A região conhecida como Boca do Sertão guardou dezenas de histórias ao longo do início da colonização. E uma destas histórias se localiza há menos de 45km de Lençóis Paulista, cidade que carregou o título da Região durante muitos anos e segue até o município de Pederneiras.

Pedra de Fogo

A cidade de Pederneiras possui este nome devido a “Fazenda Pederneiras” que, por sua vez, foi nomeada assim devido a abundância de Pedras de Fogo que existem na região.

Municipio de Pederneiras – Foto: Prefeitura Municipal de Pederneiras via Divulgação – Reprodução.

Uma Pedra de Fogo, também chamada de Pederneira, nada mais é que uma rocha que pode ser utilizada como instrumento para acender fogueiras, fogões a lenha, tochas e, até mesmo, serve de ignição para alguns mecanismos de armas de fogo. E foi na cidade das Pedras de Fogo que Fausto Furlani se aventurou com sua esposa, há mais de 100 anos, em um período hostil.

Uma pedra de fogo – Gear Bushcraft via Youtube

Uma construção necessária

Fausto nasceu na província de Trento, na Áustria em 1876, região esta que hoje pertence a Itália, e logo decidiu migrar para terras desconhecidas: O Brasil. Desembarcou em nosso país e logo se estabeleceu em Vitória, no Espírito Santo, e pouco depois em Bocaina até, finalmente, assentar-se definitivamente em Pederneiras.

E em 1908, quando Fausto e Virginia Cervi, sua esposa, receberam parte das famílias Furlani e Colati em sua casa, perceberam que teriam que construir uma ou duas casas maiores do que a que já possuíam ou expandir a que já estava de pé.

Então, surgiu a ideia: Construir um castelo no meio de uma terra indígena!

Imagens por drone feitas por Ronaldo Mascetra via Vista Aérea Brasil no Youtube.

O Castelo de Pederneiras

Você deve estar se perguntando: Mas por que um castelo?

A resposta é simples. As famílias Furlani e Colati viviam em uma região onde só existiam construções nesse estilo. Por serem grandes famílias de Trento, seu estilo de vida já condizia com as monumentais construções. O local ainda se tornava perfeito para a fortificação por ser próximo a agua e em um terreno com declive acentuado, o que proporcionava uma linda paisagem.
E três anos após a chegada das famílias, em 1911, o castelo começou a ser erguido, logo ao lado da pequena casa onde viveram até sua construção.

Ensaio de Casamento no Castelo Furlani – Fotografia por Leandro Mello via Souleandromello no facebook.

A construção


Com área de mais de um hectare disponível para construção, o castelo foi erguido. Utilizando cimento importado da Alemanha e telhas produzidas em Marselha, na França, a construção ficou em cargo de Leonardo Furlani, mestre de obras e pai de Fausto, juntamente com seus irmãos.

Furlani era engenheiro e quase não participou da construção efetivamente, porém, foi o responsável pelo desenho da planta original que pesquisava e procurava por materiais de qualidade para que a obra não parasse. O pai, Leonardo Furlani, mestre de obras, e os irmãos, trabalhavam na construção efetiva do prédio. Aos poucos, as paredes foram subindo e a região já começava a se transformar. Até mesmo a paisagem foi modificada.

Para condizer com a construção e o luxo que o local pedia, árvores nativas foram substituídas por plátanos e araucárias, árvores que até aquele momento só eram encontradas ao Sul do nosso país.

Questão de segurança

O sertão paulista de 1911 era um período violento e perigoso. Com tribos indígenas reivindicando suas terras dos colonos, saqueadores e bandidos rondando as moradias dos exploradores e todo tipo de sorte ruim para os que se arriscavam viver aqui.

Como contrapartida para tais perigos, o castelo foi erguido dentro de um alto padrão de segurança. Sendo necessário elevar uma ponte para acessar o primeiro andar, onde os moradores se protegiam de possíveis invasões.

Modernidade

O castelo apesar de sua arquitetura clássica europeia e construção rigorosa nas tradições, possuía um projeto inovador de modernização interna. Originalmente possuiria iluminação a gás e um gerador carbureto e água, mas logo foi completamente substituída por uma Usina de Eletricidade, esta que era movida através do aumento da retirada de água do córrego que se mantém ao lado do castelo, usina tocada por uma turbina Pelton.

Conversas, espanto e encantamento tomavam conta de quem passava pela volta da região e muitos se enchiam de curiosidade acerca da construção, logo sendo um mistério local.

Ensaio pessoal de Fernanda Furlani – Fotografia por Ana Clara Travain via Ana Travain Fotografias no Facebook.

Finalizado

Até que em 1914 o castelo teve sua construção finalizada e recebeu o título de Castelo Furlani. Fausto Furlani faleceu em Pederneiras no dia 14 de Novembro de 1973 com 97 anos e, hoje, seu amado castelo se mantém na família e pertence aos seus netos, herdeiros de Marino Furlani, um de seus filhos, o qual faleceu em 2011.

O castelo é uma propriedade privada e não é aberto para visitação, entretanto, sessões fotográficas são autorizadas através de agendamentos e você pode saber mais clicando aqui.

E você ainda pode ver uma visita guiada ao Castelo Furlani pelo canal Lugares da Nossa Região aqui em baixo:


Você já conhecia o Castelo Furlani? O que achou de sua história?

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