas conheciam de Bauru em suas chegadas à cidade era a Estação Ferroviária e, consequentemente, a Praça Machado de Mello, um ponto de encontro, de chegada, de partida e de passagem.
Isso porque, naquela época, os trilhos dos trens eram os principais responsáveis por transportar viajantes, comerciantes, trabalhadores e até mesmo cargas. “O auge do número de trens de passageiros foi na década de 1950. Tínhamos em torno de 26 diariamente. Eram sete da Companhia Paulista de São Paulo para Bauru, mais sete interior sentido capital, quatro trens da Sorocabana e oito da Noroeste”, explica Douglas Alves Ruzon, pesquisador especialista na história da ferrovia, educador e maquinista.
Assim, eram as ferrovias que movimentavam a cidade e foram elas que tornaram Bauru um ponto de referência no país: o maior entroncamento férreo da América do Sul, o que aconteceu por conta do encontro das três ferrovias – as conhecidas Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB) e Companhia Paulista (CP).
Dessa maneira, era na Praça Machado de Mello que estava localizada a entrada principal da Estação Ferroviária, na qual os viajantes chegavam, entravam no saguão e podiam comprar suas passagens na bilheteria.
Praça Machado de Mello
Inaugurada em 13 de maio de 1910, é uma das praças mais antigas de Bauru e fica no começo do Calçadão da Batista de Carvalho. Tal encontro, do principal ponto comercial da cidade com o local que simboliza a ferrovia, nos ajuda a entender a formação daquela região.
O fluxo de pessoas que passavam pela cidade nas viagens de trem e dos milhares de trabalhadores das ferrovias despertaram e fortaleceram os negócios naquele espaço que se tornou o centro da cidade. Lojas, restaurantes e muitos hotéis surgiram naquele entorno para atender a demanda de viajantes e também das famílias que viviam em Bauru como consequência dos tantos empregos criados pelas estradas de ferro.
Um deles é o Hotel Cariani, que fica na Praça Machado de Mello, e foi tombado como patrimônio histórico bauruense. De acordo com o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (Codepac), durante muitos anos, foi um espaço de encontro para os muitos que aqui desembarcavam em busca de melhores horizontes de vida profissional ou de um grande centro comercial.
Quem foi Joaquim Machado de Mello
Diante desse contexto, fica mais fácil entender porque o nome da Praça foi uma homenagem a Joaquim Machado de Mello, o engenheiro responsável pela construção da NOB – que ligava Bauru a Corumbá, na divisa com a Bolívia.
O espaço abriga até hoje o busto do empreiteiro, feito de bronze fundido, que é considerado o monumento mais antigo da cidade.
Joaquim Machado de Mello nasceu em 3 de maio de 1856. Ainda jovem, foi para a na Bélgica estudar e, em 1874, formou-se engenheiro pela Escola de Gand, em Bruxelas.
Em seu retorno ao país de origem, em 1880, passou a trabalhar em grandes empreendimentos, como: o primeiro Engenho Central, em Angra dos Reis; a Estrada de Ferro Leopoldina, a pioneira no território que corresponde, atualmente, ao Estado de Minas Gerais; e o Cais da Praia de Botafogo, obra na qual atuou como empreiteiro geral.
Assim, atuou em diversas ferrovias pelo Brasil, inclusive a Noroeste de Bauru.
Na foto a seguir, que exibe a festa de inauguração do 2º trecho da NOB na cidade, é possível observar a ao fundo o sobrado que foi a casa de Joaquim Machado de Mello. A imagem faz parte do acervo digital do Museu Ferroviário Regional de Bauru.
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