Geni Guimarães é poeta, professora, ativista e barrabonitense. Em 1989, um de seus livros, A Cor da Ternura, recebeu os prêmios Jabuti e Adolfo Aisen. O Prêmio Jabuti é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Geni é a protagonista do Soludoc desta semana.

Foto: Solutudo

(…) Mas armada de alfabeto, vivo na espreita.

Traduzo intenções veladas,

Tiro do sol a peneira,

Continuo passo a passo,

portando minha bandeira:

Sou inteiramente negra. Brasileira.

(Versos do Trato, Poemas do Regresso)

De origem humilde e da infância na roça, Geni cresceu afortunada, mas um tipo diferente de fortuna, o amor da família. Lembra, com ternura, de suas aventuras quando criança e sua grande família. Sua mãe, Sebastiana Rosa de Oliveira, tinha em suas veias a arte do Repente, sendo a maior influência artística para Geni.

Seus primeiros trabalhos como escritora foram publicados nos jornais Debate Regional e Jornal da Barra. Para financiar o seu primeiro livro, Terceiro Filho, a família vendeu o único bem que tinham na época, um fusca.

Nos anos 1980, Geni se reencontra como artista passando a frequentar encontros de autores negros em São Paulo, publicando dois contos no volume quatro no livro Cadernos Negros, obra organizada pelo grupo Quilombhoje.

A Cor da Ternura

Foi durante esses encontros de escritores negros em São Paulo que Geni foi descoberta por grandes editoras. O livro A Cor da Ternura nasceu da dedicação da autora em escrever suas próprias memórias. E foi dele que veio o maior reconhecimento que um artista literário pode receber: O Prêmio Jabuti.

O trabalho foi tão marcante para a nossa literatura que foi tema no desfile de carnaval da Rosas de Ouro, no ano de 1990, que teve como enredo “De Piloto de fogão a chefe da nação” (o desfile levou o título de campeã do Carnaval Paulista daquele ano).

Professora com orgulho

Geni se formou no magistério em 1970, e em Letras em 1990. Atuou 28 anos como professora da rede Estadual de São Paulo, passando por municípios diversos, até mesmo Barueri e Embu das Artes.

Sua relação com a Língua Portuguesa era forte e com o professorado maior ainda. Geni nos contou que “adotava” os alunos mais bagunceiros para ajudá-los a se encontrar.

Ganhando o mundo

Seu livro premiado chegou a ganhar versões em outras línguas, como no inglês e no alemão. Mas Geni nos contou que, infelizmente, muitas das traduções foram sem sua permissão e seus direitos, trazendo à tona uma grande problemática da arte.

Fora este descontentamento, seu sucesso internacional a levou à palcos em todo o mundo, onde compartilhou seus conhecimentos literários, sua visão de mundo e seu trabalho.

Geni vive hoje em Barra Bonita com sua irmã especial Cema, que é frequentemente tema de seus versos.


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