Já ouviu falar do bairro Vila Perino? É um bairro cheio de histórias, amizades e lembranças que todos os seus moradores, antigos ou do presente, guardam com carinho tudo que sabe do local. E a história de como surgiu a vila é bem interessante e diferentona para muitos, mas comum para outros. Tudo começou como uma fazenda!

História

Domingos Perino foi um jovem aventureiro que conheceu diversos lugares do mundo antes de chegar em Ourinhos. Nasceu em região italiana, mais especificamente em Turim em 1866.  O rapaz também já transitou por Botucatu e Lençóis Paulista, respectivamente. E em sua estadia nas terras dos lençoenses, em 1910, se apaixonou e se casou com Angelina Maria de Oliveira.

Aos 44 anos, Domingos decidiu comprar 75 alqueires (181,5 hectares) de terra de Jacintho Ferreira e Sá (o fundador de de Ourinhos). O seu filho, Duia Perino, conta que o pai foi o responsável por introduzir a plantação e exploração de eucalipto na cidade, sendo fornecedor do material que era despachado por locomotivas Maria Fumaça da Estrada de Ferro.

Toda esta propriedade é a atual Vila Perino até o córrego das Furnas que está às margens do Parque Olavo Ferreira de Sá, local da famosa Feira Agropecuária e Industrial de Ourinhos (FAPI). Suas produções eram o café, o leite e por um longo trecho de terras o foco era em pasto.

Foto: livro “Ourinhos – Memórias de uma cidade paulista” – Jefferson Del Rios

O proprietário, Perino, alugava o pasto para tropeiros e viajantes, que tinham Ourinhos como cruzamento para outras cidades, vindo de Minas Gerais com diversos animais, tecidos, fumos e muitos outros produtos. O aluguel era de 500 mil réis por noite e os cavaleiros soltavam suas montarias, tropas e boiadas por todo o terreno. O espaço para dormir era um barracão. Depois de anos, Domingos vendeu seis alquieres para Benício do Espírito Santo, o segundo prefeito do município.

Domingos Perino foi pai de sete filhos e é visto como um homem de estatura baixa, calmo e cauteloso em suas palavras. Além de muito generoso e o “pai da pobreza” como seu filho, Duia, descreve.

Não foi uma pessoa tão presente na política, mas fez parte do Conselho Consultivo do Diretório do PRP, em 1934, que era presidido pelo coronel Tonico Leite. E o seu falecimento foi em 1937, situação que fez suas terras serem extremamente divididas que deram origem ao bairro Vila Perino.

Domingos faz parte do grupo de pessoas, por serem figuras importantes ou com uma vida simples que fizeram alguma diferença, que têm seus nomes em bairros famosos e reconhecidos.

Lembranças

Desde então, muitas pessoas passaram pelo bairro e consideram ser o local de suas raízes. Uma delas é Angela Maria Pontara Labs, 70, que viveu boa parte da sua vida na Vila Perino. E quando começa a conversar sobre o seu passado, o bairro é lembrado com muito carinho por tudo que se recorda da família e amigos.

“Quando eu estava na fase da adolescência, próximo aos 13 anos, anos 60, me recordo de como era divertido brincar de queimada na rua com os colegas e juntar a vizinhança para se sentar na calçada e ficar horas conversando. Naquele tempo, o perigo não estava presente na rua”, conta Angela.

Outro momento marcante era a época de Festa Junina. “Foram as melhores festas que eu já participei. No bairro tem um prédio onde já foi a localização do Sesi, naquele tempo era só um terreno cheio mato e era ali que a festança acontecia. Todos do bairro preparavam algum alimento para ser a refeição da festa, os homens se ajudavam para cortar a grama e retirar a folhagem do local e a fogueira era o auge da noite. Lembro muito bem dos meus tios pulando o fogo e o quanto eles falavam que a fé era importante para não se queimar. E, realmente, ninguém se queimou por passar pelo fogo de São João”, relembra.

Antigo Sesi que hoje é sede do Projeto Guri da Prefeitura Municipal.

