Se você já ouviu aquela famosa frase: ‘o impossível é só uma questão de opinião’, provavelmente já ficou refletindo sobre a lição que ela quer nos passar. A incrível trajetória de seu Jaime de Lima Silveira é a prova de que esta frase é verdadeira, mas que atingir ‘o impossível’ não é uma tarefa fácil.

A história de superação de Jaime começa muito cedo, quando ainda era criança e fora diagnosticado com uma rara enfermidade, o Glaucoma Congênito. A doença que danifica os nervos ópticos, age de forma violenta e, apesar de possuir tratamento, pode comprometer a visão dos portadores. Mesmo com muitas dificuldades, Jaime era um jovem que buscava levar uma vida comum, frequentou a escola, teve namoradas, se casou, se tornou pai, porém o tratamento constante da doença o acompanhava e várias cirurgias para conter o glaucoma foram realizadas.

Infelizmente, em meados de 1999, seu Jaime perdeu totalmente sua visão, o que o abalou profundamente e como se não fosse o bastante, a notícia veio acompanhada do fim de seu casamento.

“De repente, você fica sem chão”, conta Jaime sobre o momento que passou.

Com 43 anos, sem a visão e um filho de três anos para criar, ele precisou rapidamente se adaptar na nova realidade e encontrar formas para realizar as tarefas domésticas que um pai solteiro tem como responsabilidade. Aos poucos, lavar, passar e cozinhar já não eram tarefas tão complicadas e mesmo que estas atividades fossem a principal razão para que ele se mantivesse forte, faltava para Jaime uma ocupação que lhe trouxesse novos desafios.

Jaime com a serra de mesa que utiliza. Foto: Isabella Assis

Então, ele procurou a Associação de Deficientes Visuais de Fernandópolis (AVDF) e em pouco tempo já estava desenvolvendo projetos para ele e outros amigos que fizera na instituição. A primeira tentativa foi a realização de pinturas de equipamentos de ginástica da associação, mas que segundo Jaime, “não foi uma boa ideia”. A segunda ideia e ainda mais ousada que a primeira, foi a de uma oficina de marcenaria para os deficientes visuais, que apesar de complexa e muito perigosa, acabou dando muito certo.

Utilizando retalhos de madeira que eram descartados por uma empresa de móveis da cidade, os associados ao projeto começaram a desenvolver suas habilidades e em um ano político chegaram a produzir quase 12 mil unidades de abridores de garrafa para serem distribuídos.

Quanto mais trabalhava com a marcenaria, mais se apaixonava pela arte em madeiras e buscava sempre novos projetos. Jaime começou a investir em ferramentas para que pudesse realizá-los.

“No começo, só tínhamos um serrote e uma furadeira, depois comprei uma tico-tico com dinheiro do meu próprio bolso”, lembra o marceneiro.

Buscando se aprimorar, ele decide criar em sua casa um espaço voltado para a marcenaria onde pudesse praticar e ter liberdade para criar móveis e objetos de decoração. A ousada decisão deixou seus pais e amigos bastante preocupados, visto que por mais habilidoso que fosse, o uso constante de serras e outros objetos cortantes apresentassem muito risco ao marceneiro.

“Muitos me desanimaram dizendo que um deficiente visual não poderia ser marceneiro”, conta Jaime.

Porém, nesta época, seu filho João Paulo, com 12 anos, começou a seguir os passos do pai, se encantando pela marcenaria. Seu Jaime ensinou a ele e até a outros amigos do filho as técnicas que aprendeu sozinho, sempre reforçando que o principal perigo da atividade é a autoconfiança e a consequente falta de atenção na utilização dos equipamentos.

Jaime e seu filho com o projeto do quarto de seu neto. Foto: Isabella Assis

Com o passar do tempo, João, que a princípio apenas auxiliava o pai, se tornou Marceneiro profissional e decidiu seguir a carreira que seu Jaime o havia ensinado. Para o orgulho do pai, o jovem possui sua própria marcenaria que leva o nome de seu grande mestre, Jaime Artmóveis. No decorrer de sua caminhada, seu Jaime conheceu Lucimari Balieiro, uma amiga que após nove anos de convivência se tornou sua atual esposa e fiel companheira.

Video: Solutudo

Hoje, o marceneiro que reconquistou sua família e independência, se ocupa apenas com projetos pessoais, como o dos móveis para o quarto de seu neto, mostrado nas imagens, e o vídeo da matéria. Entretanto, ele não consegue ficar longe das madeiras por muito tempo e sempre que possível ajuda o filho com dicas e sugestões para novas produções. Ele também é sempre convidado a palestrar para jovens da região, a fim de contar sua história e inspirar as novas gerações a lutarem por seus sonhos, por mais ‘impossíveis’ que possam parecer.

Seu Jaime é, sem dúvidas, um exemplo de força e perseverança para todos que tem o privilégio de o conhecer.



E você, também se inspirou com a história do Jaime?


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