Nem tudo em nossas vidas são flores, não é verdade? Nem tudo é perfeito, nem as pessoas e situações são da maneira com que desejaríamos ou esperávamos que fossem… Entretanto, viver cada um dos momentos com amor e paciência é, apesar de desafiador, algo que nos ensina e nos impulsiona a sermos cada vez melhores! E quem convive ou conhece a história da psicóloga Sandra Cristina Mangueira, sabe de suas dificuldade e lutas, mas também de toda sua dedicação e carinho para com quem passa em sua vida. ?

A psicóloga, que já trabalhou em projetos como na Casa Social, obra mantida pela paróquia em que frequenta, e em clínicas de recuperação, atualmente se desdobra entre os pacientes de duas clínicas – sendo a Evoluir de sua propriedade -, no voluntariado em um projeto que atende funcionários da UPA de Várzea Paulista, e ainda no atendimento aos idosos da Cidade Vicentina. Ufa, haja trabalho, hein? Mas não acaba por aqui, não, viu?

Sandra, todos os dias quando chega em casa, ainda tem dois ‘pacientes’ pra lá de especiais para cuidar. Esses, que fazem parte da sua vida desde sempre e que, de certa forma, lhe inspiraram a querer cuidar de todo mundo. ❤

Mudanças de rota

De família de vida tranquila, Sandra talvez nunca imaginaria que no auge dos seus 35 anos de vida teria que cuidar daquele que sempre cuidou da família. Seu pai, José Mangueira Sobrinho, juntamente com sua esposa, Benedita Maria Pinheiro Mangueira, sempre proporcionaram aos filhos uma boa qualidade de vida.

Até os 7 anos de idade, época em que a família residia no Bairro Santa Marta, em Várzea Paulista, seu José trabalhava na empresa Eleikeroz. Em mais um dia de trabalho, quando estava à caminho da empresa, foi surpreendido por um assaltante, que infelizmente disparou um tiro. “Os médicos não conseguem compreender como ele não morreu ou ficou paraplégico, pois a bala atravessou o pulmão, passando a meio centímetro do coração e também a meio centímetro da coluna. Foi como se fosse uma mão que tivesse desviado a bala de sua rota”, lembra Sandra.

“Santo terço em família. Esta oração acalma o coração!” (Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução)

Após o acontecido, a família passou por sérias dificuldades. Como moravam de aluguel e sua mãe não poderia trabalhar devido aos cuidados com os filhos pequenos e agora também com o esposo, os paroquianos que frequentavam a Comunidade São Pedro (que inclusive tem como uma das famílias fundadoras justamente a da Sandra) os chamaram para serem caseiros do terreno da comunidade. “Meu pai, ainda bastante debilitado, ficou por mais de 1 ano muito mal e precisou passar por uma cirurgia que teve complicações, o que o fez perder parte de um dos pulmões. A vida foi seguindo seu rumo, meu pai foi se recuperando e continuamos morando na comunidade.”

Permaneceram como caseiros da comunidade por cerca de 10 anos, quando finalmente se mudaram para uma casa no Jardim América III, em Várzea Paulista, onde residem até hoje. Seu José conseguiu se aposentar e, desde então, sempre levaram uma vida simples, mas que nunca faltou o essencial, que segundo a própria Sandra, é o amor – o de Deus e o que existe entre eles.

Meus pais sempre foram muito engajados em diversas pastorais, mas sua predileção era visitar os enfermos e levar a Comunhão a eles.

Cuidados com quem sempre cuidou

Atualmente, o pai de Sandra convive com alguns problemas de saúde, como hipertensão, diabetes, osteoporose e já há 10 anos com o Mal de Parkinson. “Meu pai sempre foi um homem de muita fé e que lutou muito pela vida e, mesmo as inúmeras dificuldades jamais o impediram de servir a Deus por inteiro. Meu pai é o meu maior exemplo na vida.”

Nos últimos 3 anos, devido ao avanço da doença, José Mangueira tem estado cada vez mais debilitado. E, apesar de ainda conseguir andar e se alimentar sozinho, os cuidados com o senhor não podem ser relaxados e devem ser constantes, já que ele sofre algumas quedas e engasgos de vez em quando.

