O anúncio da chegada do circo Panamericano

Em tempos em que o cotidiano pacato de Lins era ainda mais acentuado, e que a quantidade de atrativos era menor, ouvir dizer que a cidade receberia um circo de grande porte era uma notícia animadora.

Dá pra imaginar a mente da garotada acelerada pela chegada dos espetáculos.

O circo na cidade

Era a primeira semana de outubro de 1967. O Clube atlético linense enfrentaria a Ferroviária e o Cine São Sebastião convidava para o filme “O dólar durado”.

Estreava o tão aguardado circo na cidade. Instalado no mesmo local que até hoje é próprio para tal, a população aguardava dar muitas risadas com os 10 palhaços, 25 artistas internacionais e os animais adestrados. O que mais se deseja para ter uma experiência incrível!

A fuga dos leões adestrados

Os risos e os interesses pelos espetáculos de repente derretem em um só instante. O auge dos espetáculos se transforma em intensa correria. Por que? Uma das grades em que estavam 3 leões caiu dando liberdade aos felinos. Um leão e duas leoas. Acostumados com grades, tê-las soltas não era um bom negócio. Gritos e correria. Cada um se escondia como podia, outros corriam pelas cidades e ainda nas casas de desconhecidos vizinhos.

A matéria do Jornal Gazeta de Lins do dia 5 de outubro de 1967 relata crianças machucadas pelos choques com as cadeiras. Não demorava muito para as emissoras de rádio anunciarem o acontecido.

O detalhado relato descrito na edição do Jornal Gazeta dá-nos uma boa dimensão de como tudo aconteceu.

A edição do “Estadão” do dia 05 de outubro de 1967 publica assim:

Apesar dos ferimentos, inclusive de pessoas cuja roupas foram rasgadas pelo ataque do leão, felizmente não houve vítima fatal e as autoridades policiais e de segurança foram eficientes.

O Jornal Correio de Lins publicou assim:

Um relato de quem viu tudo de perto

Radialista Walter Quintella estava presente na ocasião

Walter Quintella, expoente radialista em Lins, tinha cinco anos quando tudo aconteceu e estava assistindo os espetáculos. Veja em suas próprias palavras o relato:

1967. Eu estava lá, no alto dos meus quase cinco anos, que completaria no dia 13 daquele mês (outubro), junto com minhas cinco irmãs mais velhas. Estávamos no alto da arquibancada, onde permanecemos, quando as feras escaparam. Só que, de repente, sentimos a falta da Márcia, que tinha nove anos. Começamos a chorar, imaginando que ela havia sido devorada pelo leão! Depois de uns minutos, minha mãe, grávida de sete meses, que não tinha ido ao espetáculo, chega correndo para nos buscar. Foi então que ficamos sabendo da Márcia: assim que o leão escapou, ela pulou do picadeiro e subiu a Avenida da Saudade mais rápido que o “Bolt”. Nem eu, nem minhas irmãs e muito menos os leões conseguimos ver sua façanha…

Achamos incrível este relato! Você estava lá? Que tal contar pra todos nós como você participou deste dia?

O leão do horto de Lins

Agora, um momento de puro saudosismo. O que muita gente não sabe é que Lins já teve um zoológico. E não era qualquer coisa. Diversos animais, inclusive de grande porte eram cuidados no espaço. Até hoje funciona o Horto Municipal a Av. Arquiteto Luiz Saia.

Este e um convite para um passeio tendo o leão como uma das principais atrações

Os que tiveram o privilégio de morarem nos bairros próximos podiam todos os dias ouvir o rugido do leão. Sim! Não escrevemos errado. O rugido era ouvido em diversos bairros da cidade. Potente, grave e inconfundível!  

O Zoológico deixou de existir e o leão precisou ser transferido para cuidados no zoológico de Bauru. Hoje já não vive mais.

O vídeo abaixo são do cinegrafista Silvio Abreu e dão uma noção real de como era o espaço e do leão do zoológico.


Que relatos surpreendentes! Que bom ter aqui a oportunidade de ler os comentários dos que presenciaram estes fatos. Estamos ansiosos para ler o seu comentário.

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