O presente

O tempo foi passando, a sociedade foi se modificando e o bairro continua com a mesma essência. Atualmente, é um local mais modernizado e uma das suas características que mais chama a atenção é a quantidade de casas instaladas ali. Uma outra ou outra podemos deduzir que foi construída em outros tempos.

E o desenvolvimento foi tão significativo para a Vila Perino que hoje é “abrigo” de diversos estabelecimentos comerciais e do entretenimento. Confira alguns espaços:

Lazer

A famosa Praça do Seminário é sempre muito movimentada. Um espaço que carrega este nome pela presença de uma igreja católica no bairro, porque o templo foi instalado a partir da construção do seminário dos Oblatos de São José.

Aos finais de semana, a praça recebe visita de diversas famílias com as suas crianças. Os pequenos aproveitam para andar de bicicleta, correr e inventar alguma brincadeira especial que possa explorar todo o terreno. Também é comum pessoas caminharem ao redor da praça, sempre no fim do dia.

A outra praça é a do Caló, que recebe este nome por estar ao lado da escola estadual Domingos Carmelingo Caló. Há tempos, foi instalada uma Concha Acústica, mas são poucas apresentações no local e quase nada depois da pandemia. E esta praça é mais fácil não ter ninguém explorando o local ou apenas casais que estão ali fugindo da rotina, aproveitando um momento romântico.

Igreja

O templo religioso mais conhecido do bairro é o Santuário Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe. Ali surgiram amizades que são preservadas até hoje, muitos casais se conheceram no grupo de jovens e estão juntos no presente (como os pais da repórter que vos escreve) e muitos idosos ainda combinam de se encontrarem na missa e vivem momentos de nostalgia ao recordar quando iniciariam a amizade ali. Todo mundo conhece todo mundo!!

Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe.

Educação

Além da escola estadual apelidada carinhosamente de Caló, é possível encontrar o Colégio Bagozzi e a escola municipal Angelina Perino. A estadual e a municipal já são macaco velho do bairro, muitos alunos já passaram por estes estabelecimentos. Já o Bagozzi, é relativamente nova e tem relação com a congregação dos Oblatos de São José da igreja de Guadalupe.

Música

Quantas vezes a Associação Esportiva e Cultural de Ourinhos (AECO) foi palco de inúmeras festas, hein? Seja festas do bairro, aniversários, casamentos, festas de escolas, formaturas, batizados e muito mais. Eu mesma, a sua repórter, já dancei muitas quadrilhas e outras coreografias na AECO pelas escolinhas que estudei. Além, claro, dos eventos próprios do local, como bingos e a venda de yakissoba que foram interrompidos pela pandemia.

Os proprietários são japoneses.

Gastronomia

Diferentes sabores estão presente no bairro, principalmente, pela instalação de carrinhos de lanche na Praça do Seminário – Ratinho Lanches, Danis Lanches, Jangão etc, e na praça do Caló-local oficial de food truck em Ourinhos. Você encontra os lanches tradicionais e gourmets, bem como pastel, churros e outras delícias. Além de uma das unidades da Padaria Record e a clássica Padaria do Itoda, apelido por causa do sobrenome do dono do estabelecimento (mesmo que o nome seja Sol Nascente) com os pães mais fresquinhos todos os dias.

A inesquecível padaria do Itoda.

Saúde

Precisou de remédio? A solução é a farmácia do Walter Carneiro Moreira, ou seo Walter como é conhecido. Comércio super antigo do bairro e não tem quem não conhece o proprietário. Até hoje ele é presente na vida dos moradores da vila.

Walter ao lado de sua esposa Maria Florinda de Santi Moreira. Foto: arquivo pessoal.

Localização

E a Avenida Jacinto Ferreira de Sá, que carrega o nome do principal fundador da cidade, é a via que dá acesso ao bairro de forma rápida e fica de frente a Praça do Seminário. É uma rua carregada de histórias e composta por diferentes comércios.

Fonte histórica: “Ourinhos – Memórias de uma cidade paulista” – Jefferson Del  Rios (livro).


Você conhecia a história da Vila Perino? E para você, o que mais tem de especial no bairro? Conte para nós!!


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