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A história do Museu de Paleontologia de Marília confunde-se com a do historiador, jornalista e paleontólogo, William Roberto Nava. Em 1993, William fez uma descoberta que mudou os rumos da cidade: foi o primeiro mariliense a descobrir vestígios de dinossauros na região.

Suas descobertas motivaram a busca por um lugar que possibilitasse o compartilhamento desse conhecimento com o público. Com 17 anos de atividade, o Museu guarda um material importantíssimo para a ciência brasileira e mundial. Os fósseis descobertos há 30 anos atraíram pesquisadores de diferentes localidades.

Esse processo ajudou a construir em Marília um polo de estudo e referência no assunto.

De curiosidade à profissão

A Paleontologia surgiu quase que por acaso na vida de Nava. Desde pequeno, lia e se encantava com narrativas sobre esses gigantes que povoaram a Terra tantos anos atrás, sem saber que a cidade já havia sido abrigo para eles.

A curiosidade o fez se aprofundar no assunto. Descobriu que o solo mariliense era propício para armazenar possíveis fósseis, por conta dos processos de erosão que deram origem aos vales, conhecidos popularmente como “buracões”.

Aos 15 anos, passou a percorrer os arredores de Marília de bicicleta, em uma tentativa de encontrar rochas que pudessem conter fósseis de animais pré históricos.

“Em abril de 1993, topei com um fóssil que estava incrustado em uma rocha, no leito de uma estrada ao Norte de Marília. Naquele momento em que vi aquele material, já tive certeza de que era um fóssil, com o conhecimento que eu havia adquirido de leituras.

Em 1993, William coletou os primeiros fósseis de dinossauros da história de Marília na beira de uma estrada. (Foto: Arquivo pessoal)

Coletou alguns fragmentos, fotografou-os, e mandou o material para instituições especializadas em paleontologia, o Instituto Geológico em São Paulo e o Museu de Paleontologia de Monte Alto. O resultado foi o esperado: os pesquisadores confirmaram que, de fato, as amostras recolhidas eram ossos de dinossauros.

“O pessoal de Monte Alto me sugeriu que eu tentasse tirar o fóssil da rocha, mas eu nunca tinha feito isso antes, não sabia como escavar. Então eles vieram até Marília e concluíram a retirada do osso. Foi aí que eu aprendi como funcionava a escavação de um fóssil. Esse achado ganhou bastante repercussão e abriu uma outra oportunidade na minha vida: ser paleontólogo. “

Desde então, se debruçou sobre a atividade, continuou em busca de fragmentos do passado, pedaços que nos contam um pouco da presença de criaturas que habitaram esse espaço há, pelo menos, 70 milhões de anos.

“Até hoje eu alimento essa curiosidade, vou até brincar: não largo o osso. Eu me encontrei como ser humano fazendo escavação, descobrindo esses fósseis.”

As descobertas

O primeiro fóssil encontrado por Nava foi o fragmento de escápula de um Titanossauro, répteis herbívoros que habitaram várias regiões pelo mundo afora durante o período Cretáceo. A espécie é parente dos famosos Braquiossauros, que viveram na América do Norte.

“Quando nós divulgamos esse material em 1993, foi uma feliz coincidência, porque foi o ano em que lançou, no Brasil, o primeiro filme do Jurassic Park.”

A partir dessa primeira escavação, o paleontólogo deu continuidade ao trabalho e outras raras descobertas foram surgindo: fósseis de dinossauros, crocodilos e até pequenas aves que coabitaram em uma mesma época.

Em 2009, ao norte de Marília, Nava se deparou com fósseis de um dinossauro incrustado em um barranco às margens de uma rodovia. Após as primeiras escavações, fez contato com a Universidade de Brasília – UNB e, juntos, começaram a escavar em meados de 2011.

Cerca de 70% do esqueleto de um Titanossauro conseguiu ser retirado, sendo considerado um dos mais completos dessa espécie já revelado no Brasil.

Local onde foi encontrado o Dino Titã, o mais completo esqueleto de Titanossauro encontrado no Brasil.

Com aproximadamente 15 metros de comprimento e três de altura, a descoberta recebeu o apelido de Dino Titã de Marília. A descoberta chamou a atenção da Rede Globo que, então, produziu a novela “Morde e Assopra”, em 2011, onde mencionada a cidade e os dinossauros encontrados.

Outras conquistas paleontológicas realizadas por Nava são reconhecidas como inéditas, como o pequeno crocodilo Mariliasuchus Amarali e seus ovos fossilizados intactos.

“Como eram crocodilos pequenos, e eles tinham o hábito de escavar tocas embaixo da terra, era mais fácil ficarem preservados. Além disso, foram encontrados ovos fossilizados, foi o primeiro registro no Brasil de ovo fóssil de crocodilo. Essa amostra foi emprestada para a exposição Dinos na Oca.”

O Museu

Os primeiros fósseis da região foram acomodados em caixas de papelão e mantidos na casa do paleontólogo. A crescente curiosidade da população e a vontade de ver de perto fragmentos de dinossauros, levou à necessidade de um lugar próprio para sua a exposição.

“As pessoas queriam conhecer, visitar esses fósseis, e iam até a minha casa, era o que havia naquela época. Até que em 2002, sugerimos a criação de um Museu de Paleontologia.”

O Museu foi inaugurado em novembro de 2004 e passou a receber escolas e o público em geral. Em quase 15 anos de funcionamento, o espaço já foi visitado por mais de 2 mil cidades brasileiras e 80 países.

A visibilidade possibilitou que a exposição crescesse e que mais fósseis fossem encaminhados à mostra.

O acervo pode ser conhecido gratuitamente, a experiência também permite que as pessoas toquem nos fósseis, uma oportunidade rara de sentir texturas e estar mais próximo às descobertas feitas ao redor.

Para a ciência, os fósseis contribuem para o entendimento do homem moderno e do nosso planeta no passado.

Para o paleontólogo, “É a realização de um sonho ter a oportunidade de fazer essas descobertas, tão importantes para a ciência. É uma sensação incrível apresentar para o público esses resultados, mostrando que o passado é super importante para entendermos o presente e o futuro”.

O paleontólogo William Nava ao lado de sua primeira descoberta. (Foto: Thábata Camargo)

Serviço

Atualmente, o Museu de Paleontologia de Marília passa por reformas em sua estrutura, mas você pode encontrar informações sobre ele através de sua página no Facebook.

Endereço: Avenida Sampaio Vidal, s/n

Telefone: (14) 98122-1278


Mais detalhes que encantam na Solutudo 🙂


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