Indo na contramão das estatísticas das últimas semanas, o Banco de Leite Humano de Jundiaí, ligado ao Hospital Universitário, vive dias de tranquilidade. Ao contrário do que se observou nos bancos de leite de todo o estado, que amarguraram uma queda de cerca de 60% nas doações desde o início das medidas de afastamento social, em Jundiaí o número de doações só aumentou! ?

Segundo a enfermeira do Banco de Leite Humano de Jundiaí, Sandrelle Morais, a equipe da instituição estava receosa com uma possível diminuição na doação, o que no final, não aconteceu. “Atualmente, temos 20 bebês atendidos, número que muda toda semana praticamente. E, por incrível que pareça, nossa entrada de leite aumentou e estamos conseguindo atender todos os bebês, mesmo neste momento de pandemia”, afirma.

Ainda de acordo com Sandrelle, esse aumento deve-se graças às doadoras que estão se mantendo fiéis, e às orientações, desde o início passadas a elas. “Conversamos e orientamos todas as doadoras. As que já estão doando, estão tirando bastante leite, e ainda tem ligado pra nós outras mulheres para doar, o que faz que a gente consiga suprir essa necessidade.”

Experiência de amor

A relação da bióloga e técnica de laboratório da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Priscila de Oliveira Costa Santos, com a doação de leite se confunde, e muito, com sua própria história com o aleitamento materno.

Priscila doou pela primeira vez seu leite em dezembro de 2018. Ela, que já tinha ouvido falar do Banco de Leite Humano de Jundiaí, nunca tinha cogitado a possibilidade de um dia ser doadora. Ela confessa que, no início, até buscou informações acerca do banco, mas para o caso de algum dia precisar.

“Durante a gravidez eu achava que não produziria leite. Ouvi de várias mães, inclusive da minha, questionamentos sobre o tamanho dos meus seios ou se eu já estava produzindo leite na gestação. Tudo isso foi me deixando bem insegura“, conta a bióloga.

Foi então que ela buscou pesquisar sobre o assunto e chegou à conclusão que o emocional tem grande peso para o sucesso do aleitamento. “Fui tentando desmistificar o senso comum em torno do tema e quando me dei conta, tinha travado uma verdadeira guerra. Guerra contra os palpiteiros de plantão, contra os profissionais de saúde desinformados ou desatualizados, guerra contra a indústria do leite artificial.”

O início foi bem difícil. Meu leite demorou uns dias a descer e minha filha teve que aprender a mamar, assim como muitos bebês. Não é tão instintivo quanto eu achava.

Maternidade real

Em meio às dores e dificuldades do pós-parto, Priscila conta que chegou a esbravejar com uma enfermeira que não queria amamentar, e que seu único desejo era ir embora. “Foi uma gravidez difícil. Não planejada, não desejada. Amamentar naquele momento, na minha cabeça, significava prolongar o sofrimento. Hoje eu entendo que tive depressão pós-parto, e que o amor materno foi fruto de construção e desconstrução constantes”, reflete.

Passados 8 meses do nascimento da pequena Luísa, lá estava Priscila, novamente empregada, tendo de enfrentar outros desafios com a amamentação. “Aos poucos as coisas foram entrando no eixo. Eu consegui estabelecer uma rotina de tirar um pouco de leite durante o expediente pra levar pra babá. Mas começou a sobrar, minha filha começou a rejeitar o leite fora do seio. Foi então que me sugeriram o Banco de Leite.”

Foi assim, de uma maneira natural, que Priscila foi descobrindo as dores e os prazeres da maternidade. E que, sim, poderia também ser uma doadora de leite! ? “Eu me sinto extremamente feliz e às vezes surpresa com a minha própria história. Sei que muitas mães têm dificuldade pra amamentar, sei que falta muita empatia. Tive no meu caminho muitas pessoas que me ajudaram e me sinto grata, me sinto de certa forma devolvendo o bem.” ?

Para doar

Como bem mostrou a história da Priscila, para doar somente são necessárias duas coisas: estar amamentando e ser saudável. As mulheres que se interessarem precisam apenas entrar em contato com o Banco de Leite que a equipe se dirige até a residência, onde são dadas as orientações e o material para a coleta do leite. A partir daí, periodicamente os profissionais do Banco retornam para a retirada do leite da semana.

A enfermeira Sandrelle ainda ressalta que também existem algumas restrições, como histórico de tabagismo e medicação contraindicada, mas que é feita uma avaliação caso a caso. “É importante lembrar que existe o número 0800-178155, direcionado para tirar dúvidas na amamentação e para comunicar o interesse em realizar a doação.”

Ah, e é claro que não podemos esquecer dos bebês que precisam receber o leite, né? Para as mamães que precisam de ajuda e necessitam do atendimento do Banco de Leite, o mesmo número 0800 poderá ajudar, viu? Basta uma ligação que tudo ficará bem. ?❤

Neste Dia Nacional de Doação de Leite Humano, e em todos os outros, queremos agradecer e demonstrar todo o nosso orgulho e alegria de ter tantas mulheres que se importam com outras. Que de uma maneira linda também ajudam a alimentar outras vidas. ? Parabéns, mulheres! Jundiaí tem orgulho de cada uma de vocês. ??

Serviço

Banco de Leite Humano de Jundiaí

  • Endereço: Rua Ragusa, 54 – Jardim Messina
  • Horário de funcionamento: segunda à sexta-feira das 7h às 16h; sábados das 7h às 13h
  • Telefones: 0800-178155 / 4521-7244
  • E-mail: [email protected]
  • Mais informações

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