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O famoso “cinema velho” de São Manuel traz lembranças em uma época jamais esquecida pela população de nossa cidade.

Cinema Paratodos, carinhosamente chamado de Cinema Velho foi fundado pelo seu proprietário Benjamin Augusto que já possuía diversos cinemas, inclusive na cidade o Cinema São Manuel mais conhecido como “Cinema Novo”. Em 1939, o comentário se espalhava por toda cidade e pela imprensa local, todos entusiasmados com cinema.

“Lembro quando foi abrir que fiquei emocionada e queria muito estar lá dentro na estreia”, diz Horalina frequentadora do cinema na época.

Foto: Arquivo Pessoal

Cinema foi um dos mais frequentados de toda região e continha uma sala de cinema ampla com 600 lugares, contava também com uma bomboniere repleta de doces e, claro, a pipoca não poderia faltar.

Os cinemas do município sempre atraíram grande público, não tem quem não se lembra do Cines Para Todos e São Manuel que tinham sessões todos os dias e aos domingos duas sessões sempre lotadas. Até que a televisão foi ganhando espaço e os cinemas tiveram queda em seu público. Desta maneira, o empreendimento mantinha as sessões aos sábados e domingos. Toda imprensa local questionava se era o fim do cinema.

Foto: Salas de Cinema de São Paulo

Trajes a rigor

As pessoas identificavam e rotulavam os cinemas através de seus trajes obrigatórios. O Cine Paratodos não era obrigatório usar terno e gravata para os homens e vestidos para mulheres, mas o Cine São Manuel, obrigatoriamente, exigia que os frequentadores utilizassem trajes a rigor, não era permitido a entrada de menores de cinco anos sob qualquer pretexto.

Curiosidades

O Cine Paratodos, que era localizado na Rua Morais Gordo, 225, tinha 600 lugares com funcionamento diário e com média anual de 416 sessões contendo, aproximadamente, 19 mil espectadores. O Cine São Manuel, que era localizado na frente do jardim principal da cidade, tinha capacidade de receber mil pessoas com funcionamento diário e em média anual de 365 sessões com, aproximadamente, 37 mil espectadores.

Incêndio

Com baixa no público, os cines Paratodos e São Manuel fecharam suas portas em 1984, mantendo a história e o sentimento dos frequentadores incendiados até os dias de hoje. Em 2004, no prédio que era o Cine Paratodos, segundo informações, no prédio teria armazenamento de alguns produtos inflamáveis que andarilhos invadiram o local fazendo uma fogueira para se aquecer e não sabendo dos produtos que estavam sendo armazenados ali, gerou um incêndio de grandes proporções que resultou no fim deste monumento histórico.

“No incêndio, quem estava lá chorava e se entristeciam com o acontecimento”, diz Aparecida que estava no local no dia do ocorrido.


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2 COMENTÁRIOS

  1. Nosso Cine Paradiso.

    Tarde de domingo de 1962. O frio castiga mãos, narizes e orelhas. As pessoas, nas ruas, encolhidas, encapotadas, fogem com pressa procurando abrigos.

    O menino, impaciente, se agasalha. Enrola o cachecol de lã xadrez no pescoço. Conta as moedas no bolso, pega a pilha de gibis e sai para a matinê, ouvindo a dominical lengalenga da mãe, Eunice, com seu com coração suficientemente grande para acalentar seis filhos. “Não me volte tarde, não me vá brigar na rua e vê se não me suja a roupa… Vai com Deus, meu filho”.

    Era um tempo ingênuo, as pessoas sem medo de assaltos e de balas perdidas. Adolescentes incendiários somente eram encontrados em sábados de Aleluia. Abençoado tempo do banho na cachoeira da Escola Agrícola ou no Petrolongo da velha Água Nova, Tranca e chaves em portas e janelas só quando a família viajava…
    Tempo de cinema. Na tela Oscarito e Grande Otelo. Na platéia a molecada pula e se esbalda de tanto rir. Totó e seu imenso nariz, do tamanho de sua humanidade. Cantinflas e suas calças “cai-não-cai”, provocando aflição, ternura e, claro, gargalhadas. Antes, Hopalong Cassidy descarrega seus dois “colts” derrubando cento e vinte e oito índios dos cavalos. O velho Cine Paratodos treme… E range… E vive, transpirando pelas paredes ornamentadas, um vapor de energia e esperança. Fora do cinema, os silenciosos e calmos domingos de uma rua chamada Moraes Gordo, por onde caminhavam torcedores da Associação e do America, para um sensacional “derby” no estádio majestoso.

    O menino cresceu dentro do cinema. O avô, louco pelas fitas e pela loura Rita, vestia seu terno e gravata e rumava às “soirés” do Cine São Manuel, onde todos se deliciavam com as mais lindas cores do arco-íris, tingindo as leves cortinas que se abriam, parecendo dançar, ao som de “Ebb Tide”. A platéia, vidrada na tela, parecia vivenciar, realmente, os dramas e comédias.

    Intervalo nas matines do Cine Paratodos. Final do seriado. Flash Gordon impediu a destruição da nossa galáxia e a “Mulher-Leopardo” colocava para correr os mais temidos caçadores… O menino agora troca gibis. Três “Mandrake” velhos por um “Tarzan” novo. Grande negócio a ser comemorado, o menino torra a última moeda num copo de groselha ou Diamante Negro…. Sonho de Valsa é coisa de meninas.

    O menino ainda não sabia que o velho Paratodos seria fechado, viraria cinzas num incêndio e se transformaria num medonho supermercado ou coisa que o valha. Escaparia de terminar seus dias exibindo filmes pornôs. Também fugiria da sina de virar templo religioso. Da Universal o velho Paratodos só exibiria as fitas do estúdio. Pobre Paratodos.

    O menino, por sua vez, virou adulto. Casamento, juros, prestações, compromissos… Correu mundo, conheceu centenas de cinemas protegidos em seus “shoppings”. Na preguiça invernal dos domingos de 1962, sente ainda um desconforto no peito, uma falta, um vazio. Saudades do velho Paratodos. Saudade besta da aurora de sua vida. De um velho com calça larga e chapéu de cowboy de nome Benjamim. Lembranças da época onde os tiros não eram de verdade.

    Arnaldo Catalan Junior

  2. Lembro com saudade dessa época.

    Meu pai, conhecido como Zito Gerzely, José Gerzely Junior foi o projetor de filmes por muiitoos anos, e eu assistia filmes quando queria. Foi uma época de muitas alegrias, sonhos e grande lembranças.

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