Escapando da dificuldade econômica que se instalara em seu país e sem ajuda governamental, sírios e libaneses saíram em busca de novas oportunidades e, de forma individual e independente, compraram e pagaram suas passagens, escolhendo seu país de destino e buscaram trabalho. Normalmente, no ramo de mascates.
Como a maioria fixou residência na cidade de São Paulo, foi lá que viram progresso em sua atividade comercial criando a rua 25 de março, referência até os dias de hoje para compra de artigos de todas as espécies.
Os árabes, vindos principalmente do Líbano e da Síria, começaram a se instalar em São José do Rio Preto por volta de 1890, atuando como mascates. Os primeiros árabes a colocar o pé nas terras rio-pretenses foram os primos Antoum Saab Al Daher e Feres Saab, vindos da cidade de Hadas el Jibe, do norte do Líbano, em 1885.
Em 1893, oito anos depois, eles já dominavam mais de 60% do comércio no município. Os primeiros árabes a se fixar na região eram chamados de “turcos”. Até 1918, o Líbano e a Síria estavam sob o domínio do Império Otomano e todos os vistos de saída dos países sob ocupação eram expedidos pela Turquia. Para os brasileiros, era mais fácil tratar os árabes como “turcos”.
Tino para o comércio
O segundo passo foi praticar este comércio próximo a grandes fazendas, consequentemente atender as várias famílias que ali residiam. Sendo assim, buscaram o interior do estado e alcançaram São José do Rio Preto que também não oferecia muita diversificação de produtos. Depois, a ideia era “passar o negócio” para os patrícios mais novos recém chegados ao Brasil e, assim, já munidos de uma boa quantidade de dinheiro, investir em projetos maiores. Surgiram as primeiras casas comerciais sírio-libanesas.
Se instalaram na cidade de São José do Rio Preto, que já apresentava um movimento muito grande, justamente por sua localização central rumo a todas as regiões do estado.
Fonte Arquivo Pessoal Tarek Sarout
Chegada no município
Hábeis comerciantes, os mascates árabes ganhavam a clientela nas fazendas, faziam um pé de meia e logo se estabeleciam na cidade. A presença deles, cada vez mais crescente, levou o presidente da Câmara, Pedro Amaral, a reclamar junto ao governo estadual, afirmando que dos 12 comerciantes estabelecidos na cidade, oito eram “turcos”.
Foram famílias pioneiras: Ajdar, Arif, Azem, Barcha, Bassitt, Buchala, Buzaidi, Calil, Chalela, Cury, Daud, Fahad, Fauaz, Gorayeb, Haddad, Hawilla, Homsi, Jamal, Kfoury, Madi, Mahfouz, Mitaini, Mussi, Muanis, Naffah, Rahad, Raduan, Scaff, Suriani, Tarraf, Taufic e Younes. Dominaram o comércio regional.
Chegada da Família Sarout ao Brasil
Ubaldina Faitarone Sarout, filha de brasileira de ascendência libanesa, em uma viagem ao Líbano a passeio, conheceu o libanês AHMAD TOUFIC SAROUT com quem contraiu noivado, mas devido a guerra separaram-se por dez anos e se reencontraram-se no Brasil, quando deu-se o casamento. Depois mudaram para o Senegal, onde nasceu o filho mais velho Khaled e em seguida Tarek no Líbano. Zuleika é a única brasileira e de volta à África, chegam os filhos Mouna e Melhen.
Pela profissão do pai, que era importador e exportador, recebia mercadorias e mandava por Mali, para Mauritânia, para Costa do Marfim e a família mudou de continente por cinco ou seis vezes levando consigo os filhos que recebem uma educação mista com base nos idiomas francês e libanês.
Ahmad viajou para Argentina, Chile e Uruguai antes de decidir voltar ao Brasil, instalando-se diretamente em São José do Rio Preto.
Fonte Arquivo Pessoal Tarek Sarout
Tarek Sarout, do Líbano para Rio Preto
Tarek Sarout nasceu em Beirute, no Líbano, no 29 de setembro de 1949 e completou 73 anos no Brasil. Viveu cinco anos no Líbano e 11 anos no Senegal. Comerciante estabilizado há 40 anos, é proprietário do tradicional Café Conte, localizado no coração da cidade. Foi sócio fundador e presidente do Rotary São José do Rio Preto/Alvorada e Acirp, instituição na qual é membro do Núcleo de Comércio Exterior.
Graduado em Administração pela Unirp, tem fluência em árabe, francês, inglês e português e diz ter herdado do pai a arte do comércio exterior e o trabalho de trader. Negociador há 15 anos, está em constantes viagens à trabalho por vários países: Coréia do Sul, Austrália, o norte da África e o Golfo Arábico.
Sua última viagem ao Irã e Iraque foi há três anos para venda de soft drink, alimentos, implementos agrícolas, fitoterápicos e cosméticos. Fez história no Brasil palestrando sobre religião do mundo árabe em igreja, em maçonaria e no Rotary. Conhece 70 países. Destes 70 gostou de todos e sua alfabetização em português foi fácil devido a similaridade com o francês.
“O local onde se vive é onde se tem raízes”, completa Tarek.
Um estrangeiro que fez história e construiu um legado
Muitos familiares fundaram e vivem na pacata cidade de em Fronteira- MG. Em São José do Rio Preto, moraram em um apartamento no bairro Vila Diniz e completou os estudos no Colégio São José, depois no Colégio Alberto Andaló e em alguns no Rio de Janeiro. A volta para Rio Preto, continuou os estudos de Administração de Empresas e Contabilidade.
Teve apoio e atenção espacial do Professor Sales que muito o ajudou. “Ele era gentil”, ressalta o libanês. Administrou o supermercado do pai em Minas e retornou à cidade por um convite do amigo Salim para abrirem sociedade no Kiberama, onde atuaram por 12 anos, até que surgiu a oportunidade de comprar o café em 1987.
Foi duas vezes presidente e membro por 22 anos. É um gourmet de primeira e chegou a cozinhar em 17 jantares do Rotary e também para a maçonaria, eventos grande com até mil convidados servindo comida árabe que é saudável, porém trabalhosa. Abusa de azeite e legumes. Tarek recebeu da Câmara Municipal a Medalha do Brasão do Município e o Diploma de Comendador da Ordem Municipal do Brasão.
Você pode encontrar Tarek no Café Conte localizado na Rua Bernardino de Campos, 3149, Centro, e se deliciar com mais histórias da imigração libanesa e toda vivência que um empresário bem sucedido possui. Não estranhe se ao seu lado estiver algum político influente ou artista renomado. O Café Conte é assim, com fama de servir o melhor café da cidade e que proporciona surpresas e um papo bastante agradável.
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