“Nos últimos 3 anos teve algumas internações e devido às suas dificuldades vimos a necessidade de iniciar algumas reformas em minha casa para melhor adaptar às necessidades dele. Mas sozinha seria impossível eu conseguir, pois já pago médica geriatra para ele, fora os gastos para as idas às fisioterapeutas, terapeutas e fono. Foi então que alguns amigos e irmãos de comunidade realizaram bingos e rifas, e conseguiram também parcerias e doações. Com a graça de Deus nossa casa ficou pronta com todas as adaptações necessárias.”

O ‘bebê’ e a ‘nenê’ da família

Além dos cuidados com o pai idoso, Sandra tem também a missão de zelar por seu irmão, Clodoaldo Mangueira, que nasceu com atraso mental. Segundo Sandra, mesmo tendo a idade física de 36 anos, sua idade mental é compatível com a de uma criança de 7 anos. “Meus pais relatam que este atraso se deu a minha mãe ter crises convulsivas e na época da gravidez o médico não ter suspendido o uso do medicamento para convulsão.”

E, mais uma vez, parece que uma mão milagrosa operou na vida dos membros da família Mangueira: “Meu irmão nasceu com sopro no coração. Quando bebê, precisaria realizar uma cirurgia. No dia da operação, os médicos reavaliaram momentos antes de seu início e identificaram que o problema havia desaparecido.” ?

Quando criança, Sandra confessa ter tido muito ciúmes do irmão, pois não compreendia toda a atenção que os pais davam a ele – afinal, Clodoaldo sempre ficava internado, principalmente das crises de bronquite, que sofre até hoje. O tempo foi passando, a compreensão aumentando e hoje são companheiros um do outro. “Ele é um menino carinhoso e alegre, é a presença de Deus em nosso lar. Ele percebe minhas necessidades e, do jeitinho dele, quer sempre auxiliar. Inclusive, ele é o meu bebê, e ele me chama de nenê“, conta em meio a risadas.

Aliás, o que a ajudou a escolher sua profissão foi justamente a convivência com o irmão, pois segundo Sandra, ela mesma queria compreender e entender melhor Clodoaldo, em suas dificuldades e individualidades.

Guerreira

E é claro que não poderia faltar o amor e cuidado de mãe, né? “Minha mãe é a grande guerreira que cuida do meu pai, do meu irmão, de nós, como a maioria das mães, e ela dedica muito amor em seu servir. E está sempre com um sorriso no rosto, então ela também é minha grande inspiração e espero um dia ter ao menos 1% de sua nobreza”, conta emocionada.

A família também foi sempre presente na vida de Sandra, principalmente a por parte da mãe. A família por parte do pai, por mais que morasse mais distante, sempre ajudou como pode. E Sandra ainda destaca uma outra família, essa que é unida não por laços sanguíneos, mas que são tão duradouros e verdadeiros quanto: “Nossos irmãos de comunidade e vários amigos que fizemos se tornaram família ao longo da vida. Sempre tivemos pessoas muito boas em nossas vidas, verdadeiros anjos que Deus colocou em nossos caminhos ao qual tenho uma eterna gratidão.”

Eu sou muito realizada com minha vida. Seria hipócrita se dissesse que não tenho dias ruins como todos, ou que tem dias que estou cansada… é lógico que tenho meus dias não tão bons como todos. Mas busco sempre pensar o que de aprendizado tiro disto. Eu costumo dizer que eu encontrei o sentido da minha vida dando sentido a outras vidas.


Que linda história, não? ? E, sem dúvidas existem tantas outras Sandras por aí, até em sua família aposto, e que o mundo muitas vezes não as conhece… Mas, que com certeza, os corações perto de cada uma delas, reconhecem, amam e vivem melhor por causa da dedicação e cuidado. Conta pra gente aqui nos comentários o nome da sua Sandra! Queremos conhecê-la e, mesmo de longe, dar um abraço de reconhecimento e gratidão. ???


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3 COMENTÁRIOS

  1. Linda história, convive muito pouco com essa família mas pude sentir a presença de Deus nessas pessoas tão queridas.Um forte abraço e Deus abençoe

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