A ferrovia de Bauru é um ponto chave para a história da cidade e também uma grande saudade para os que pegaram a época das viagens de trem!

“Era como se eu estivesse em minha segunda casa. A gente se apegava muito à ferrovia e os valores que ela transmite. Aprendi tudo o que sei convivendo com pessoas de diferentes funções”, conta Airton Brumatti, ex-funcionário da antiga Rede Ferroviária Federal S.A.

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A Estação Feroviária de Bauru faz parte das lembranças de muitas gerações. Foto: Reprodução/História de Bauru

Bauru e os trilhos

Você com certeza já ouviu falar da Estrada de Ferro Noroeste Brasil (NOB). Antes da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) existir, a NOB era a grande responsável pelo transporte de passageiros de Bauru para o Brasil inteiro.

Em seus mais de 1600 quilômetros de trilhos, a linha principal levava os passageiros de Bauru até Corumbá, no Mato Grosso do Sul, na divisa com a Bolívia. Ao desembarcar no país vizinho era possível fazer integração ferroviária até Santa Cruz de la Sierra.

Bauru surgiu e cresceu em função da ferrovia e mais ainda pela existência da RFFSA. O surgimento dela fez com que a cidade ganhasse hospitais, estádio, e outras instituições que foram se tornando necessárias com o crescimento da cidade.

explica Airton.
A construção da ferrovia movimentou a economia local e a circulação de pessoas, fazendo com que a cidade se desenvolvesse a fim de atender as necessidades dos que passavam por aqui. Foto: Reprodução/História de Bauru

Além disso, a ferrovia possuía um ramal que ia de Campo Grande a Ponta Porã, ambos no Mato Grosso do Sul, na divisa com o Paraguai, e outro ramal que ia de Corumbá ao porto de Ladário, também no Mato Grosso do Sul, transportando sacarias de magnésio e outros produtos minerais.

Era dessa forma que funcionavam os trilhos bauruenses de 1906, até 1957, quando a Noroeste Brasil, ao lado de outras 18 empresas, formaram a Rede Ferroviária Federal para que toda a concentração do patrimônio ferroviário da época pertencesse ao Governo.

Transformações

“Na época, o Estado encampou praticamente todas as ferrovias, unificando-as. Até o regime de trabalho mudou, os funcionários começaram a trabalhar no regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”, conta Airton, que trabalhou na ferrovia de 1975 até 2007.

Durante seus mais de 32 anos de serviços prestados, ele cuidou da rede elétrica da Rede Ferroviária Federal ao longo do trecho que levava passageiros de Bauru à Araçatuba e vice-versa.

Também comandou uma equipe que cuidava do trecho Bauru – Água Clara-MS, distribuindo serviços e fazendo acompanhamento diário da situação das comunicações e das das torres de rádios entre Bauru e Corumbá. Uau!

O bauruense Airton Brumatti dedicou muitos anos de sua vida à Ferrovia. Foto: Arquivo pessoal

Airton viu a NOB se transformar em RFF S.A, para promover a concentração do patrimônio ferroviário, e depois, sofrer privatização na década de 1990, tornando-se a Ferrovia Novoeste S.A.

Alguns anos depois, em 1998, fundiu-se à Ferronorte e a Ferroban por um consórcio da Brasil Ferrovias S.A.

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Interior da estação de Bauru que atualmente tornou-se um museu ferroviário. Foto: Reprodução/História de Vauru

Já em 2006, fundiu-se à América Latina Logística, que é uma empresa concessionária de ferrovias brasileiras e argentinas, pertencente à Rumo Logística, que é uma companhia ferroviária nacional.

Nostalgia e transformação

Desde a privatização na década de 1990, os trens com passageiros foram suprimidos, dando prioridade à carga de mercadorias. Porém, os que já viajaram de trem relatam experiências e lembranças incríveis.

Comentários no grupo História de bauru à respeito da época em que a ferrovia transportava passageiros. Foto: Reprodução/Facebook

A boa notícia é que ainda dá pra matar, pelo menos um pouquinho, da saudade dessa época aqui em Bauru. Onde era a antiga estação ferroviária agora funcionam:

Museu para matar a saudade

O Museu Ferroviário é uma verdadeira viagem no tempo, pois além de ficar bem do ladinho da estação, ele conta com um enorme acervo de itens do acervo ferroviário da época em perfeito estado de conservação, incluindo uma locomotiva a vapor.

Nesta locomotiva, o ex-presidente Getúlio Vargas se instalou em sua vinda à Bauru durante a Revolução de 1932.

O vagão foi todo restaurado para fazer com que os visitantes sintam-se em contato direto com a história, podendo entrar nele e tirar fotos.

Além disso, o Museu Ferroviário recebe excursões escolares, manifestações artísticas, eventos e palestras que acrescentam muito na cultura local e ajudam a preservar a história bauruense.

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O Museu Ferroviário visa promover as memórias que fazem parte da história dos trilhos de Bauru. Foto: Reprodução/Facebook

Que legal saber que nossa ferrovia foi tão importante para o desenvolvimento da cidade e criou tantas lembranças boas para os que viveram nessa época, né?

Sinto falta dos amigos que fiz ali. Sinto falta dos lugares que fui dentro da ferrovia e de tudo que ela representou para Bauru, e não sou o único. Temos um grupo de ex- ferroviários que se reúnem de tempo em tempo em Bauru, Araçatuba e Três Lagoas para confraternizar num churrasco que dura o dia todo, então, sempre estamos juntos e relembrando esse tempo bom!

conta o ex-ferroviário Airton em tom nostálgico

Bora valorizar nossa cidade a história dela!


Confira essa e outras histórias de Bauru no site da Solutudo Bauru!

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