A família Maziero veio da Itália para o Brasil em 1888 e foi encaminhada para a cidade de Araras, onde trabalhou nas fazendas de café da região. Alguns meses depois, João Maziero recebeu a visita do então amigo e companheiro de viagem Leopoldo Mingoti, que havia sido encaminhado para trabalhar nos cafezais de Jundiaí. Foi num período de reforma agrária que foi dado um pouco de terras para alguns italianos, Leopoldo ofereceu as terras que recebeu no bairro do Caxambu para João, que aceitou e passou a morar com sua família começando o plantio de uvas e produzindo vinho em sua propriedade para consumo próprio. ?
A venda de vinho começou em 1954, quando ainda criança, Pedro Maziero, neto de João, resolveu vender parte do vinho produzido na propriedade da família. A partir daí, começaram a comercializar o vinho, tradição mantida até hoje. Pedro lembra da admiração que tinha por seu pai, Benedito Maziero, quando criança. “Meu pai era muito sabido para fazer um vinho e desde os 7 anos minha alegria era pisar uva! Aos 13 anos meu pai me disse ‘você quer fazer o vinho? Agora você já aprendeu!’, eu achava que não sabia nada, mas meu pai disse que me ajudava e jogou a responsabilidade do vinho pra mim. Eu, com aquela vontade que tinha de aprender com as duas mãos, falei ‘nossa, pode deixar comigo!’” ?
Vinho do Papa
Após algum tempo, os Maziero começaram a aumentar cada vez mais a produção de vinhos, de 150 litros para 180, depois 200, até atingirem a produção de 25 mil litros. “Então fizemos o nosso barracão e crescemos rapidamente.” Em 2007, ocorreu a famosa história do Papa com a adega. Nessa época, já eram produzidos cerca de 40 a 50 mil litros de vinho. O Papa Bento XVI veio para o Brasil nesse ano, mas Pedro conta que quando ele era bispo veio no Rio de Janeiro e se hospedou em uma conferência. Na época ele comeu e bebeu com os padres, então quando ele soube que vinha para o Brasil na Missão de Frei Galvão, ele estava preparando as coisas pra vir e disse que não levaria nada, pois da outra vez os brasileiros o acolheram muito bem e ele confiava nos brasileiros. (olha que responsa haha)
Pedro conta que o Papa veio sem nada mesmo e dificultou para o pessoal daqui, porque geralmente os papas saíam do Vaticano e levavam tudo, até a própria água. “Esse não, veio só ele e a roupa! Ficou hospedado no Mosteiro de São Bento em São Paulo, e na organização da missa os padres foram separando as funções e como conseguiriam as coisas, o altar, a hóstia, na hora de decidirem sobre o vinho, pensaram ‘E o vinho?’ Havia representantes de todo o Brasil lá e uma das exigências do Papa era celebrar a missa com vinho brasileiro, decidiram pegar vinhos de 23 lugares diferentes, e os padres do estado de São Paulo pegaram aqui na adega, falaram que iam levar o vinho para o Papa e se fosse escolhido eu saberia. Vieram 23 variedades, estas passaram por mais de 500 pessoas degustando e 3 vinhos foram escolhidos, deram para o papa escolher, e ele escolheu o nosso como sendo o melhor! Depois vieram me dar a notícia, foi o bispo Dom Joaquim, nascido e muito famoso na região, que avisou sobre o vinho escolhido ter sido o da Adega Maziero e fiquei muito feliz.”
O vinho tomado foi o Rosé Suave, feito a partir da Uva Niágara, querida uva da nossa região. Essa foi a história do primeiro papa que tomou vinho fora do Vaticano e em 2013 o Papa Francisco veio na Jornada Mundial da Juventude e também tomou o vinho da adega, “Tem umas 30 paróquias que pega vinho com a gente, ouvi dizer que ele chegou até no Vaticano.”
Tradição em família
Atualmente, o negócio é administrado por ele e seu filho, Clemente Natal Maziero. Pedro também é casado e tem uma filha que não atua no negócio. Ele diz com orgulho sobre seus filhos que, assim como ele, começaram a trabalhar desde cedo.
Todo o processo de fabricação de vinhos é feito na propriedade, desde a plantação, produção e envelhecimento de vinho. Ele conta que tem irmãos, mas foi o único que sempre gostou, se interessou e trabalhou na adega.
A adega não foi uma das primeiras da cidade, mas uma das poucas que permaneceram firmes e fortes desde aquela época, “Quando comecei aqui a maioria das famílias italianas da cidade tinham uma adega, as adegas acabaram crescendo juntas até formarem uma cooperativa.”
Dentre as variedades de vinhos que trabalham estão os vinhos Rosé, Branco, Bordô, Cabernet, Merlot, dentre outras. O vinho mais amado pelos visitantes é o Bordô Suave e em segundo lugar o Rosé Suave, também trabalham com pinga, licor, jurupinga, suco de uva e geleias.
Atualmente são produzidos em torno de 60 a 70 mil litros de vinho por ano, a produção sempre é pensada no ano seguinte pois o processo é demorado. “Fazendo em janeiro, só se pode abrir em junho do ano seguinte”, a ideia de o espaço estar aberto para degustação sempre existiu, Pedro diz “Nunca fui miserável para dar vinho, isso já vinha de casa, quando vinha visita a primeira coisa que meu pai fazia era colocar um garrafão de vinho em cima da mesa e copos para tomarem!” (Hmm deu até água na boca!) ?
De Jundiaí para o mundo!
Eles comercializam vinhos para todo o Brasil e exterior, durante a semana a movimentação da adega é mais tranquila, mas aos finais de semana é bem movimentada. Esse simpático senhor adora receber essas pessoas e sempre tá por lá, disse que eles só param 3 vezes no ano, no Natal, Ano Novo e Sexta-feira Santa.
Vale lembrar que se você tá pensando em ir na adega é melhor separar um dinheirinho pra levar pra casa as delícias de lá, eles não aceitam cartão pois, por ser afastado, o local não possui muito sinal.
Ele deixou uma mensagem para você, leitor, “Quem quiser vir conhecer a adega, venha que estamos te esperando, existimos para atender a todos que tem vontade de tomar um bom vinho!”. ?
Dá pra recusar um convite desses? Infelizmente, nas atuais condições a visita não será possível, mas pelo jeito a compra e entrega ainda estão disponíveis pelo Facebook e telefone! Os dados estão aqui embaixo. 😉
Serviço
- Endereço: Av. Maria Negrini Negro, 2051 – Caxambu
- Telefone: (11) 4584-1810
- Horário de funcionamento: Segunda a sábado das 8h às 18h. Domingo e feriado das 8h às 16h. (atualmente fechado)
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