Passar por momentos desafiadores na vida todos nós passamos, não tem jeito. Agora, é mais do que inspirador quando sabemos da história de alguém que passou por um baita perrengue e que conseguiu dar a volta por cima, apesar de tudo, não é verdade? E quando essa história é contada pela própria pessoa que a viveu, é aí que ela fica ainda mais emocionante e impactante! ?

E foi esse um dos propósitos do paratleta Altair da Silva Marangne, de 31 anos, ao criar seu canal no YouTube há 8 anos. Cadeirante desde 2011 devido a um acidente de carro, Altair tem uma verdadeira história de superação. E foi, sobretudo de 2018 pra cá, que ele decidiu dedicar a maior parte de seus vídeos para contar essa sua história e partilhar dicas e aprendizados sobre sua nova vida. ?

Com mais de 13 mil inscritos, o canal Cadeira Ativa é o espaço que Altair decidiu criar para se expressar e também formar. “Amo causas que defendem os direitos das pessoas com deficiência. Com o canal no YouTube, tento ajudar ao máximo quem está numa cadeira de rodas, com toda a experiência que tive e que continuo tendo”, afirma. ♿

O acidente

Altair fazia diariamente o mesmo trajeto de volta pra casa após as aulas noturnas do curso de Engenharia Mecânica. Entretanto, o retorno da faculdade naquele dia 3 de março de 2011 não foi igual a nenhum outro de sua vida. O paratleta conta que, naquela ocasião, dirigia em alta velocidade quando perdeu o controle do carro e capotou. “Além da cicatriz em meu rosto, quebrei quatro costelas e duas vértebras da coluna, que me deixaram paraplégico.”

Dias após o acidente, ainda internado, o momento mais marcante que Altair se lembra foi quando ele e sua família receberam dos médicos a notícia de que o rapaz não iria mais andar. “Fiquei sem chão. Minha família ficou desesperada por não saber o que viria adiante. Ficamos todos muito tristes, mas como temos muita fé, sempre pensamos que só pelo fato de eu não ter morrido naquele grave acidente, algo bom eu ainda tinha pra fazer nessa terra, e começamos a tentar entender e trabalhar para eu ter uma boa vida na cadeira de rodas”, conta. 

Neste vídeo, Altair conta um pouco sobre o acidente e sua lesão.

Logo de início, algumas mudanças tiveram que ser feitas em sua casa, como as entradas e os banheiros. Aprender a usar a cadeira de rodas, no começo, também foi algo difícil, mas segundo Altair, não mais que aprender a conhecer todo o seu corpo novamente. “É como nascer de novo, tem que aprender a urinar, defecar, namorar, tudo de novo, se conhecer do zero. A ficha cai bem rápido, e já comecei a ir atrás de acompanhamento assim que saí do hospital.”  

A volta por cima

Tanta força de vontade e apoio de toda a família renderam a Altair pequenas grandes conquistas nos anos seguintes ao seu acidente. Em agosto daquele mesmo ano de 2011, já na cadeira de rodas, Altair retomou a faculdade, concluída em 2015. Em 2013, dois anos depois do acidente, o então estudante de Engenharia conheceu o Programa de Esportes e Atividades Motoras Adaptadas (PEAMA), onde teve introdução a diversos esportes.

Altair e seu xodó: a handbike! (Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução)

Até então, Altair não levava o esporte tão a sério porque seu foco mesmo era seguir na área de Engenharia Mecânica. Em 2015, no entanto, sua vida teve uma outra reviravolta: “Nesse mesmo ano saí da empresa em que trabalhei como estagiário e o PEAMA teve um papel importantíssimo na minha vida. Eu não sei o que seria de mim sem meus amigos de lá e os esportes. Com o PEAMA tudo foi mais fácil e saudável“.

O paratleta conta em um de seus vídeos que, antes do PEAMA, tinha crises frequentes de bronquite, que cessaram após a prática dos esportes. “Minha saúde melhorou, meu humor melhorou, minha autoestima melhorou, tudo melhorou com os esportes.”

Nova chance

Atualmente, Altair pratica além do atletismo por meio da Corrida em Cadeira de Rodas, o Rollerski (adaptação do Esqui Cross Country) e a Handbike, espécie de bicicleta adaptada, em que os ‘pedais’ funcionam com a força das mãos. “Já participei em provas de rua, triatlos e iron racers. Já a nível competitivo, disputei as etapas regionais e nacionais de Atletismo, Circuitos Brasileiros de Rollerski e três provas na neve em 2018 e 2019 em Ushuaia, na Argentina” relembra o paratleta, orgulhoso dos feitos.

Para chegar a esse alto nível de rendimento e competitividade, Altair teve que suar, e muito! Ele treina todos os dias Rollerski e Atletismo pela manhã, à tarde trabalha na loja de materiais para construção de seu pai e, finalmente à noite, vai à academia e trabalha nos vídeos para seu canal no YouTube. 

Altair mostra a tal da handbike em seu canal.

Vida nova

Ao passar por tudo isso em um curto espaço de tempo, o rapaz de apenas 31 anos analisa sua vida antes e depois do acidente: “O Altair de antes do acidente era um cara trabalhador, que começou a trabalhar aos 14 anos e que amava motos, skate e carros, e de andar de bicicleta também. Que estava sempre em festas e procurava se divertir ao máximo. O Altair de depois do acidente é um cara mais maduro, que aprendeu com as pancadas da vida. Ainda amante de motos, skate e carros, hoje vive uma vida muito mais saudável por causa dos esportes que pratica”.

Rapaz sonhador, Altair ainda lembra que, acima de tudo e de qualquer coisa, não perdeu as forças para batalhar e correr atrás de cada um de seus sonhos. O maior deles, inclusive, talvez seja esse:

Eu encontrei o tal ‘bem’ que eu tenho de fazer nessa vida: ajudar pessoas com deficiência e pessoas que acham que a vida acabou. Por maiores que pareçam os desafios, sim, é possível suportá-los e ser feliz com eles

“Abençoado demais para reclamar.” (Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução)

Parabéns, Altair e a todos que, mesmo diante dos enormes desafios que a vida lhes propõe, continuam em frente e não se deixam abalar. Vocês são motivo de grande inspiração para todos nós! ???


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3 COMENTÁRIOS

  1. É isso aí meu amigo! Quantas orações sua mãe fez e faz por ti! Quantas lágrimas rolaram de alegrias e tristezas! A vida é isso, caminhar a passos largos, mesmo que seja em uma cadeira de rodas! Parabéns!!!!?

  2. Parabéns, gostei muito de conhecer um pouco mais da história do Altair e também da maneira como vc a “contou”.

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