Nos anos 70, antes da febre dos clubes sociais e dançantes: Palmeirinha, Reunidos, Grêmio, Ourinhense, Terríveis, Centro Comunitário, CSU, entre outros, a saída pra nós, jovens pobres, era os “bailinhos de garagem”!

Antes que os mais novos perguntem: “O que é essa “bagaça” de bailinhos de garagem?”

Explico: “bailinho de garagem” era uma brincadeira dançante, na casa de alguma menina ou menino, literalmente na garagem da residência, ao som de um questionável aparelho chamado Sonata e uma meia dúzia de LP’s românticos. Enfim, W’ere All Alone, Sailing, When You’re Gone, I’D Love You to Me, Flying, Do You Wanna Dance, e um monte de músicas que a gente não entendia nada, mas nos fazia sofrer de amor!

Sempre rolava uma Cuba Libre ou Ponche, bebidas proibidas para menores, porém, permissíveis devido ao baixo teor alcoólico. Eu, que nunca bebi, ia de cara limpa mesmo!

A turma ali reunida era, geralmente, o pessoal da escola que, desde a quarta-feira, ficava engenhando o encontro de sábado.

As músicas citadas eram de fazer pica-pau sair do oco, e se a gente conseguisse dançar com a menina pretendida, dançava agarradinho… A gente viajava na canção e ficava falando banalidades no ouvido dela, sonhando o sonho da aceitação.

Antes, evidentemente, rolava a paquera e quando a coragem vinha era só chegar e perguntar:

Quer dançar comigo?” Sim, no melhor estilo Johnny Rivers: “Do you wanna dance?”

O problema era o horário, o pai colocava 10 da noite como limite… Exatamente às 10 ele desligava o som e ia cada um pra sua casa!

Problema maior era quando aparecia a rapaziada não convidada, geralmente de outro bairro… Aí o pau comia e a festa acabava, era um território proibido para estranhos.

Gente da Barra Funda não podia aparecer em “brincadeiras” na Vila Perino, rapaziada de Vila Margarida não podia aparecer na Boa Esperança… Na Vila Odilon era pior, se chegasse lá morríamos de tanto apanhar, eu e mais uns oito amigos morremos várias vezes por lá!

Mas o tempo passou… Tempo da inocência, dos namoros limitados, das meninas que nos deram “tábua”, das que nos queriam e a gente queria outra, e outra, e outra!

Lembrança material daquele tempo apenas as canções, armazenadas em discos antigos de vinil que, volta e meia tocam nas rádios em horários específicos pra nós, ocupantes das vagas preferenciais!

Quer dançar comigo?


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