Na Praça Mello Peixoto, a partir das 14h, um senhorzinho simpático chega ao local para trabalhar. Devagar, vai chegando de mansinho e com uma expressão singela de quem faz o que gosta. Ele estaciona a sua carrocinha de pipocas em uma das esquinas da praça. Ele sempre está vestido de uma camisa branca, calça social preta, cinto e um sapato preto.

É um rosto conhecido, é uma pessoa que faz parte de Ourinhos e que não tem ninguém que não saiba dele. E por apenas R$ 5,00 reais você faz a festa se deliciando com dois saquinhos de uma saborosa pipoca e você também conforta o coração humilde do vendedor. Este pipoqueiro é o Joel Morini, alguém conhecido na cidade por suas pipocas, mas desconhecido pela sua história de vida. Uma lição para qualquer ser humano.

Joel

Seo Joel Morini nasceu no dia 29 de junho de 1949, tem 72 anos e filho de uma quantidade de seis irmãos. O seu pai, Loredo Morini, era pipoqueiro e construiu sozinho seu carrinho com madeiras e latas de querosene. Com as vendas da pipoca, o pai sustentava a família todinha e conquistou uma casa.

Infelizmente, em um determinado momento da vida, Joel precisou largar os estudos, fez até o segundo ano do ensino fundamental, e precisou vender pipoca para ajudar o pai. Desde então, Joel já tem 35 anos de pipoqueiro em Ourinhos com o mesmo carrinho construído pelo pai.

Já vendeu suas pipocas salgadas e doces no início da Unifio, em frente ao Ginásio Monstrinho na época do basquete e desde muito tempo a praça é o seu ponto principal de vendas. Inclusive, com a praça toda decorada devido ao Natal e pela abertura do comércio à noite, ele vende suas pipocas no período da tarde e noite na mesma esquina de sempre.

Apesar da vida sofrida, seo Joel é pura simpatia com os clientes.

Em relação ao amor, Joel já foi casado, mas sua esposa faleceu há 12 anos. E com lágrimas nos olhos, o pipoqueiro conta que mora sozinho e, às vezes, se encontra com dois irmãos. Uma irmã ele só consegue vê-la se vai até à igreja dela e o irmão o contato não é de muita proximidade por ele ser casado e ter sua família.

Seu pai faleceu com 55 anos, em 1971, em razão de cirurgia de úlcera e sua mãe foi perdendo a memória até chegar o dia do óbito. Joel acredita que os maus tratos de seu pai para com ela é o que ajudou sua mãezinha ficar diferente, de ter um péssimo estado de saúde.

Vida pessoal

Joel não teve mais namorada nem se casou novamente. É sozinho, vive uma vida solitária. “Eu sou um homem sozinho. Tem dias que eu penso em fazer uma loucura, mas passa. Não é fácil viver como eu vivo. Eu peço a Deus diariamente para me levar embora logo, não tenho ninguém. É só eu e Deus”, emocionado fala Joel.

É desta maneira que ele “celebra” as datas comemorativas, como o Natal e o Réveillon, sozinho em casa com pão, mortadela e refrigerante.

No carrinho estão as lembranças, Joel guarda com carinho a fotografia de seu pai enquanto pipoqueiro.

Atualmente, as vendas da pipoca é algo que ele considera ser uma distração para ele no dia a dia. Não consegue conquistar nada material com a venda da pipoca, o tempo presente é mais difícil ao ser comparado de quando ele tinha uma família completa e viu seu pai conquistando bens materiais. O seu maior sustento vem da aposentadoria para pagar o aluguel e as contas da casa.

Ele também contou que era católico e virou evangélico, entretanto não é frequentador da igreja. O motivo é o medo de ser atacado, de alguém bater nele à noite durante o caminho de ida para igreja e volta para a casa.

E o que, de fato, deixa ele muito feliz é quando escuta das pessoas que a sua pipoca é a melhor da cidade. “É um sentimento muito bom, é um ânimo para continuar com as minhas pipocas. Eu fico muito feliz”, finaliza Joel.


Você conhecia a história de seo Joel? Já comeu as pipocas? Conte para nós!


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1 COMENTÁRIO

  1. S. Joel realmente uma pessoa muito educada. Tive o prazer de conhece.lo na lanchonete onde trabalhei. Muito simpatico, tomava seu cafezinho sempre quietinho. Deus abençoe muito s. Joel

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