Maria Madalena Colombo Abdo, Madá, nascida de parteira em Ocauçu em 1961, veio para Marília em busca de trabalho. Cozinheira e confeiteira de mão cheia, trabalhou em padarias e restaurantes sem qualquer curso profissional. Seus conhecimentos quem havia ensinado era a vida. Há 18 anos é proprietária da Padaria Santa Rita Pães e Doces, onde dedica seu tempo na confecção dos mais diversos quitutes e pizzas.
A Descoberta
Em 2014, dois anos após a descoberta do câncer de mama de sua irmã, Madá decidiu investigar sua saúde um pouco mais. Foi até o posto de saúde Cascata e pediu seus exames de check-up, como papanicolau, ultrassonografias e mamografia. Os dois primeiros foram feitos rapidamente e estavam sem qualquer alteração. Já o encaminhamento da mamografia, nunca saiu do papel.
Passado um ano desde esta consulta, a confeiteira resolveu ir em outra unidade básica de saúde. Lá, explicou sobre a doença de sua irmã.
“A enfermeira me examinou muito bem. Me dobrou, me apertou, me esticou. Aí ela disse que ia pedir a mamografia com uma certa urgência. Perguntei se tinha algo errado e ela negou”.
Madá decidiu resolver isso logo. Dirigiu-se a Carreta da Mamografia, unidade móvel de mamografia rápida que percorre todo o estado. Após o exame, ela perguntou, novamente, se tinha algo errado. Novamente, a enfermeira disse que não e que ela poderia seguir para casa. Depois de alguns dias, pediram para que ela refizesse o exame.
Em um dia de semana qualquer, enquanto lavava a cozinha de sua padaria durante a tarde, o telefone tocou. Era uma consulta agendada para 4 dias depois, na Santa Casa.
Ali, o chão que esfregava com a vassoura ensaboada se abriu:
“A hora que eu desliguei, comecei a chorar. Era água pra tudo quanto é lado. Por mais que você esteja preparado e já tenha vivenciado isso antes, assim como eu junto a minha irmã, quando acontece com você, é diferente. Eu sabia que o processo era longo. Seu chão abre e você não enxerga mais nada. Você só chora”.
O tratamento
As sessões de quimioterapia aconteciam às quintas, a cada 21 dias. Mas a maior dificuldade se passava no dia seguinte. Nas sextas pós-tratamento, as náuseas e vômitos iniciavam-se.
“Tudo que entrava, saia. Os remédios não adiantavam. Tentei tomar um suco, mas assim que deitava, vomitava. Só conseguia comer no sábado a noite. A única coisa que parava no meu estômago era um copo de coca-cola e uma fatia de pizza de mussarela com pimenta dedo de moça”.
Inicialmente, a oncologista Lia Rachel recomendou nove sessões de quimioterapia. Na 7ª, Madalena já não aguentava mais. Passou a sentir uma dor de cabeça muito forte. Quando passou a 8ª, a confeiteira mal se mantinha em pé devido a forte enxaqueca.
“Cada vez que eu vomitava, parecia que minha cabeça ia explodir. Eu não tinha o que fazer além de segurar a cabeça e chorar, do tanto que doía. Eu achava que nunca ia voltar ao normal”.
Em busca da alta médica
Depois do fim das quimioterapias, o paciente precisa checar o seu estado de saúde a cada três meses por dois anos e meio. Depois, a cada seis meses por dois anos. Madalena está na última etapa. Ela conta que foi muito difícil, mas a ajuda que a Amigos do COM prestou a ela foi decisiva em todo o processo.
“Ajuda muito! É uma terapia de grupo, nossas reuniões são quinzenais e todos interessados podem participar: voluntários, pacientes, curiosos. É um espaço que eles tiram dúvida, a gente ri e chora. É gratificante quando vemos a recuperação da pessoa com aquele sistema de apoio. Por que cada caso é um caso. Tem paciente que mãe se recusou a visitar porque achava que ia pegar o câncer. Outra, assim que contou, o marido pegou a mala e foi embora. Então, a gente se apoia”.
A vida hoje
Maria Madalena continua com sua padaria. Acorda todos os dias às 5h30 e deita-se à meia-noite. “E feliz, ainda!”, conta ela aos risos de quem tem gosto pelo o que faz. Para quem está passando pelo câncer, ela aconselha:
“Tem que se gostar muito. Tem que se cuidar, se apalpar, se examinar. Tudo passa, tudo é uma fase. Se precisar a gente visita, dá um abraço, conversa, lava roupa e banheiro!”.
Avó de cinco meninos e mãe de Jader, Neto e Carolina, Madalena se vê como uma pessoa totalmente diferente do que era antes de adoecer:
“Larguei de preguiça e de ser acomodada. Agora sou forte!”, finaliza a sobrevivente.
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