A imigração japonesa começou no Brasil a partir do século XX, atualmente, estima-se que existam mais de dois milhões de nipo-brasileiros (mestiços), essa é a maior população de descendentes fora do Japão, segundo o site do governo de São Paulo.

Chegou a hora de conhecer a história de algumas famílias japonesas que residem em Presidente Prudente e saíram do seu país de origem anos atrás para tentar uma nova vida aqui no Brasil.

Nakatu

Os bisavós do jornalista Rubens Nakatu Júnior, vieram em meados de 1910 para o Brasil, procurando melhores condições de vida e financeiras. Trabalharam no campo e tiveram mais dois filhos e, assim, a família foi se expandindo.

Filho de pai japonês e mãe italiana e espanhola, a união do casal foi difícil devido à inimizade entre as origens de seus antecedentes.

“Meus pais se conheceram na adolescência, namoraram e se casaram jovens. Eles eram vizinhos, e apesar do meu avô materno ser contra a união deles, por ter lutado na guerra contra os países do eixo, que compreendia o Japão, minha mãe engravidou, e eles definitivamente ficaram juntos”, comenta.

Rubens tem grande admiração pela cultura asiática, e conseguiu preservar suas raízes mesmo pós-guerra, além de aprimorar a culinária japonesa com o passar dos anos. Apesar de ainda possuir parentes no Japão, não pensa em se mudar para o país, pois já criou afeto por Presidente Prudente.

“Foi aqui onde construí, praticamente, os melhores anos da minha carreira. Considero hoje a cidade do meu coração”, conta.

Ono

Os ancestrais do estudante Guilherme Kenji Ono desembarcaram no Brasil em 1908, com a chegada do navio Kasato Maru, que trazia tripulantes a fim de aliviar a tensão social do Japão na época. Seus bisavós cuidaram de uma fazenda no interior e, a partir disso, deram origem a parte nipo-brasileira da família.

“Meus avós vieram para Presidente Prudente por conta de ser interior e as coisas estarem mais baratas, como as propriedades de terras, então podiam continuar exercendo a agricultura aqui, já que era um período de expansão dessa prática no Brasil”, diz.

Um amante das artes marciais, o prudentino já praticou karatê e taiko, e garante que está nos seus planos um dia conhecer o Japão.

“Faz parte da minha história e quero poder ver pessoalmente um pouco mais da cultura. A disciplina e os contos do povo japonês são o que eu mais admiro. Quando eu fazia taiko, nos campeonatos era possível sentir as musicas temáticas com a alma”, ressalta.

Shimizu

Em 1925, Ichihei Shimizu, bisavô do professor Wesley Shimizu Vieira do Nascimento, chegava ao porto de Santos, juntamente com sua família. Em solo brasileiro, trabalharam em lavouras de café até se estabilizarem.

“Com o passar dos anos, os filhos foram se casando e, no auge da economia japonesa em meados de 1990, alguns de meus tios resolveram fazer o caminho inverso de meus antepassados, tentando dessa vez a sorte em terras japonesas como Dekaseguis (imigrantes)”, relata.

Wesley já foi a passeio até o outro lado do mundo visitar sua mãe, em 2003. Atualmente, reside em Presidente Prudente desde 2014, onde se graduou em História em uma das universidades da cidade.  

“Mudei-me para cá por causa dos estudos, hoje, eu sou formado e dou aulas na área. Quanto ao Japão, o que mais me inspira é a cultura, alimentação e as histórias contadas por minha batchan (avó)”, completa.

Lee

A prudentina Fernanda Lee é proprietária do restaurante de culinária japonesa Ariga Food e filha da sócia do restaurante Dachô.

Incentivada pela cultura oriental de seu avô, Lee Chang Chiu, que cuidou por 25 anos do restaurante Shikai e, ficou muito conhecido na cidade. A empresária largou a faculdade e, junto ao irmão, deu início a sua própria rede de food truck.

“Minha mãe tinha uma pequena loja de produtos orientais na garagem da casa da minha avó. Meu irmão e eu crescemos trabalhando dentro dos restaurantes dela e ajudando sempre quando podíamos. Até que ficamos maiores de idade e decidimos criar nossa marca!”, ressalta.

A ideia do estabelecimento era ter uma gastronomia japonesa e contemporânea. As coisas foram dando certo, e, hoje, a marca está em processo de expansão.

Em junho do ano passado, Fernanda esteve no Japão por 20 dias, conhecendo sete estados e 11 cidades, a fim de buscar a cultura japonesa e trazê-la para os restaurantes.

“Fui conhecer um pouco mais da culinária, pois muitos diziam que havia bastante diferença entre a comida do Brasil e Japão. Conferi e trouxe novidades para cá, o mais legal é sempre buscar aprimorar tudo que já sabemos”, finaliza.

Praça das Cerejeiras

Prudente também conta com a Praça das Cerejeiras, que é um dos principais patrimônios arquitetônicos da cidade. Foi revitalizada em 2018, para comemorar os 110 anos da imigração japonesa no Brasil.

O local foi construído para homenagear os descendentes de japoneses que contribuíram com o desenvolvimento da região. A praça abriga importantes símbolos orientais e possui esse nome pela flor de cerejeira ser uma planta característica do Japão.

Sayōnara!


Gostou desse conteúdo? Deixe seu comentário no campo abaixo! E se você conhece alguma história bacana da sua cidade e quer que ela seja contada aqui, entre em contato pelo e-mail: [email protected]

Avalie este conteúdo

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, deixe o seu comentário
Por favor insira o seu nome aqui