Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade e Oswald de Andrade são nomes bastante conhecidos pelo Brasil. Afinal, são alguns dos principais artistas envolvidos na Semana de Arte Moderna ou Semana de 22, que completa seu centenário este ano.
O evento que marcou época na cultura brasileira lotou o Theatro Municipal de São Paulo entre 13 e 18 de fevereiro. Além das exposições de quadros, esculturas e projetos de arquitetura, foram três noites de festivais com palestras, música, dança e leituras de poemas.
Tudo isso foi parte de uma manifestação artística e cultural que chocou o público pela proposta inovadora e criativa. Responsável por dar visibilidade à ideia de romper com os padrões europeus e conservadores e apresentar uma arte verdadeiramente nacional, a Semana de 22 é considerada o marco oficial do Modernismo Brasileiro.
Bauru e as atividades sobre a Semana de Arte Moderna
Assim, pela importância do acontecimento, no período em que faz 100 anos, a Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Pinacoteca, celebra a Semana de Arte Moderna com uma série de vídeos. A temática, que pode interessar desde profissionais de áreas como artes plásticas, música e literatura até professores e estudantes, será abordada pelos doutores Almerinda da Silva Lopes e Marcos da Cunha Lopes Virmond.
Assim, todo o material estará disponível no canal do YouTube da Secretaria em formato de palestras com duração de cerca de dez minutos. As publicações, previstas para às 19 horas do dia 13 até 18/2, também serão divulgadas pelas redes sociais do órgão.
Conheça os convidados
- Almerinda da Silva Lopes
Doutora e Professora Titular da Universidade Federal do Espírito Santo, na qual atua nos cursos de Pós-Graduação em Artes e em História. Possui Bacharelado em Desenho e Plástica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1972), a Unesp, e Licenciatura em Educação Artística pela mesma instituição (1977), além de graduação em Pedagogia, Mestrado em Artes pela Universidade de São Paulo (1989) e Doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997), com bolsa sanduíche na Universidade de Paris I (Panthéon Sorbonne).
Realizou pós-doutorado em Ciências da Arte na Universidade de Paris I (2002) e Estágio-Pesquisa na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Paris (2014). Foi membra do comitê área de artes CA-AC do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2018-2021). É membra do Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA), da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP), da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), da Associação Brasileira de Críticos de Artes e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.
- Marcos da Cunha Lopes Virmond
Doutor em Música pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), dedicou-se à regência do Coro Sinfônico da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, do Madrigal ANIMA (Bauru-SP) e foi regente titular da Orquestra de Câmara da USC e da Orquestra Sinfônica Municipal de Botucatu.
Atualmente, é professor do Curso de Música da Unisagrado e professor colaborador do programa de Pós-graduação em Música pela Unicamp. Premiado em concursos de composição e musicologia, também é autor do livro “Condor de Antônio Carlos Gomes – uma análise de sua história e música”. Além disso, é colecionador de obras de arte, com um vasto acervo de grande relevância.
Para relembrar: obras famosas
Conheça algumas das obras e artistas que se destacaram no Movimento Modernista Brasileiro.
Operários, de Tarsila do Amaral
A Estudante e O Homem Amarelo, de Anita Malfatti
A Estudante – Anita Malfatti (Foto: Reprodução) 
O Homem Amarelo – Anita Malfatti (Foto: Divulgação)
Abaporu, de Tarsila do Amaral
Amigos (Boêmios) e Pierrete, de Di Cavalcanti
Amigos (Boêmios) – Di Cavalcanti (Foto: Divulgação) 
Pierrete – Di Cavalcanti (Foto: Divulgação)
Poemas da Semana de 22
“Poética”, de Mário de Andrade, foi lido no evento. Confira o texto completo:
“Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação”.
Já “Canto de regresso à pátria”, de Oswald de Andrade, é de 1925 e simboliza o destaque dado ao cenário brasileiro. O poema resgata versos do famoso trabalho de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”. Confira:
“Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo”.
Serviço
Palestra com Almerinda da Silva Lopes sobre a Semana de Arte Moderna
Datas: 13, 14 e 15 de fevereiro
Horário: 19h
Palestra com Marcos da Cunha Lopes Virmond sobre a Semana de Arte Moderna
Datas: 16, 17 e 18 de fevereiro
Horário: 19h
Canal da Secretaria de Cultura de Bauru no YouTube
Mais informações
Pinacoteca Municipal
Rua Antonio Alves, 9-10 ,Centro
Contato: (14) 3232-1552
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