Um dos primeiros vereadores do município deu nome a uma das principais ruas do centro comercial e também a “Banda do Pedro Amaral”. Esta foi mesmo a primeira banda de música da cidade, criada por volta de 1898 pelo José Severino do Amaral Salles. Mas na virada para o século 20, já havia algumas bandinhas que animavam os amantes de serestas nos finais de semana no “Jardim Velho”, como era chamada a Praça Dom José Marcondes.

Nas décadas de 20 e 30, surgem os conjuntos musicais, como o “Jazz Paratodos” do pianista Osmar Milani. Em 1931, formou-se a “Jazz Band”, considerada até hoje como um dos conjuntos mais expressivos cidade onde atuava o maestro Zacharias, Pedrinho, José Moura e os irmãos de Paulo Moura.

Nos tempos do iê, iê, iê

Nas décadas de 1950 e 1960, formaram-se várias orquestras: “Renato Perez e Sua Orquestra”, “Os Modernistas” e a “Orchestra Icaraí” do percussionista Álvaro Francisco Alves.

Em 60, a Velha Guarda marca seu território com um “iê, iê, iê” e suas coreografias invade os bailes. Luiz Carlos Ribeiro que fundou o “Original Som”, apresentava Jamil, Clóvis Leonelli ,Zé Roberto, Dubail, Vadeco, Cora e o histórico saxofonista Renato Perez, formando “Renato Perez e Seu Conjunto” com Luizão, Pereira e Vadeco e sua mulher Heleninha Leporace como crooner.

O Automóvel Clube sempre foi o carro chefe na apresentação de bandas afinadas e conceituadas, e devido ao movimento de reunir a socialite rio-pretense por décadas, acabou por criar a sua própria banda que participavam o pianista Roberto Faraht, a cantora Nadir Carvalho, o guitarrista Manivela e o baterista Nei.

O conjunto “Apocalipse”, antes liderado por Toninho Cury e tendo os músicos Marquinhos Angelotti, Tubinho, Camin e os irmãos Álvaro e Alceu Cecato era um estrondo na noite rio-pretense, mas a falta de conhecimento e intimidade com a partituras fez com que muitas bandas acabassem do nada.

Assim, voltam as orquestras e a conhecida “Tropical Brazilian Band”, novamente liderada pelo maestro Luiz Carlos Ribeiro, estourava na televisão levando na mídia o cantor Gregório Barrios e seus boleros.

Clube Monte Líbano, Automóvel Clube e Palestra promoveram famosas e saudosas folias do Momo tendo à frente o conjunto de Roberto Farath, Nadir, Nei, Balthazar, Mário Perez, Manivela e Mestre Boca. Enquanto que no Clube Palestra a banda do Álvaro Francisco Alves, conhecido por“Álvaro das Maracas”, foi quem levantou poeira.

Coube ao Sesc promover em 2018 um evento que reunisse estes grandes nomes na intenção de resgatar a memória do que São José do Rio Preto representa para a verdadeira música brasileira no interior. E Mauro Zacharias, incumbido de recrutar os artistas e preparar a apresentação, confessou: “Foi um trabalho de muita responsabilidade, mas que me deu extrema felicidade. Fizemos uma seleção das famílias dos músicos de Rio Preto. Juntamos o cabeça desta família e pedimos para que formassem bandas familiares. Pais e filhos unidos para depois fazermos mesclas entre as famílias, criando uma troca de sons e experiências”.

Mestre Boca também deixa descrita sua emoção neste projeto que incentiva a criação dos próximos, como resgate musical e cultural para que o bom gosto e a complexidade não seja substituída por ritmos atuais e menos “musicais” que os de outrora: “Entramos no estúdio com três trombones apenas, começamos a nos olhar e reviver aqueles tempos. Meu pensamento era só ‘por que que a gente não volta com isso?’. E olha que estávamos apenas em três trombones, uma orquestra tinha quatro, além de tantos outros instrumentos, mas já bastou para sentirmos aquele sabor de como era antigamente.”


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