Quem passa pela rua Amando de Barros hoje, não imagina como ela já foi um dia. Atualmente, remodelada, ela consagra Botucatu como a principal rua do comércio, com centenas de lojas. Tudo muito diferente do que foi antigamente, a começar pela mão de direção dos veículos. Sim, porque houve um tempo que a Amando de Barros tinha mão de direção subindo também. O trânsito era feito no sentido contrário ao que é hoje. E, espantem-se: o principal corredor comercial de hoje, tinha duas mãos de direção para veículos: uma subindo e a outra descendo. A rua Amando de Barros foi assim até os meados dos anos 1950.

Ponto de ônibus para Pardinho e lataria de gasolina ao lado do Magazine Luiza

Mas, porque a Amando de Barros recebia veículos nos dois sentidos? Poucos se lembram, mas a Rua Amando de Barros foi o leito da Rodovia Marechal Rondon, a rodovia que liga São Paulo ao Mato Grosso.

Essa antiga rodovia, que hoje está inteiramente duplicada até os limites do Estado de São Paulo, aberta lentamente sobre caminhos antigos, passava pelo meio das cidades, algumas pequenas, outras medias, que se fortaleceram ao longo de seu leito.

Rua Amando com mão de direção subindo

 Nasceram aí, pela força do movimento e necessidades dos viajantes, os restaurantes e hotéis, que serviam de parada nos intervalos das viagens. Na Amando, Botucatu, foi assim: tivemos desde sempre, hotéis como o Areias (depois Paulista e depois Botucatu), o Hotel Coelho (atual Columbia), o Hotel Peabiru (hoje um edifício de apartamentos), o Santo Antonio (que existe até hoje). E ali, também, se formaram os únicos restaurantes da época (até meados dos anos 50/60): Novo Bar, Bar Colosso, Bar Bandeirantes, e muitos outros. Todos na Rua Amando ou nas imediações. Porém, sempre procurando o mesmo público: famílias em viagem ou viajantes que eram “pracistas” trabalhando para várias empresas da capital e visitando os comerciantes de todos os ramos de negócios: calçados, chapéus, tecidos, alfaiatarias e outros.

 E como era uma rodovia, também nos dois sentidos, existiram postos de combustível, ainda vendendo gasolina aos galões de 200 litros e desdobrando cada galão através de uma bomba movimentada por uma manivela.

Casa na Rua Amando, início século XX
Rua Amando esquina com Siqueira Campos (Rua Amando já se chamou Rua Riachuelo)

 Tomando o rumo norte, a estrada passava pela Avenida Floriano (onde até os anos 1970 existiu uma bomba bem defronte e na calçada do Poupatempo). Dali, os viajantes ingressavam na Major Matheus, onde também prosperou o intenso comércio. Era a estrada, que seguia para tomar o rumo de São Manuel. Dois postos de abastecimento sempre funcionaram, por essa época.

Essa realidade mudou nos meados aos anos 1950, quando o asfaltamento chegou em Botucatu e o governo do Estado resolveu construir outra estrada, passando por fora da cidade. Foi o começo do fim daqueles negócios que eram prósperos na Amando de Barros. Mas essa é uma outra história…

*Essa matéria foi realizada com a colaboração do ilustre historiador João Figueiroa.


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