Ato ou efeito de incluir é a tradução de inclusão. Incluir vai além de entender, aceitar ou conviver, incluir tem mais ligação com o efeito de trazer para perto aqueles que por algum motivo ou condição, muitas vezes, se distanciam da maioria. Incluir é amar, cuidar e garantir que independente das nossas capacidades e limitações tenhamos acesso as mesmas oportunidades e escolhas de construir uma vida digna e ativa.

E é para assegurar estes ideais que há 83 anos a Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos de Presidente Prudente existe. Como principal foco e missão a instituição visa “dar autonomia ao deficiente visual, fazer com que ele tenha autonomia de ir e vir, de ser reconhecido como pessoa e ter o respeito da sociedade e mostrar que ele tem capacidade de fazer tudo o que nós, ditos ‘normais’ fazemos”, explica a coordenadora da associação.

Foto: Facebook Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos de Presidente Prudente

Eliete de Carvalho Margutti, coordenadora da Associação há oito anos, começou seu trabalho em prol da comunidade do deficiente visual em 2012 como professora da Escola de Educação Especial. Hoje, Eliete conta com uma equipe multidisciplinar composta por 18 profissionais que ensinam e preparam o deficiente, dentre eles estão o professor de adequação física, atividade de vida autônoma, de atendimento infantil, braile, soroban, orientação de mobilidade, fisioterapeuta, informática, artes, nutricionista, assistente social e uma psicóloga.

Atualmente, a Associação de Proteção aos Cegos é a única entre os 54 municípios que compõem a nossa região voltada ao atendimento aos cegos e beneficia cerca de 110 deficientes visuais. Localizada na Rua Thomaz Matheus, 500, Jardim Itapura I, o espaço conta com salas de aula adequadas para as atividades, refeitório, banheiros e uma ótima área externa de lazer tudo adequado para garantir a segurança e acessibilidade dos usuários. Vale lembrar que a faixa etária de atendimento é livre, ou seja, não há idade mínima ou máxima para o deficiente visual ingressar nas atividades da Associação.

“O trabalhar com o outro e, principalmente, com alguém que precisa do nosso apoio faz com que a gente veja algumas coisas com outros olhos”, pontua Eliete.

Atividades oferecidas:

Educação física, hidroginástica, orientação de mobilidade que é a técnica do uso da bengala, atendimento infantil, soroban, braile, fisioterapia, estimulação precoce, informática, atividades de artes, psicologia, atividades de vida autônoma (AVA)-que visa preparar o deficiente para as atividades rotineiras, música e dentre as atividades de lazer.

Para participar das diversas atividades oferecidas no local, o deficiente visual passa, inicialmente, por uma avaliação com a psicóloga e a assistente social e é direcionado para aquelas que lhe são mais necessárias par alcançar sua autonomia e independência. O acesso as atividades e aulas não tem um prazo de duração preestabelecido, tendo em vista que cada um tem um tempo de aprendizado diferente as avaliações e troca de atividades são feitas regularmente a fim de atender a necessidade do momento de cada indivíduo.  

A experiência

“A minha carreira profissional, quem eu sou hoje, o que eu faço hoje, eu devo muito a associação que me apoiou em todos os sentidos, me ajudou, falou ‘vamos lá! Você consegue, você pode!”, conta Luiz.

O professor que também é deficiente visual, o Luiz Carlos Souza da Silva de 56 anos, chegou na Associação como beneficiário das atividades prestadas na área da educação, ainda na década de 90. Em 2009, Luiz se formou em pedagogia vindo a fazer uma pós graduação em docência especial para deficiente visual e mais tarde também cursou matemática. Desde 2010, ele abriu mão de sua aposentadoria para se tornar o professor de Soroban das crianças, adolescentes e adultos que frequentam a Associação dos Cegos de Presidente Prudente.

“Não me arrependo de ter dado baixa no benefício e voltado a trabalhar”, explica o professor.

Luiz não nasceu cego, ele conta que perdeu a visão de um olho aos 12 anos devido ao glaucoma e a catarata e aos 14 anos perdeu o outro olho por conta de um coquinho de castanha que bateu em seu olho e estourou a retina e o nervo ótico. A decisão dele em abrir mão de seu benefício e seguir ensinando aqueles, que assim como ele, precisam de um ensino inclusivo é, sem dúvida, combustível para que lugares como esta Associação perdurem e inspirem outras pessoas.

