A igreja Cristo Rei dos 26 mártires é a primeira igreja cristã construída no Brasil pelos imigrantes japonesas. Tem estrutura pitoresca e fascina a todos pela beleza e suntuosidade. Sua história se mistura e fortalece a presença japonesa no Brasil.

Igreja Cristo Rei dos 26 mártires, atualmente.

Antes de tudo, que tal um vídeo sobre

A gente pode começar a entender porque o título deste artigo não é exagero, observando este vídeo produzido por Moacir Cruz e publicado em seu canal no Youtube. Veja:

O bairro Gonzaga

Já em território promissense, adentrando como quem vai ao patrimônio de Gurupá, destino conhecido pelos que buscam o passeio fantástico à cachoeira popularmente conhecida por “Areia Branca” ou ainda “Gurupá”, é graciosamente avisado na única rotatória da estrada vicinal Gonçalo Pérez Dias, o acesso ao Bairro Gonzaga. Até lá a via é todo asfalto. O bairro rural tem hoje poucas casas espalhadas pela vicinal, todas sem dúvidas, cheias de histórias de bravura, persistência e superação.

É neste bairro que fica esta riqueza de valor incalculável. De repente ao ver o final do asfalto da vicinal dá-se a impressão de se estar em caminho errado por não ver um sinal sequer da sua existência. O “bom susto” acontece raiando como que um sol à sua esquerda, a inigualável Igreja de Cristo Rei dos 26 Mártires.

Não consigo escrever o impacto emocional da primeira visão deste patrimônio. Não existe nenhuma possibilidade de não se encantar.

A Imigração Japonesa rumo a terra prometida

Como Lins, Promissão é um grande encontro da imigração japonesa no Brasil. O nome Promissão faz referência à Terra Prometida da Bíblia.

A partir de 1918-1920, 78 famílias japonesas católicas da região de Imamura e outras da região de Nagasaki (Japão), firmaram-se no bairro Gonzaga.

Um detalhe que não pode ser esquecido:

Diferentes de algumas outras colônias, que tinham o desejo de retornarem ao Japão depois de deter posses financeiras, estes já vieram com intenção de se estabelecerem definitivamente por aqui, até porque poderiam professar sua fé sem perseguição, o que acontecia nestes períodos por lá. Levantar templos era uma preocupação da continuidade da fé professada.

O estabelecimento da primeira igreja

Com a chegada de dois padres alemães em missão, que falavam fluentemente o japonês, se fortalece a catequese do grupo.

As primeiras missas começam a acontecerem regularmente, em ambiente simples, mais dedicado.

As missas inicialmente acontecem nesta estrutura.

A primeira capela erigida no bairro Gonzaga foi dedicada a São Domingos. Era de madeira e suas telhas comuns, não possuía forro. O altar simples, adornado com toalhas de linho branco e veludo vermelho dava um tom gracioso, junto ao órgão musical.

A gruta

A frente onde está a Igreja assunto de hoje, temos uma gruta em louvor a N. S. de Lourdes, construída com pedras de basalto vindas do Salto de Avanhandava, 50 quilômetros de distância, trazidas em carroças. Enquanto o padre e alguns da comunidade cuidavam do assentamento das pesadas pedras, outro grupo as transportavam em sacos de estopa presos por cordas em varas em seus ombros. Quanto empenho!

Um seminário no bairro Gonzaga

Em virtude do número de moradores em plena ascensão por conta das lavouras de café, construiu-se um seminário. Enquanto isso, era solicitado pelos primeiros padres, o envio de seminaristas japoneses, haja vista serem estes alemães, e cuidavam para que a influência germânica não interferisse nos processos.

A construção da Igreja de Cristo Reis dos 26 mártires

Em mãos a planta da igreja em Imamura, no Japão. Coração cheio de fé e com ousadia reconhecida, elaborou-se o plano da maior construção do município à época.

A previsão de 150.000 milheiros de tijolos fez com que a compra e transporte tornassem o custo elevado e impraticável. Foi construída então uma olaria com características industriais e ali mesmo passaram a serem construídos os tijolos avermelhados com uma marca de Cruz ao centro de cada peça. A argila era buscada mata à dentro.

A madeira para os andaimes era extraída por eles mesmos. Os bois pantaneiros em carroções eram indispensáveis no processo de construção.

Extração de madeira para construção

A primeira Igreja Católica no Brasil construída pelos imigrantes japoneses tinha a orientação do Pe. Agostinho, cuja universidade não foi outra senão a da própria vida.

Padre Agostinho no canto inferior direito dando orientações

Era fundamental seguir à risca a planta original, pois o grupo não contava com engenheiros. Sua composição digna de pintura é eclética, com traços de arquitetura de diversos países.

O assentamento de cada peça precisava ser dedicadamente alinhado, pois a parte externa não receberia acabamento em reboco e pintura; seria apenas lixada e envernizada preservando seus traços naturais. As madeiras esculpidas foram produzidas pelo sr.  Issayama-san, com madeira extraída pelos próprios moradores. A inauguração ocorreu em 1938.

Se hoje a igreja já causa profunda admiração, imagine ao seu tempo! Ainda assim ela não pode ser chamada de Catedral, por não possuir cúpula.

Á título de curiosidade, o ipê que aparece em quase todas as fotos ainda está por lá, majestoso!

O declínio

Esta nunca deixará de ser uma obra grandiosa e jamais passará despercebida. No entanto, com o enfraquecimento do solo, a monocultura cafeeira já não era tão abundante em seus resultados, o que provocou expressivo êxodo rural.

Embora houve movimentos para reformas, o local conta com poucas atividades religiosas, mas forte ponto turístico no município e em especial, para ensaios fotográficos e ponto de destino para ciclistas da região.

Para entender um pouco mais sobre o nome da igreja ser Cristo Rei, clique aqui.

E se desejar saber um pouco mais sobre os 26 mártires japoneses, clique aqui

Para chegar até lá, acesse o Google Maps do seu celular, clicando aqui.

A igreja Cristo Rei dos 26 mártires está vinculada à Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Promissão, e está no território ou circunscrição eclesiástica da Diocese de Lins.

Agradecemos a colaboração gentil do Pe. Washington Lair Urbano Alves, chanceler da Diocese de Lins


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1 COMENTÁRIO

  1. QUE TESOURO FANTÁSTICO, NEM MESMO NO CENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA, EM 2008, TEVE O REGISTRO DESSA OBRA HISTÓRICA!…

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