Como boa parte das pessoas, durante a adolescência, o rapper araçatubense Matheus Bahia, de 28 anos, estava confuso. Desorientado, chegou a ter problemas com a Justiça.

O período sombrio e os apelos dos familiares fizeram Matheus repensar se era o caminho das drogas que gostaria de trilhar.

Aos 21 anos, após um ano de muitas dificuldades, decidiu transformar os pensamentos e conflitos internos em rimas. Neste momento, encontrou, no rap, a oportunidade de uma nova vida.

“Quem conhece um sorriso de verdade sabe que nem todo palhaço é feliz. Às vezes, estamos rindo por fora, mas, por conta de tanta cobrança da sociedade, acabamos sofrendo calados. O rap é como se fosse uma terapia para mim. O rap salvou a minha vida”, conta Matheus.

Na faixa autoral Teoria das Dobras, Matheus fala sobre o período difícil que viveu. Em uma parte da música, ele canta:

Incógnitas persistem mesmo com a idade avançada
O tempo passa na velocidade de um flash
Exclamações viram rotina da minha vida conturbada
Momento perdido pela ganância do cash
Fracassos acumulados, que pesam e oprimem o consciente
Não me impedem de lutar por mais um dia de sol
Psicografando teorias, escrevendo com a mente
Com a coragem de um quero-quero em um jogo de futebol

F.A.B.R.I.C.A

Contudo, mudar o próprio destino era pouco para Matheus. Há três anos, junto com Allan Barros e Danilo Vô, fundou o coletivo F.A.B.R.I.C.A (Frente de Apoio às Batalhas de Rima e Intervenções de Comunicação Alternativa), que realiza, em Araçatuba, atividades e oficinas voltadas para o hip hop.

“Por meio do rap e do coletivo, realizamos diversas ações sociais. Recentemente, por exemplo, visitamos a Associação dos Amigos Autistas. No próximo mês, irei à Fundação Casa para contar a minha história e mostrar para os meninos que existem outras possibilidades”, fala Matheus.

Entre as ações mais famosas do coletivo, está a batalha de rima. O evento reúne, geralmente, os participantes na Praça Getúlio Vargas, aos domingos à noite, onde os MCs “disputam” com rimas improvisadas.

E a “batalha”, de acordo com Matheus, é democrática: todos que têm interesse podem participar. Até crianças. “A mãe do Davizinho, de 13 anos, conhecido como MC DNO, fala, constantemente, que o rap ajuda o pequeno, que antes dava muito trabalho na escola. Depois que ele começou a frequentar a batalha, há um ano,  e começou a ver nosso comportamento, ele melhorou bastante.”  

De acordo com o araçatubense Matheus, nos encontros, o coletivo procura oferecer um espaço de liberdade e expressão, para que todos sejam quem eles são. “A gente tenta mostrar, por meio da arte, que é necessário respeitar a todos, independente de orientação sexual, religião, gênero, classe social ou qualquer característica.”

Porém, o coletivo, que Matheus considera uma família, não ajuda apenas emocionalmente os participantes. “Sempre quando vemos alguém mal, perguntamos se a pessoa precisa de algo. Comida, roupa ou outra coisa. O físico afeta o emocional também, né?”

Planos para o futuro

Para o próximo ano, Matheus planeja lançar um EP com faixas já escritas. Com a ajuda de produtores da cidade, o rapper está produzindo, atualmente, os beats, que são as partes instrumentais das faixas.

“Os ouvintes podem esperar uma mistura muito grande de referências de Araçatuba e Salvador, onde morei durante um tempo. Axé, pagode baiano, MPB, Funk, Blues. Minhas memórias em Araçatuba estarão presentes também”, revela Matheus.

‘Coloque fé no que você faz e isso trará coisas positivas’

Aos que estão passando por dificuldades, assim como ele já estive, Matheus incentiva:

“O rap, para mim, é uma religião. Mas não é apenas ele que salva. Qualquer coisa pode te ajudar. Então, faça o que você gosta. Isso pode ser uma terapia e ajudar você. Eu acho que a parte mais difícil para um artista é ele confiar no próprio trabalho. Mas coloque fé no que você faz e isso trará coisas positivas.”


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