Há 98 anos, o Shokonsai, que significa ‘convite às almas’, une a tradição e a fé da colônia japonesa no único cemitério japonês da América Latina. A celebração budista anual reúne famílias que cultivam a memória mantendo viva a cultura e o misticismo da data.

O Shokonsai é uma festa que resiste ao tempo, comemorando os antepassados e mantendo viva a importância dos japoneses no Brasil. Realizado há quase um século, sempre no segundo domingo de julho, a solenidade proporciona à colônia japonesa o reencontro no cemitério de Álvares Machado, reconhecido como Patrimônio Histórico e Turístico do estado de São Paulo.

Durante todo o domingo o evento conta com homenagens, músicas e muita comida típica. Curioso não!? Veja como foi a última edição:

No local estão sepultadas 784 pessoas, sendo apenas um deles brasileiro, identificado como Manoel, homenageado por defender uma família japonesa.

O cemitério, que não realiza mais sepultamento desde 1940, atrai cerca de 3 mil pessoas  na data. A cerimônia é cheia de misticismo, não há registro de chuva na cidade desde a primeira edição! E o ápice da festa é no pôr-do-sol quando é realizado o ritual das velas aos antepassados.

Sêo Alberto Nakada lembra que desde pequeno ia ao evento, mas a tradição ganhou força após o seu casamento. “Sempre foi importante comemorar esse dia. E eu e a minha esposa ensinamos aos nossos filhos essa tradição, porque é uma forma de manter viva a nossa cultura e o respeito pelos nossos antepassados”, conta ele.

História

Os primeiros japoneses que chegaram às terras do Oeste Paulista, no navio Kasato Maru, fizeram morada em Álvares Machado (cidade que fica 10 km de Presidente Prudente). Uma das dificuldades dos japoneses era transportar, a pé, os entes queridos até a Capital do Oeste Paulista. Por isso, o cemitério japonês foi criado, extraoficialmente, entre 1918 e 1919 e era “exclusivo” a comunidade nipônica.

E, após o período de sepultamentos da comunidade japonesa, em 1940 o então presidente Getúlio Vargas proibiu os enterros.

Hoje nomeado como cemitério japonês de Álvares Machado, o local é mantido pela Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-Brasileira de Álvares Machado (Aceam) e é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), título reconhecido pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo.

Misticismo

O Shokonsai é uma festa que é reconhecida como mística, devido as inúmeras particularidades que acontecem no dia em que a data é comemorada. Das curiosidades, além de não chover há 98 anos no domingo de Shokonsai, há também a impressão de que no ritual das velas, o vento para, pois as chamas das velas não se apagam. Para os descendentes é a força espiritual dos antepassados proporcionando imagens que encantam os visitantes!

Que tal então separar o domingo para o evento?! Passa lá para conhecer também!

Viva o Shokonsai!

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