Nesse domingo 26 de Setembro é comemorado o Dia Nacional do Surdo. E para essa data tão importante convidamos o professor de Libras Gilcemar Werneck para falarmos um pouco mais sobre o assunto.

História

A data de 26 de Setembro se tornou o Dia Nacional do Surdo em homenagem a inauguração do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) em 1857, na época ainda chamado de Instituto dos Surdos-Mudos, afim de humanizar o que era visto como errado.

Até a criação do instituto, crianças e jovens surdos cresciam sem passar pela educação pois eram vistos como marginalizados socialmente, fruto do preconceito e falta de conhecimento da época.

Na época acreditava-se que todo Surdo era Mudo e todo Mudo era surdo. Com o passar das décadas o mito foi desfeito e o Instituto trocou seu nome e focou integralmente ao educacional para surdos.

O básico não era suficiente

Gilcemar se destaca na região como um dos interpretes mais requisitados, desde cursos à apresentações. Com um talento nato para o aprendizado, o professor conheceu a Língua Brasileira de Sinais ainda muito cedo.

“Nasci aqui em Lençóis Paulista e tive meu primeiro contato com surdos aos meus 17 anos na igreja que frequentava. Então realizei meu primeiro curso de Libras básico ali mesmo. E fui me aprofundando mais, aprendi com membros da atual Associação de Surdos de Lençóis Paulista e ainda queria mais.”

Muito além do ambiente religioso

Começou atuar como intérprete na Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério do Madureira, conhecida por sempre acolher a comunidade surda com intérpretes disponíveis, além dos cursos livres de Libras. Mas logo percebeu que atuar apenas na igreja não era o suficiente, então decidiu expandir seus conhecimentos.

“… Foi então que fiz Libras em Contexto na USP, para aperfeiçoar e sair do básico. Sempre quis fazer a diferença para eles, ser alguém que conseguia se comunicar de maneira significativa, não apenas alguém que aprendia Libras por aprender, como vi muitas vezes nesses anos de estrada.”

Libras como mudança de vida

Quanto mais aprendia mais entendia a ausência de auxilio as Pessoas Surdas no dia a dia. Foi quando entendeu que suas habilidades deveriam estar sendo utilizadas em outros ambientes da sociedade e então iniciou sua jornada acadêmica.

“… Trabalhava em uma fábrica de embalagens de cosméticos e atuava na igreja como intérprete, até que decidi largar um emprego de mais de 8 anos e partir de cabeça para o meio acadêmico. Foi com muita coragem que consegui alcançar um cargo de Intérprete de Libras em um colégio particular em Bauru.”

Persistência e foco!

Decidido a trabalhar na própria área, iniciou a carreira em Bauru e logo se mudou para a cidade. Atuou como intérprete e percebeu ali no ambiente escolar a importância de possuir uma graduação específica. Foi quando as dificuldades apareceram.

“… De todas as dificuldades que enfrentei, as financeiras foram as piores. Atuar apenas como intérprete escolar e ao mesmo tempo pagar a faculdade que eu recém tinha iniciado de Pedagogia na Faculdade de Agudos (FAAG) e os cursos de especialização que logo vieram. Mas apesar de tudo, eu consegui transpor, foram dias difíceis, mas eu sabia que no futuro valeria muito a pena. ”

Inimaginável

Após tantas dificuldades, e apenas o foco no auxílio a pessoa com deficiência Gilcemar atingiu níveis que nem ele mesmo esperava.

“Hoje faço parte da equipe pedagógica da Apae Bauru, desenvolvemos avaliações pedagógicas para deficientes intelectuais com surdez, fazemos atendimento profissional e ministro cursos de capacitações para surdos e cursos de libras em extensão. É definitivamente viver um sonho que eu mesmo não imaginei!”

Visibilidade nacional

Ter estudado em boas instituições abriram portas para voos cada mais altos para Gilcemar, onde logo se viu por todo o país.

“Quando percebi já estava prestando serviços para a própria faculdade que eu estudava. Depois estava fazendo tradução e interpretação em peças políticas. E depois congressos, eventos e tudo cada vez maior e mais longe, conheci cidades, pessoas, lugares incríveis, tive oportunidade de ouvir e ser voz de pessoas maravilhosas!”

Continuar voando!

Atualmente Gilcemar Werneck é professor em diversos cursos, alguns na Apae Bauru, outros em faculdades como Censupeg e FAAG. E não pretende parar por aí.

“Quero continuar escrevendo essa linda história com a Libras. Planejo alguns projetos de inclusão social para os surdos e talvez algo ainda maior. O futuro ainda está em branco e penso que há muito para ser feito. Muitos paradigmas para serem quebrados. Muitos tabus. Precisamos fazer os ouvintes entenderem as diferenças entre surdos e Pessoas com Deficiencia auditiva, quase diariamente!

É necessário ainda quebrar o mito do surdo-mudo, algo que ficou enraizado nas pessoas! E é por todas essas coisas que eu continuo lutando. O céu é o limite, e eu não vou parar agora!”

Para acompanhar o Gilcemar Werneck em sua jornada pela inclusão basta segui-lo nas redes pelo @gilcemarwerneck.

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