Morador de Lins produz utensílios a partir de garrafas pets. Criou os próprios maquinários e lança produtos inéditos na cidade.
Cuidar e preservar o meio ambiente é um comportamento muito mais do que desejável. Se almejamos que a qualidade de vida seja preservada e que as futuras gerações não sofram com os danos provocados pelo padrão comportamental despreocupado, precisamos cada vez mais nos apegar a rotinas e práticas que sejam sustentáveis e responsáveis.
Um grande aliado da preservação ambiental é o reaproveitamento de produtos que cumpriram em algum momento uma função específica e que agora não podem ser meramente descartados no ambiente. A fábrica de vassouras e utensílios produzidos a partir de garrafas pets ajudam a reduzir o impacto ambiental do descarte destas que demorariam cerca de 600 anos para se decompor naturalmente.
O Manoel
Manoel Soares da Silva, 51, nasceu no estado de Piauí, na pequena cidade de Santa Luz. Almejando seguir carreira militar, mudou-se em período de alistamento para Brasília. Era um sonho conseguir o engajamento no quartel. Por excesso de contingente, não pode continuar. Conhecido como Piauí, decidiu não se conformar com as poucas possibilidades que via acontecer em sua cidade. O sonho de conquistar uma carreira o trouxe ao estado de São Paulo. Depois de conhecer algumas cidades, conseguiu trabalho e fixou residência aqui em Lins. Logo aprendeu o ofício de Encanador, atividade esta que exerce até hoje. É casado com Zeneide e tem 2 filhos.
O surgimento da fábrica de vassouras
Em conversas em um aplicativo de mensagens, um amigo do Nordeste apresenta a Piauí uma ideia que revolucionaria sua mente. Artesãos nordestinos estavam produzindo vassouras a partir de garrafas pets. Depois desta conversa, nunca mais ele deixou de pensar na viabilidade de ter aqui esta produção.
Mas como iniciar, se o amigo tinha apenas a notícia, mas não conseguia oferecer detalhes. Pesquisas na internet ajudaram a desabrochar o “Manoel inventor.” Em 4 meses, e depois de inúmeros ajustes, estava desenvolvida sua máquina batizada de Filetador. Outros utensílios de apoio foram criados e a partir de então, a pequena fábrica, que funciona na garagem de sua casa, produz vassouras e cordas de varal.
Os produtos
Quem olha de longe pode até pensar que a produção é simples. Mas não! É técnica e respeita uma série de condições para dar certo. Atualmente a pequena fábrica produz Vassouras de diferentes tamanhos, formas e densidades, além de cordas de varal, ao qual Manoel garante que podem até “puxar um carro”.
Os produtos não se constituem em uma revolução no exercício doméstico. A poderosa proposta está na oportunidade da comunidade, ao aderir o uso, ajudar a reduzir o descarte dos recicláveis no meio ambiente. As vezes é apenas uma questão de escolha: A de participar nos processos de melhoria e de preservação do ecossistema. E isso é tudo! As futuras gerações que o digam.
Os desafios do negócio
Manoel sabe que o trabalho de conscientização é lento. Busca ideias para que mais pessoas conheçam a proposta. Já conta com algumas pequenas lojas que oferecem os seus produtos. A aceitação, embora lenta, começa a ganhar peso. As vezes é questionado quanto ao preço do produto, não porque acham caro, mas o porque do valor se a matéria prima vem do descarte. Piauí tem a resposta sempre pronta: Faço do Lixo o Luxo! O trabalho exige tempo e técnica e Manoel sonha cada vez com a população reconhecendo o valor da sua produção.
Planos futuros
Todo empreendedor sonha com o avanço do seu negócio. Piauí está investindo na possibilidade de um barracão para montar sua fábrica e está desenvolvendo outros produtos a partir da tampa dos pets.
O Piauí Linense
Ele conta ter muito amor e carinho pela cidade de Lins:
“foi aqui que conquistei tudo que tenho e sou. Fui acolhido. Cheguei sem ter nada e hoje posso contar as conquistas que este solo tem me proporcionado.’
Mensagem
Ao ser questionado sobre a possibilidade de transmitir uma mensagem final para os linenses, vejo seus braços levantarem, e em tom vibrante bradou:
– Prosseguir sempre. Desistir Jamais!
Tenho notado algo bom em todas as entrevistas: Esta mensagem final deixada pelos bravos linenses sempre são carregadas de tons firmes, enérgicos e verdadeiros. É tão real, que as vezes vejo como que o surgimento de lacrimação. Todos sabem que, apesar de inúmeras oportunidades de melhoria, nossa terra e nossa gente tem uma chama ardente de paixão e de amor pela Princesa da Noroeste!
O trabalho do Manoel nos propõe a oportunidade de refletirmos sobre nossas ações em relação ao meio ambiente. Você acredita que ações como esta provocam impactos no ambiente? Você tem alguma prática que também contribui? O que achou da história deste empreendedor de Lins? Conte pra gente!
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