Ah, Ourinhos…

Talvez você não tenha se dado conta dos tempos em que estive atrelado às suas asas. Te conheço desde os tempos em que eu, menino, era apenas um rascunho de gente, cheio de sonhos e prioridades.
O sonho era a riqueza material, as prioridades eram as necessidades básicas.

Ah, Ourinhos…

Conheço seus rios e seus ventos; pisei no seu chão quando seu chão era chão de terra vermelha…. Sério, deixei nas suas ruas de terra as digitais dos meus pés descalços, pode conferir, basta retirar a camada de asfalto que cobre a Rua Brasil, a Barão do Rio Branco e a rua do seminário… Minhas marcas estão lá, tatuadas e indeléveis.

Sim, talvez você não se deu conta da minha presença, insignificante que eu era.
Eu, do meu lado, curtia toda sua hospitalidade, só comparada ao colo de mãe.

Corri atrás de bola no campo do seminário… Rezei na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe.

Para a escola íamos todos juntos, feito folhas ao vento, inofensivos, uniformizados, radiantes; a gente brincava de ser feliz.

Nas noites quentes, nossas mães colocavam as cadeiras nas calçadas e a gente brincava sob seus olhares, brincávamos de tal forma que o suor e a poeira formavam um cordão de craca no nosso pescoço. Sem contar a caça aos vagalumes com suas moderníssimas bundas de “led”, que a gente esfregava na camiseta branca pra refletir o brilho do nosso olhar.
Lá pelas nove da noite as mães gritavam:

– “Vamos pra dentro, está tarde!”

– “Ah mãe, já?… Só mais um pouquinho!”

Sim Ourinhos, eu cresci na sua plenitude. Nadei nos seus rios, usufruí de sua luz, namorei suas meninas.

Um dia fui embora, mas, sinceramente, acho que apenas meu corpo embarcou no trem da partida, ainda que eu insista em tentar escrever algo diferente do menino que fui a minha alma sempre estará presente na sombra de suas chaminés!

Qualquer dia eu volto!


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3 COMENTÁRIOS

  1. Bom Dia João Neto, amei este pedacinho do texto que você escreveu,nasci e fui criada aqui em Ourinhos,e Amo esta cidade , já fui morar em outros Estados, outras cidades, mais em 1991 voltei a morar aqui de novo e nem penso em me mudar daqui novamente, Amei tudo o que você escreveu, andei pro todas essas ruas que você escreveu e também andei descalça por elas…., Parabéns…

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