A professora Sonia Nishihara de 61 anos, tem 33 anos de atuação na educação. Ela trabalhou em diversas escolas em Avaré, também foi coordenadora e vice-diretora. Deu aula para cerca de três mil alunos na Educação Infantil, Ensino fundamental e para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Dona Sonia dava aula de todas as matérias para alunos pequeninhos e adultos, era necessário saber um pouco de tudo. No começo da carreira, ela lecionou por anos na zona rural no Ensino Fundamental e enfrentou muitas dificuldades. Uma delas era a divisão de salas que não existia na época.

“Você dava aula para quatro séries dentro de uma sala, tinha que dividir a lousa em três partes, trabalhar mais com livros em uma série e ficar atento aos que ainda não eram alfabetizados. Conciliava tudo isso. Tinha que virar uma minhoca dentro da sala, conta dona Sonia.

Foto: Solutudo Avaré

A professora atuou no EJA durante nove anos, lugar em que ela mais se emocionou com tantas histórias. Eram alunos a partir de 14 anos até idosos que, por diversos motivos, não puderam concluir os estudos. A maioria de seus alunos eram idosos, com sonhos parecidos relacionados a leitura: “No EJA, o aluno tem bastante dificuldade para aprender, mas ele vai muito focado para aprender e, na maioria dos casos, o objetivo era conseguir ler a Bíblia. Então, a alfabetização podia começar com os nomes dos apóstolos”, relembra a professora.

A relação com os alunos era muito próxima, a professora tinha que avisá-los quando iria faltar para eles não ficarem chateados. Dona Sonia cultivava um relacionamento de muito carinho com eles, sempre estimulando-os e levando mimos diariamente (pipoca, bolo, lembrancinhas em datas comemorativas e muito amor). Ela conta as principais diferenças em ter dado aula para idades diferentes.

“No EJA, você se apega muito com os alunos, a vivência deles é maravilhosa. Na Educação Infantil, são os bebês que você têm, a primeira professora marca para o resto da vida”, comenta Sonia.

Arquivo pessoal – Sonia Nishihara

Histórias marcantes

Dona Margarida (uma senhora de 70 anos) era uma aluna muito querida por dona Sonia, era muito bela, cheirosa e amava cremes. Tinha muita personalidade e amava conversar. Dona Sonia relembra que tinha dias que ela ia para a escola apenas para conversar com a professora que ela tanto gostava.

Nas datas comemorativas em que a dona Sonia fazia lembrancinhas para os alunos, ela já sabia que para a dona Margarida teria que ter um creme. Ela se recorda que tinha que pensar no aroma do creme presenteado, afinal, a dona Margarida iria passar dentro da sala de aula. “Uma de suas maiores alegrias foi escrever o seu próprio nome e ler o nome do ônibus do seu bairro, para não pegar mais o ônibus errado” conta a professora.

Edimilson foi outro aluno marcante, era deficiente auditivo e foi um desafio para dona Sonia. Através dele buscou aprender a língua de sinais. O aluno conversava em casa por uma comunicação alternativa. Com o auxílio da coordenadora da Educação Especial da época, Maria José, dona Sonia e Edimilson aprenderam a se comunicar por Libras, bem como os colegas de turma para a socialização do Edimilson. Infelizmente, após um acidente no trabalho, o aluno descobriu um câncer terminal e faleceu em poucos meses.

Educação baseada na realidade dos alunos

Dona Sonia utilizava do dia a dia dos alunos para ensiná-los, pensando em tal forma de aprendizado ela resolveu criar o “Projeto de Profissões”. Cada aluno do EJA contava sobre o que fazia em sua profissão e baseado no que eles contavam em sala, ela organizava as aulas da semana, interligando com o trabalho dos alunos fora da escola.

O estilo de aula deu muito certo, a professora conta que aprendeu muito com cada história ouvida e pôde valorizar o trabalho de cada aluno. “Eles tinham vergonha de não terem tido tempo para tomar banho para ir à aula”, relembra dona Sonia.


A história da dona Sonia é de pura inspiração e perseverança na educação brasileira, um exemplo!

E você, já foi aluno dela? Conta para nós nos comentários!


Se você tiver alguma história bacana como essa, manda para a gente pelo e-mail: [email protected]


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5 COMENTÁRIOS

  1. Já fui aluna dela no Pré, na escola Flávio Nascimento, em 2006 se não me engano.
    Única professora dessa época que tenho lembranças.
    Ótima professora, sempre atenciosa e amorosa com os alunos.
    Lembro dela com muito carinho. Anéis me fazem lembrar que ela sempre gostava de usar muitos quase todos os dedos rsrs ❤.

    • Tive a honra d fazer parte da equipe dela…e pude participar da sala de aula dela no EJA fazendo estágio…foi uma experiência que vou levar para vida inteira….
      Obrigada Chichihara…❤️

  2. Eu não fui aluna, mas trabalhei com ela na EMEB José Rebouças de Carvalho, ela também me ajudou no meu estágio durante meu Curso de Pedagogia e a forma do seu trabalho de alfabetização com os alunos foi um dos grandes exemplos que tive e que apresentei como tema de uns dos trabalhos do Curso. Sempre vaidosa, gosta de Baton, brincos, colares, anéis e roupas coloridas como a sua alegria. Tia Sônia obrigada por tudo ❤️??

  3. Já estudei lá finalizei tudo graças a Deus com os estudos evoluir muito e aprendi muito Thank you by all in life pude realmente me aprimorar mais e adquirir mais conhecimentos e me apronfundar nós estudos ainda mais GOD me blessed much and also ??? loved study, this school is much wonderful and good? The path is the evolution for the progress and success in life daily? is a excellent school

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