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Existem episódios em nossas vidas que deixam marcas profundas em nós. Constantemente, a lembrança desses ocorridos retornam à nossa mente, nos levando a reviver o que aconteceu.

Um episódio que mudou a minha vida – e digo isso com muita convicção – aconteceu quando estava dirigindo o carro do meu pai pela Avenida 9 de Julho. Não me lembro muito bem do dia que foi, nem da hora exata, apenas me recordo que estava anoitecendo, e no banco do passageiro se encontrava minha amada namorada

av. 9 de julho - um dos símbolos (e contrastes) da riqueza de jundiaí
“Não me lembro muito bem do dia que foi, nem da hora exata, apenas me recordo que estava anoitecendo…” (Foto: PMJ/ Reprodução)

Estávamos papeando sobre alguma coisa – que também não me lembro – quando, na rotatória da Fonte, em frente ao shopping, o semáforo se fechou. 

Parei o carro, e olhando pela janela, vi uma mulher se aproximar. Para quem já passou por lá, aquele normalmente é o ponto onde artistas de rua apresentam seus números na esperança de ganharem alguns trocados. Essa mulher ao contrário, não possuía nenhum tipo de malabares nas mãos, não trazia consigo um diabolô, nem ao menos um violãozinho para cantar. Era ela, e apenas ela.

objeto comum para artistas de rua, que também têm como riqueza 2 reais
“Essa mulher ao contrário, não possuía nenhum tipo de malabares nas mãos, não trazia consigo um diabolô, nem ao menos um violãozinho para cantar. Era ela, e apenas ela.” (Foto: Blogger/ Reprodução)

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Seus cabelos estavam armados, contidos por um lacinho mal preso, mas que não nos fazia ter receios de uma possível insanidade da parte dela. Só estava um pouco desarrumada. 

Pelo andar vacilante, ela deveria estar na rua pedindo dinheiro o dia todo, debaixo de um sol escaldante, passando fome e sede

Nunca fui de dar dinheiro para essa gente. Sempre, SEMPRE respondia a mesma frase para todos aqueles que estendiam a mão pedindo esmola: “Não tenho nada amigo, desculpe.” Mas desde que comecei a namorar, passei a ser mais caridoso.  

Minha namorada sempre, SEMPRE oferece alguns trocados a qualquer um que peça a ela.

Acabei pegando o hábito vendo o exemplo dela, e sem pensar muito e antecipando o provável pedido, tirei do bolso uma nota de 2 reais.

Ela veio, e com uma voz rouca me disse: “Você teria 10 centavos para me ajudar?”. 

2 reais para o casal foi sinônimo de riqueza
“Você teria 10 centavos para me ajudar?” (Foto: Jornal Folha Litoral/ Reprodução)

Estendi então meu braço para fora da janela do carro dando os 2 reais quando, para meu espanto, a mulher se indignou

“Ah não! Por quê moço? Tudo isso? Eu só pedi 10 centavos…”, ao que eu respondi: “Mas eu quero te dar 2 reais.” 

Constrangida, a mulher me agradeceu: “Deus te abençoe! Deus te abençoe!“. 

O sinal abriu e segui meu caminho. Contornando a rotatória, vi aos pés da fonte um homem acenando para mim. Era o companheiro da mulher, que de longe me agradecia.

Como pode 2 reais ser motivo de felicidade? Como pode apenas 2 reais valerem tanto? 

Para nós, a felicidade talvez custe muito mais, mas para aquela mulher e o seu companheiro, 2 reais valeram muito… 2 reais foi sinônimo de riqueza.


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1 COMENTÁRIO

  1. Que lindo gesto!!!adorei a matéria..nos faz refletir ! Com pouco com certeza conseguimos ajudar muitas pessoas ao nosso redor

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