Foto: Karoline Kol / Solutudo Presidente Prudente

“É só querer que dá para fazer! Tem que ter coragem, garra, determinação e acreditar que dá pra fazer”, esclarece o profissional.

Uma das dificuldades que a associação ainda enfrenta é a falta de conhecimento da existência do trabalho que eles prestam à comunidade dos cegos. Muitos prudentinos não conhecem a associação o que, muitas vezes, impede de que o atendimento deles alcance ainda mais deficientes visuais que precisam deste cuidado.

E para incentivar a propagação deste lindo trabalho o, determinado e alegre, professor de Soroban deixou dois recados para quem conhece ou é um deficiente visual:

“A associação está de portas abertas e eles vão vir aqui para somar com a gente, não para dividir nem para subtrair, mas para multiplicar e somar conhecimentos”, ressalta Silva.

“Vá em busca de conhecimento e forças positivas para seguir em frente, porque ficar dentro de casa pensando e lamentando a vida não vai mudar nada”, argumenta Luiz.

História

Fundada em 9 de abril de 1939 com o intuito de apoiar e atender pessoas com baixa visão ou ausência total dela, conforme consta no Histórico da Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos de Pres. Prudente, a narrativa de algumas pessoas que transmitiram sua história conta-se que este importante trabalho começou nos “fundos dos quintais” onde algumas pessoas com deficiência visual produziam vassouras com a finalidade de reverter o valor arrecado com as vendas para os que realizavam sua confecção.

Na época, o único serviço prestado aos deficientes visuais era a proposta de através do seu trabalho manual trazer uma fonte de renda e também a possibilidade de inserção no mercado de trabalho e, consequentemente, na sociedade. Na década de 40, a instituição passou a ser dirigida pela “Federação dos Cegos Laboriosos de São Paulo”, por meio da Associação Cívica Feminina (ACF).

Por mais de seis décadas a associação que conhecemos hoje funcionou em prédios improvisados em diferentes locais da nossa cidade. Mas em 1995 a Prefeitura doou um terreno no Jardim Itapura I à associação e as coisas começaram a tomar forma. O prédio construído em semicírculo trouxe a proposta de que quando visualizado do alto se pudesse contemplar a perspectiva de um olho, uma forma criativa de expressar, desde sua edificação, é o objetivo de sua construção. Porém, infelizmente, o projeto não foi concluído em sua totalidade devido ao elevado custo desta admirável obra.

Foto: Karoline Kol / Solutudo Presidente Prudente

Foi em 1999 que o professor Faradei Boscoli, então presidente da entidade, após traçar estratégias para angariar recursos para a finalização da estrutura que hoje conhecemos. A iniciativa de Faradei ainda é lembrada como um gesto de apoio e amor à sua esposa, Marile Boscoli, que também era cega. E foi o desejo de ver a esposa em lugar onde pudesse conviver com outras pessoas que compartilhassem da mesma deficiência e criar um espaço que atendesse suas necessidades, que encorajou a luta de Boscoli resultando na fundação da Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos nesse mesmo ano.

A Associação esteve conveniada à Educação durante 11 anos e foi mantenedora da “Escola de Educação Especial para Deficientes Visuais Professor Faradei Boscoli”. Mas em 2014, após uma reforma no ensino, a escola precisou ser fechada e a entidade findou sua ligação com área da educação estabelecendo como seu principal vínculo a Assistência Social, o que perdura até hoje.

Fonte: Histórico da Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos de Pres. Prudente.

Com certeza, esta é uma daquelas histórias que nos fazem refletir e pensar em como podemos ajudar o próximo, não é? Então, nos ajude compartilhando este conteúdo para que mais pessoas conheçam o incrível trabalho!

Se você desejar conhecer melhor ou ajudar a Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos e, até mesmo, se voluntariar para alguma atividade, entre em contato com eles:

Telefone e WhatsApp: (18)3223-2511

Endereço: Rua Thomaz Matheus, 500 – Jardim Itapura I

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