Sebastião Chaves Bittencourt, proprietário de bar e lanchonete há 32 anos, na rua Amando de Barros em Botucatu/SP. Na parede lateral da entrada de seu bar é possível ver um banner onde está escrito: BAR E LANCHONETE PIRÂMIDES HOMENAGEIA VITAL BRAZIL, QUE AQUI, NESTE LOCAL, DE 1895-1897 MOROU E DESENVOLVEU SUAS PESQUISAS SOBRE O SORO ANTI-OFÍDICO ESPECÍFICO. O banner chama a atenção, mesmo estando meio escondido. Segundo o senhor Sebastião, ele costumava exibir a homenagem em frente do bar, mas preocupado com as pessoas que, ao passar na rua pudessem rasgar o banner, ele o trouxe para dentro do estabelecimento. Após avistar a curiosa homenagem, decidi conversar com o senhor Sebastião, que muito gentil, contou-me com orgulho, o que sabia sobre Dr. Vital Brazil em sua passagem a Botucatu.

Banner homenageia o médico que descobriu o soro antiofídico.

“Ele morou aqui neste local por dois anos.” Neste prédio, onde estamos, mesmo? Perguntei. “Não, neste prédio, não. A casa onde viveu, por dois anos, Vital Brazil foi destruída. Ela existia entre o Hotel Paulista e a Escola Botucatuense, nesta mesma rua.”  Em um dado momento da conversa, Sebastião pede licença para sair e vai ao fundo do bar, logo retorna e traz consigo um rolo de papel fotográfico. “Isto aqui é uma montagem de duas fotos, a primeira foto mais antiga, é deste local em 1912. Foi nesta casa que viveu Dr. Vital Brazil.”

Sebastião mantém o banner homenageando o famoso médico, sanitarista brasileiro desde 2010 em seu bar, localizado na rua Amando de Barros S/N, ao lado da loja da Cacau Show.

Sebastião exibe foto do passado (1912) e da atualidade da Rua Amando de Barros. À esquerda casa onde morou Dr. Vital Brazil, por dois anos, 1895-1897

Dr. Vital Brazil Mineiro de Campanha

Médico, sanitarista, se tornou reconhecido, até mesmo internacionalmente, pela sua descoberta do soro antiofídico. O soro em questão é usado como antídoto contra picadas de cobras, escorpiões e serpentes, foi descoberto em 1896 por Vital, de visita a Botucatu. Em uma época que as pessoas morriam pelo surto de malária e a picada de serpentes era letal. O médico, ao perceber a importante função do soro, decide sair de São Paulo e viajar pelo interior, onde havia maior concentração de moradores rurais, com a intenção de orientar as pessoas e, consequentemente, salvar vidas. Segundo as palavras de seu 17º filho Lael Vital Brazil, em seu artigo científico Sobre a Defesa Contra o Ophidismo, seu pai tinha uma visão ampla do problema de saúde pública que enfrentava o país. Dr. Vital providenciou entre outras coisas:

– A produção em larga escala do laço de Lutz, ferramenta para capturar serpentes, com o fim de distribuí-lo pelo interior;

– A realização de convênios, entre as diversas empresas de Estrada de Ferro e o Instituto Butantan, para o transporte gratuito desse material;

– A implantação de um sistema de trocas com os fazendeiros, que previa a permuta das serpentes capturadas recebidas no Instituto Butantan com tubos de soro, seringas e agulhas enviados ao remetente.

Dr. Vital Brazil, ainda, com sua equipe técnica, deu palestras aos médicos, administradores, professores, funcionários municipais e população em geral. Com o objetivo de divulgar e prestar esclarecimentos sobre o novo tratamento.

Referências

Instituto Vital Brazil; Instituto Butantan; Fundação Butantan; Casa de Vital Brazil. A defesa contra o ophidismo: 100 anos depois. Niterói-Rio de Janeiro, 2011.

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