Muita gente já deve ter se perguntado por qual motivo o nome Rubião Júnior tem presença tão forte em Botucatu. Afinal, quem é essa pessoa e qual sua ligação com a cidade, a ponto de receber tantas homenagens?

Apenas aqui na Terra dos Bons Ares, são batizados de Rubião Junior, um distrito, uma estação de trem, uma praça pública no coração da cidade, uma avenida no Jardim Botucatu e uma rua no Jardim Bons Ares. Muita coisa para um cidadão só, não é?

Recorremos ao historiador João Carlos Figueiroa para saber um pouco mais sobre a relação entre essa figura tantas vezes homenageada e a cidade de Botucatu.

“O vínculo dele com a cidade é um pouco distante. Na verdade, Rubião Júnior foi deputado e senador estadual, entre o final do Império e o começo da República. Fez dobradinha com Amando de Barros trabalhando pela aprovação de verba no orçamento de 1911 para criação da Escola Complementar de Botucatu, sonho na época alimentado pela cidade”, esclarece.

Rubião Junior foi deputado e senador estadual
Foto: divulgação

E os botucatuenses acabaram recebendo mais do que pediram com a criação da Escola Normal Primária, destinada a prover o Estado com professores especiais para escolas rurais. A construção do prédio demorou a começar e em 1912, Amando de Barros, valendo-se de sua amizade com o senador Rubião Junior, em entrevista com o Secretário do Interior, Dr. Paulo de Moraes, pede e obtém o início das obras da Escola Normal, com a liberação de 500 contos.

Estava ali estabelecido o laço com a cidade. O senador faleceu em 1915. Como gesto de gratidão, a Câmara Municipal fez aprovar projeto que deu o nome de Rubião Júnior a principal praça da cidade, que viria a ser entregue no mesmo dia da inauguração do prédio da Escola Normal, em 24 de maio de 1916. 

Nome do senador também está em uma das principais praças da cidade
Foto: Divulgação/Prefeitura de Botucatu

Ao mesmo tempo, em janeiro de 1917, o Ministro da Viação, Tavares de Lima, determinou que a estação de trem da Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 1897 e de onde saia o ramal de Bauru, tivesse o nome trocado de Capão Bonito para Rubião Júnior. Como era hábito, a população começou a chamar o bairro pelo novo nome. Até que em 18 de fevereiro de 1959, a Lei Estadual 5285 criou oficialmente o Distrito de Rubião Júnior. 

Em 1917, estação de trem trocou de nome. Saiu Capão Bonito entrou Rubião Júnior
Foto: Divulgação/Prefeitura de Botucatu

QUEM FOI ELE?

João Álvares Rubião Júnior nasceu em Mangaratiba (RJ) no dia 14 de junho de 1851. Era advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Filiado ao Partido Conservador, iniciou sua carreira política sendo eleito para a Assembleia Provincial do Rio de Janeiro no biênio 1874-1875. Transferindo-se depois para a província de São Paulo, tornou-se secretário da União Conservadora e redator do Correio Paulistano, órgão do Partido Conservador. Foi mais uma vez eleito deputado provincial, agora em São Paulo, para a legislatura 1888-1889, a última do Império, e escolhido primeiro-secretário da Assembleia Provincial para o ano de 1889.

Após a proclamação da República, filiou-se ao Partido Republicano Paulista (PRP) e foi designado pelo governador nomeado de São Paulo, Prudente de Morais (1889-1890), para integrar a primeira Intendência Municipal da capital. Foi também diretor gerente do Banco Comércio e Indústria de São Paulo, fundado em 1890. Ainda em 1890 foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Republicano Paulista (PRP).

No governo de Bernardino de Campos (1892-1896) comandou as secretarias do Interior, da Fazenda e também respondeu interinamente pela da Justiça. Ainda em 1895, foi eleito deputado estadual em São Paulo pelo PRP. Foi reeleito sucessivamente para outros três mandatos, permanecendo na Câmara Estadual até 1906. Em 1903 foi eleito presidente da Câmara, em decorrência do falecimento do titular. Foi reeleito três vezes para o cargo.

No governo de Jorge Tibiriçá (1904-1908), foi secretário da Justiça. Em 1907 foi eleito para o Senado Estadual, novamente pelo PRP, com mandato até 1912. Foi também eleito presidente da casa. Faleceu na capital de São Paulo no dia 17 de outubro de 1915. Na época seu nome era cogitado no PRP para sucessor do presidente estadual Rodrigues Alves.


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