Perseguir um sonho nem sempre é uma tarefa fácil. Demanda esforço. Precisa de tempo. Às vezes muito esforço. Muitas delas, muito tempo. Mas o importante é seguir a meta e não desistir.

Podem haver vezes, inclusive, em que te dirão que nada dará certo. Que você não atingirá seus objetivos. Mas o caminho é longo e não se deve perder tempo ouvindo algo que não te ajuda em nada.

Parece uma conversinha motivadora qualquer? Pois não é. Thiers passou exatamente por essas situações para ver seu sonho de adolescente realizado. A Manulipe, loja onde fabrica e vende bolsas, existe graças a esse sonho.

Sua vida na costura começou aos 16 anos. Uma fábrica da cidade precisava de alguém para cortar tecido para as bolsas que confeccionavam e limpar toda a loja durante oito dias. Escondido de sua patroa, aprendia a costurar e, com a máquina emprestada da mãe, treinava sempre que podia.

E assim, Thiers aprendeu a costurar. A partir daí, começou a exercer outra função na empresa, como costureiro. E o que era pra durar pouco mais de uma semana acabou prolongando por seis anos.

Trabalhou um bom tempo com a máquina da mãe, até conseguir comprar sua própria. O dinheiro para fazer esse investimento veio através da venda de tapetes.

A primeira máquina que Thiers conseguiu comprar com seu próprio dinheiro foi graças à venda de tapetes que costurava com a máquina de sua mãe (Foto: Acervo Pessoal)

Voltando a fazer o que gosta

Por mais que houvesse uma grande identificação com a costura, Thiers precisou se afastar dela. Passou por outros cinco empregos, até uma fase de sua vida em que começou a trabalhar com a venda de verduras, dirigindo um caminhão pelas ruas de Tarumã. Lá, ficou por cinco anos.

Foi nessa época que sua esposa descobriu que estava grávida do seu segundo filho. A família não estava bem de dinheiro e precisavam comprar as coisas para o nascimento do bebê. A bolsa de maternidade custava quase 200 reais e não sabiam como pagar tudo que precisava ser comprado.

Foi assim que a vida de Thiers voltou para a costura. Comprou os materiais que iriam precisar e costurou a bolsa. Para aproveitar o esforço e a economia que estava fazendo, decidiu costurar uma outra bolsa. Esta última, para seu filho mais velho levar seus materiais para a escola.

As bolsas foram um sucesso! Logo outros pais apareceram para encomendar seus exemplares. Sugeriram que ele criasse redes sociais para divulgar os produtos. E, em uma grande sacada, começaram a marcar nas publicações os compradores das bolsas e aumentaram a divulgação.

Também nesse momento outras dicas começaram a aparecer. Sugeriram que bordassem os nomes das crianças nas bolsas. Thiers Costurava, mas não bordava. Teve que procurar então alguém que o fizesse, afinal, não queria deixar de atender seus clientes.

De bico a um próspero negócio

Mas costura não era seu principal trabalho, Thiers continuava a dirigir o caminhão de verduras. Não queria apostar em um negócio ainda incerto. No entanto, estabeleceu uma meta: “quando o bico for maior que o que meu salário, eu deixo meu serviço”.

Quando estavam próximos a atingir esse objetivo, o destino os colocou em um caminho um tanto difícil. O costureiro sofreu um acidente de moto. Na queda, perdeu parte da pele de suas mãos e teve parte do corpo ralado. E, com as mãos machucadas, não podia costurar.

Como era o único que sabia fazer as bolsas, os negócios ficaram parados pelos 40 dias em que não pode mexer na máquina. Começaram a ver, assim, os clientes que juntaram pelos últimos sete meses indo embora.

Como se as coisas já não estivessem difíceis, Thiers foi demitido da empresa em que trabalhava, naquele mesmo período.

O momento que passavam era muito complicado. Mas uma das maiores qualidades de um bom empresário é reconhecer o momento de dar o próximo passo. O momento de se arriscar.

“Essa é a minha hora!”

Como já trabalhava há 5 anos na empresa, tinha sua rescisão para receber, além do auxílio desemprego. Era a hora de apostar e investir o dinheiro que receberia nos próximos meses.

Resistia muito a alugar um espaço para que seu negócio pudesse funcionar. Imaginava que seria muito caro e não conseguiriam arcar naquele momento. Até que achou um espaço que cabia em seu orçamento e era bem localizado.

O investimento trouxe resultados. Em três meses, a loja de bolsas vendeu três vezes mais do que quando estavam na garagem de sua casa! O espaço, inclusive, começava a ficar apertado para a quantidade de clientes que atendiam.

Com o aumento do espaço interno de sua loja, uma gama muito superior de produtos pôde ser exposto (Foto: Acervo Pessoal)

Como as coisas estavam indo muito bem, tiveram que procurar um novo endereço para a loja. Ali, puderam Instalar mais duas máquinas: uma de costura e uma de bordado. Assim, com o ganho de espaço, mais produtos puderam ficar expostos, com uma maior variedade de estampas e cores que chamassem a atenção.

Por conta do aumento da demanda, sua esposa deixou o emprego em um supermercado para ajudar no negócio da família.

“Ela tem uma participação muito especial no desenvolvimento porque ela acreditou em mim. Ela depositou confiança e isso me deixou forte”, conta Thiers.

Thiers e sua esposa, depois de muito tempo, conseguiram abandonar seus antigos trabalhos para investir seu tempo em um negócio que pertence à família (Foto: Acervo Pessoal)

Como haviam acabado de abrir as portas, muitos comerciantes antigos da cidade não botavam fé na loja. “Tarumã registrava cerca de 30 nascimentos por mês. Vendendo as bolsas a cem reais eu conseguiria no máximo três mil reais. A gente contrariou a matemática”, afirma.

Contrariando expectativas

“Em seis meses vão fechar as portas”, diziam pelas ruas da pequena cidade. Mas o empresário não deixou de trabalhar nem um dia para ouvir o que diziam. E continuou colhendo os resultados de seus investimentos e fazendo o que gostava.

“É meu sonho! Eu nasci para fazer bolsas. Nasci para costurar”. E, assim, indo atrás de seus sonhos, bolsa após bolsa, costura após costura, venda após venda, a loja caminha rumo ao sucesso.

O antigo nome, “Atêlie das bolsas”, já não servia mais. Trocaram para um outro que haviam guardado por um ano e meio: Manulipe.

O investimento de tempo e dinheiro que a família fez têm trazido um grande retorno. A última meta que alcançaram foi uma nova loja com uma fachada que carrega o novo nome do empreendimento: Manulipe (Foto: Acervo Pessoal)

A mudança, mesmo com pouco dinheiro para investir, deu muito certo. O novo objetivo da família passou a ser a construção de uma fábrica de bolsas em cinco anos.

O caminho pode não ser fácil, nem curto. Mas se espelhando no rápido crescimento que tiveram até agora, a esperança anda em alta. Como sempre deve estar.


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