A tatuagem já esteve presente no Japão em meados de 200 a.C e, desde então, já teve diversos significados, até mesmo o de punição para aqueles que praticavam crimes. No entanto, a partir do século XVIII, com o grande crescimento do país, passou a ser vista como forma de arte.

Também nesse período, uma técnica muito tradicional era usada para marcar os desenhos na pele: o Tebori. Repleta de história, é feita de uma maneira totalmente artesanal, com agulhas de aço presas a uma haste de bambu. Por isso, o trabalho é visto como uma verdadeira arte oriental, que demanda anos de estudo e dedicação.

Foto: Júlia Martins/Solutudo

O mariliense Rodrigo Maldonado, também conhecido como “Digo”, é tatuador há 14 anos e, desde 2017, se tornou um dos poucos brasileiros a executar a técnica do Tebori.

“Para entender a técnica, é necessário estudar a cultura do povo japonês. Os desenhos marcados na pele estão repletos de tradição, significados e histórias. Por isso, o contexto é essencial para a preservação dessa arte”, explica.

Com uso de uma vareta de bambu que vai riscando a pele, o tatuador cria tons e contornos diferentes dos que são feitos com a máquina tradicional de tatuagem. Além disso, Rodrigo explica que o método é menos agressivo que o “tradicional”.

“Enquanto a máquina dá cerca de 80 batidas de agulha por segundo na pele, o Tebori faz de duas a três. Por isso, é menos dolorido e agride menos a pele, fazendo com que a cicatrização seja mais rápida”, diz.

Muito além da técnica

O Tebori utiliza desenhos que podem ou não cobrir o corpo todo, normalmente, respeitando as áreas dos pulsos e pescoço. Rodrigo explica que os tipos de desenhos eram usados como forma de imitar as vestes do imperador e, por isso, eram proibidos e precisavam ser escondidos.

“A classe mais pobre não tinha condições de comprar as vestes caras com os desenhos que eram usados pela nobreza. Por conta disso, tatuavam esses desenhos no corpo, utilizando a técnica do Tebori”, conta o tatuador.

As cores no Tebori também têm suas características particulares. Segundo Rodrigo, geralmente usa-se cores “puras”, ou seja, sem nenhum tipo de degradê ou mistura de tons. “Dessa forma, consegue-se uma cor mais vibrante e que não desbotará com o tempo”, explica.

Foto: Júlia Martins/Solutudo

Perfeição que leva tempo

Por ser feita manualmente e com desenhos que ocupam grande parte do corpo, a tatuagem em Tebori leva mais tempo para ser finalizada. Segundo Rodrigo, em alguns casos, quando a pessoa não segue as sessões, o desenho pode demorar anos para ser concluído.

“Já vi casos de demorar mais de um ano pra terminar um desenho. Mas, se o cliente vir certinho nas sessões, é possível fechar as costas e os braços em alguns meses”, conta.

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