Ourinhos respira cultura e a arte. Não é à toa que a Mostra Sérgio Nunes de Artes Cênicas é um evento importantíssimo para a cidade. E para comemorar e celebrar este feito, você irá conhecer melhor o Soarte. Grupo de teatro ourinhense que abriu a mostra na última quinta-feira, dia 12.
Soarte é um grupo de atividades artísticas desde 1993, além de ser uma Associação Cultural e Ponto de Cultura com ações voltada para a cultura no município e região. Tudo começou com um convite da Neusa Fluery, secretária de cultura naquela época, para o diretor teatral e artista plástico Sérgio Nunes Faria para fazer parte de sua equipe.
O Sérgio morava em Assis e voltou para Ourinhos por causa do convite. Entre as suas ações, uma delas foi o Soarte. Uma companhia nasceu com oficinas de leituras dramáticas e alguns integrantes se identificaram tanto que resolveram criar o grupo de verdade.
O Soarte existe para fortalecer a arte e cultura, fomentar a pesquisa teatral, elaborar espetáculos grandiosos e conquistar as pessoas a olharem para o teatro com bons olhos e cheios de valorização.
“Além de desenvolver oficinas formativas práticas e teóricas. Como Ponto de Cultura pretendemos realizar outras atividades, como a criação de um cineclube, promover palestras e debates sobre diversos temas, exposições e outras ações ligadas à cultura. Um dos nossos maiores objetivos é conseguir uma sede própria para que todas essas atividades possam ser desenvolvidas da melhor maneira e com total autonomia”, explica Leandro Faria, ator e diretor da Soarte.
As peças montadas e elaboradas pelo grupo são de diferentes propostas. Já mais de 50 espetáculos desde o início, sem contar as performances. Já trabalharam com textos clássicos, tragédia grega, época medieval, comédia francesa, literatura de cordel, teatro épico, drama, populismo e contemporaneidade. Bem como peças autorais colaborativas.
Nelson Rodrigues, Oswald de Andrade, Ariano Suassuna, Plínio Marcos, Leilah Assumpção, Luis Alberto de Abreu e outros dramaturgos brasileiros são presentes na vida da Soarte. E a peça infantil também faz parte do portfólio do grupo com temas sobre abuso sexual, exploração do trabalho da criança, meio ambiente e saúde.
Mas nem tudo são flores, as dificuldades sempre estarão presentes. A principal é pela idade do grupo, quanto mais antigo mais difíceis são os obstáculos. É complicado viver só de teatro.
“Muitos integrantes já saíram do grupo para trabalhar em outras profissões. Outros saíram para estudar teatro em outras cidades. A dificuldade de manter uma pesquisa continuada, mesmo com esta característica de troca de integrantes. O espaço físico para trabalhar também é sempre uma questão. O Grupo ocupa o Núcleo de Arte Popular desde 1996, ano em que o equipamento cultural foi criado. Apesar de trabalhar no Núcleo por todo este tempo, não temos a autonomia que gostaríamos, pois é um espaço público, gerido pela prefeitura e, assim sendo, não podemos realizar todas as atividades que gostaríamos dentro do espaço”, relata o diretor.
Já a conquista é o respeito da população. O grupo tem uma identidade estética e ideológica e todo este trabalho é visto com bons olhos, é visto com admiração e reconhecimento pelos ourinhenses. Supera qualquer obstáculo!
“No início, éramos todos jovens descobrindo as coisas. Sem tantos compromissos como hoje. Era uma aventura sedutora. Tudo era novidade e tínhamos aquela potência da juventude. Fomos crescendo, o que era deslumbramento foi ficando mais sério. Queríamos nos organizar como entidade cultural. A vontade de viver só de teatro foi crescendo. Entramos em uma fase mais profissional. O grupo se estruturou melhor, o produtor Marcelo Piraju se aliou ao grupo e nos ajudou nesta parte de produção e vendas dos espetáculos, que sempre é uma dificuldade para os coletivos. Começamos a trabalhar de uma forma mais colaborativa, sem ter aquela figura referencial que era o Sérgio. Creio que todas as fases foram importantes e estamos na ativa até hoje por conta de todos os processos”, avalia Leandro.
E, claro, que o feedback de quem já passou pelo grupo não seria diferente: positivo. Cada pessoa se envolveu de maneira diferente e teve um processo específico de relacionamento com a Soarte. Todos ajudaram a construir a história desta equipe tão importante para Ourinhos.
“Eu particularmente fico muito emocionado da fazer parte. Fui um dos fundadores em 1993. Participei de todas as situações vividas pelo coletivo, tanto as boas quanto as ruins. É bom olhar para trás e saber que construímos uma trajetória na cultura ourinhense. Também rompemos as barreiras da cidade e levamos nosso teatro para muitos lugares e isso fortalece nosso propósito. Estamos sempre recomeçando, em cada trabalho é uma nova descoberta e aprendizado”, comenta o diretor.
Portanto, o grupo tem um valor imenso para Ourinhos. São respeitados e construíram um material artístico e histórico que um dia possa ser utilizado em aulas de estudo sobre teatro. E é difícil, segundo Leandro, ter algum espetáculo preferido, todos marcaram as pessoas de alguma forma especial.
O futuro é incerto, mas a certeza é que “enquanto eu puder, vou continuar aprendendo e fortalecendo esta história de persistência e amor pelo teatro”, finaliza o ator.
Viva a arte! Viva a cultura! Viva o teatro! Viva o Grupo Soarte!
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