E de novo já é quinta, como de costume por aqui, o poeta Alessio Di Pascucci nos presenteia com uma poesia e há sempre uma foto de algum fotógrafo da cidade ilustrando.
“Sou antigo…
Ainda tenho diário para escrever
sobre as coisas que não tenho certezas em mim.
Antes de dormir, ainda uso a consciência
pra medir as palavras e ações escritas no dia.
Sou antigo…
Ainda tenho no coração uma caixinha delicada
pra guardar os afetos que dei e os que me foram dados.
Guardo-os com cuidado em gestos gratos.
Embrulho-os em papel celofane colorido
para proteger do esquecimento os importantes afetos vividos.
Sou antigo…
Ofereço meu tempo para o tempo do outro e do mundo.
Aprendi que doar tempo é ganhar a eternidade no instante.
Por isso, ainda acredito em amizade, em amor
e principalmente na importância da memória
das amizades e dos amores que vivi.
(Sem memórias, eu não seria esse Eu, que agora,
escreve as palavras que estão presentes aqui.)
Sou antigo…
Sou tão antigo, que ainda consigo sentir gratidão
e dizer obrigado às pessoas que me ajudaram a crescer.
Sou antigo…
Ainda acredito que a vida é o crescimento do Ser,
no desafio constante de vencer os medos de amar.
Sou antigo…
Não acredito nesse mundo que passa tão veloz
e determina que tudo é passageiro,
inclusive os afetos e as pessoas que passam por nós.
Sou antigo…
Não acredito nesse tempo que passa tão rápido
tentando roubar a ternura de um olhar sincero.
Sou antigo…
Ainda acredito que o tempo pode passar
no ritmo do vai e vem das cadeiras de balanço.
Um tempo de silêncio, contemplação e calma .
Sou antigo…
Ainda acredito no tempo do encantamento.
Ainda acredito no encanto de toda forma de amor.
Sou antigo…
Ainda acredito.”
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