São quase 19h30. Os músicos vão chegando aos poucos, trazendo nos braços os mais variados instrumentos. Violão, pandeiro, clarinete, cavaquinho e até o saxofone aparece para completar a roda do Clube do Choro.

Há mais de dois anos, essa é a rotina dos músicos do Clube do Choro. Toda segunda-feira, ininterruptamente, eles se reúnem em frente à cantina do Noel, dentro da Unesp de Marília.

Nem o frio ou a falta de público espantam esses apaixonados por Choro. Danilo Agostinho, Gabriel Soledade e Luciano Soledade são os responsáveis por manter a tradição desse estilo musical na cidade.

O Choro

O ritmo é tipicamente brasileiro, nasceu nas ruas do Rio de Janeiro do século XIX. Da polca e da valsa tocadas nos bailes da época, os músicos foram misturando e deixando do seu jeitinho. Durante muitos anos foi conhecido como “música para músico”.

Para quem não conhece, o choro pode lembrar um samba, mas eles são diferentes.

O samba e o choro estão lado a lado. Na realidade, o samba é uma transformação do choro.

Os músicos explicam que o choro é principalmente um gênero musical instrumental, que quase não se canta.

O choro oferece desafios que outros ritmos populares no Brasil não oferecem tanto. No choro temos mais de 30 acordes na música, e a mudança de acordes é muito mais rápida também.

E foi essa raiz artística desafiadora que inspirou o trio a criar o Clube do Choro.

“O choro que nos escolheu, quando a gente viu já estava tocando”

Gabriel e Luciano vivem a música desde muito pequenos, talento que vem de família. Sua mãe é a compositora e cantora Jaci Furquim, dona da voz do grupo de samba Cartola Branca, do qual os irmãos também fazem parte.

“Eu não era um chorão”, brinca Gabriel, “Eu vim da escola do samba, desde a minha mãe”.

Danilo tem formação de música clássica. Estudou música na Unesp, USP, e até na Alemanha. Quando voltou à Marília, entrou em contato com Jaci Furquim para propor de tocar clarinete no Cartola Branca.

Gabriel comenta que há muito tempo o grupo estava à procura de um clarinetista para completar o som.

Danilo tocando clarinete e Luciano no pandeiro. (Foto: Thábata Camargo)

Ele chegou, fez um ensaio com a gente, aí eu falei: esse é o cara! Ele veio com essa febre do choro, e me mostrou esse lado da música que eu não tinha contato.

Começaram a se reunir toda semana com alguns músicos da cidade para tocar o choro informalmente.

A ideia de trazer para a Unesp foi do Professor Paulo Prado, presidente da Comissão de Atividades Culturais da instituição.

O choro tem vivido um momento de renascimento grande, mas ainda precisa de iniciativas como o Clube para que o gênero possa ser apreciado, para não deixar ele morrer.

O papel do Clube do Choro de Marília é a militância cultural. A gente resiste em fazer música ao vivo. O diálogo artístico só vai se estabelecer se a gente expor à população. É justamente o público ver o músico tocando, com todos os erros e acertos.

“É uma família. O choro também é fazer amigos. Ele agrega, junta, une”

Rodeados de admiradores, amigos, e olhares curiosos, é impossível não se sentir envolvido pelo ritmo do choro.

Alguns que passavam sambavam, ou puxavam discretamente uma cadeira para apreciar os “chorões”. Na roda haviam seis músicos, às vezes vem dez, Danilo conta que já chegaram a formar uma “rodona” de treze músicos.

O Clube do Choro é um espaço aberto para apreciar um chorinho, uma oportunidade de ouvir e ver músicos tocando ao vivo.

A gente se reúne para tocar e para trocar com a galera

Todos são bem-vindos, seja para assistir, seja para tocar com eles. Não importa sua vertente musical, do pagode ao pop, tudo agrega à apresentação.

Isso que a gente acha ‘da hora’ (sic), esse diálogo artístico com o músico, com o público.

Plantar a semente

A ideia do grupo é continuar estudando, aprendendo, fazendo música e plantando a semente do choro para quem estiver disposto a se aventurar por esse estilo único brasileiro.

Danilo com os instrumentos de sopro, Gabriel com as cordas e Luciano na percussão, oferecem de forma singela uma monitoria para músicos que queiram aprender mais sobre o choro.

O Clube do Choro se encontra toda segunda-feira, das 19h30 às 21h, no Campus da Unesp, tudo gratuitamente.

Conheça mais sobre o Clube do Choro através de suas páginas no Facebook e Instagram.


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1 COMENTÁRIO

  1. Muito obrigado Solutudo em nome da querida Thábata Camargo que fez essa linda e encantadora matéria. Se eu não fosse do Clube do Choro, com certeza depois dessa matéria, procuraria e me tornaria um parceiro. Abs

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