Você, mulher, teria coragem de dirigir um ônibus? A maioria, provavelmente diria não, mas, talvez, esta penapolense possa mudar sua maneira de pensar com a sua emocionante história.
Telma Gremes, tem 50 anos, é apaixonada por veículos, principalmente ônibus, e começou desde a infância. A motorista não sabe de onde surgiu o amor, porém, sempre sonhou em dirigir veículos grandes. Mesmo diante de vários desafios, nunca desistiu de alcançá-los.
Aos 35 anos, decidiu tirar a carteira de habilitação de categoria D, sem mesmo ter certeza que conseguiria um emprego na área e não sabia que este primeiro passo realizaria seu sonho no futuro. Antes de ser motorista trabalhou em diversas áreas que se pode imaginar, até como açougueira.
Início de um sonho
“Eu trabalhava em um mercado e toda vez que passava um ônibus parava para ver, porque sempre gostei e me interessei. Então, um dia passou um ônibus com uma mulher dirigindo e aquilo me despertou”, conta a motorista Telma.
Nunca foi atrás dos seus sonhos, ninguém a incentivava e ela nem imaginava que aceitavam mulheres como motorista na cidade. Entretanto, a partir daquele dia, procurou descobrir quem era aquela mulher e se também, quem sabe um dia, poderia dirigir um ônibus. Assim, iniciou nesta carreira que está há cerca de 15 anos.
Telma já foi motorista para diversas empresas durante esse tempo. Começou no coletivo da cidade, depois que o seu contrato acabou, e trabalhou para uma usina de Penápolis, levando os trabalhadores até o local. Já levou pacientes até o hospital do Coração em Barretos e também na empresa Reunidas do município. Atualmente, trabalha para o Estado e dirige o ônibus escolar que transporta crianças às escolas.
O amor pela profissão transborda em seu sorriso quando conta sua história. Em todos esses empregos aprendeu muito e ganhou muitas experiências. A motorista sempre foi muito confiante e segura de si, com sua atenção e cuidado nunca sofreu nenhum acidente ao longo dos anos.
Superação
Em novembro de 2019, com a perda dos pais tudo mudou na sua vida. Teve a responsabilidade de ser chefe de casa com uma filha e uma irmã com deficiência para cuidar. Nesse momento difícil, continuar dirigindo, durante a pandemia, não foi uma opção. Saiu do serviço em outubro de 2020, pois foi a primeira vez que o medo tomou conta dos seus pensamentos.
Antes tinha seus pais para ajudar e cuidar da casa, sendo só ela, viajar e ficar muito tempo fora trazia riscos. Durante um ano se organizou para iniciar uma nova vida. Hoje, a perda ainda dói, mas como uma mulher forte seguiu firme e voltou a trabalhar em 2022. Além da necessidade do dinheiro, os horários do ônibus escolar batiam com as responsabilidades da casa.
Inspiração
“Eu sou a única mulher que dirige ônibus em Penápolis, as outras duas desistiram ou se casaram e acabaram saindo. Nunca sofri nenhum preconceito dos outros motoristas. Lógico que nas ruas têm sempre aqueles com medo de uma mulher no volante, mas encaro com tranquilidade. Outros se surpreendem e elogiam meu trabalho e isso é gratificante”, revela a motorista.
Para Telma, no mundo atual falta coragem para as mulheres. Às vezes, muitas gostam e querem trabalhar com isso por ser algo mais tranquilo, porém como muitas profissões que são dominadas por homens o medo as impede de enfrentar. A motorista é um exemplo de realização e inspiração. Mostra que as mulheres são capazes de tudo, basta querer e fazer.
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