No final da década de 1980, Orígenes Lessa estava, literalmente, obcecado por transformar Lençóis Paulista em um polo cultural e literário. Chegou ao ponto de doar sua biblioteca pessoal ao município a fim de ver o grande acervo engordar.
Muito disso veio de sua nomeação a imortal da Academia Brasileira de Letras, que após acontecido criou a semente de honrar sua terra natal onde fosse. E, com isso, o publicitário, jornalista e escritor, teve uma ideia genial.
O ‘Leilão’ de Ruas
A ideia nasceu entre as muitas conversas do autor com seus colegas da Academia. Ao completar seus 80 anos, chegou a comentar o quanto sonhava com a biblioteca de sua cidade natal fosse a maior do interior do Brasil.
Conhecendo que, em breve, se iniciariam as obras de um novo bairro na cidade o autor, ou como ele preferia ser chamado, escrevedor, reuniu-se com o prefeito Ideval Paccola, seu grande colega e admirador, e apresentou sua ideia para angariar livros ao acervo: Leiloar as ruas da Vila Cecap.
Mas não um Leilão de compra e venda de itens valiosos, mas, sim, de nomes. A proposta do Escrevedor era:
“Quem doar mais livros virará nome de avenida, quem doar menos é rua e quem doar pouco, é beco”, dizia Orígenes Lessa apresentando a proposta do evento.
Deu certo!
A insistência e maestria com as palavras eram tantas que Orígenes conseguiu realizar seu projeto. O autor já possuía o nome homenageado em uma das avenidas do bairro e conseguiu conquistar o desejo e o ego dos amigos autores.
Escritores e artistas doaram suas bibliotecas pessoais inteiras, seus acervos únicos e projetos raríssimos, tudo para conseguir um nome em uma avenida ou rua. As doações eram tantas que caminhões tiveram que ser enviados ao Rio de Janeiro para retirar os livros e trazê-los ao acervo.
E para incentivar ainda mais o projeto, o autor realizou uma de suas caravanas convidando os doadores a conhecerem as ruas que, agora, após o leilão, carregavam seus nomes.
O acervo gigantesco
Hoje, Lençóis Paulista conta com o maior acervo de livros autografados do Brasil e é a maior biblioteca do interior paulista. Com aproximadamente 150 mil volumes divididos entre prédio principal, polos e Espaço Cultural, é onde há o setor de restaurações históricas. É uma média real de quase cinco livros por habitante. E, ainda, o sonho do escritor lençoense partiu para outro nível, quando a biblioteca municipal foi rebatizada e recebeu seu nome.
Entre os milhares de livros presentes nos prédios, você poderá encontrar nomes que espelham diretamente as ruas da Cecap, ou como é chamada carinhosamente, a Vila dos Escritores.
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Meu primo, Antônio José Pedrolongo (Pietroluongo), empresário, cuja familia tem um Sitio em Alfredo Guedes (Sitio Amadeu Pedrolongo) solicitou à ferrovia a cessão da antiga estação ferroviária e armazem, para criar no espaço biblioteca e/ou centro cultural. Foi-lhe negado.
Feliz ideia de homenagear o “escrevedor” ao dar seu nome à biblioteca. Quando foi criada, iniciou suas atividades em uma modesta sala emprestada pelo Ubirama Tênis Clube. Eu me associei ainda ali, quando era adolescente.