Talvez um dos momentos mais difíceis da vida de uma pessoa é saber que está com câncer. Essa doença que, em algumas de suas formas se desenvolve de maneira silenciosa, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), atingirá 625 mil brasileiros em 2020.

Por outro lado, da mesma maneira que o câncer não escolhe idade, sexo nem condição social, a empatia e o cuidado com os que sofrem também não têm preferências. E é isso que mostra o Projeto Fios Encantados, que há 2 anos já fez a diferença na vida de mais de 7 mil crianças em tratamento contra o câncer.

A idealizadora e presidente do projeto, Mara Gisele Pereira, conta que ela sempre teve um contato muito próximo com as necessidades do próximo, mas que sempre sentia que poderia fazer algo a mais.

Eu sempre entreguei comida pra morador de rua. Nas festas de final de ano meu marido se vestia de papai noel e eu de mamãe noel e a gente sempre entregava presentes para as crianças. Eu sempre me envolvi em ações sociais, mas eu queria um pouquinho mais.

E foi justamente dessa inquietude que veio a inspiração para trabalhar com crianças em tratamento contra o câncer e, consequentemente, o início do Projeto Fios Encantados.

Atualmente o projeto conta com 96 voluntárias que fazem cerca de 100 touquinhas por mês. (Foto: Mateus Storti/Solutudo)

Como tudo começou

A presidente do Fios Encantados conta que, entre suas diversas ações e voluntariados, estava o trabalho dentro de hospitais. E entre as diversas alas que visitava, uma em especial lhe chamou a atenção: a do tratamento oncológico infantil. A partir desse momento, Mara queria de alguma forma ter um contato maior com as crianças em tratamento.

“Então é por isso que veio o Fios Encantados na minha vida, ele é o envolvimento direto que eu tenho com elas. Eu não entrego apenas uma touca, eu acabo me envolvendo, porque além da touca a gente entrega cesta básica nas casas de apoio”, comenta.

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Mara explica que, no início, o seu trabalho ultrapassou os hospitais e começou a também ser feito nas chamadas ‘casas de apoio’, entidades em que recebem as famílias que vêm de longe para tratar um de seus membros. “Em campinas, por exemplo, são 3 casas de apoio. E são casas que contam com a ajuda da população.”

A partir daí, Mara com alguns ‘amigos do bem’ arrecadavam roupas e cestas básicas para essas famílias. Esse trabalho ainda continua, mas agora conta com o bônus do trabalho das voluntárias do Fios Encantados‘.

E elas são feitas seguindo toda uma linha de produção: as voluntárias fazem a base da touquinha em casa e às quartas-feiras, nas salas de catequese da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Vila Arens, os cabelinhos, adereços e a embalagem são feitas. (Foto: Mateus Storti/Solutudo)

Projeto Divino

“Não sei fazer crochê, sei nem pegar na agulha, e conto isso pra todo mundo isso, mas tinha certeza que o Senhor ia me enviar um monte de anjos.” Dois anos se passaram e, olha, o Senhor mesmo lhe enviou uma legião de verdadeiros anjos.

Contando atualmente com cerca de 96 voluntárias cadastradas, Mara iniciou o projeto com a ajuda da avó de uma amiga. “Quando eu pensei que tinha que trabalhar com crochê, falei pra uma amiga ‘e agora, o que faço?’. Ela falou que iria pedir ajuda pra avô dela, a vó Inês, de 83 anos de idade.”

Mara lembra que na época, a vó Inês estava em sua casa, com depressão. “Ela topou e então fui lá levar as lãs pra ela. Disse pra fazer uma touca que coubesse na cabeça dela, e que iria fazer a doação pra uma senhora que morava em Presidente Prudente”, lembra.

E não foi que a vó Inês fez, e fez bem feito que até surpreendeu Mara? “Ela até colocou uma uma rosinha para enfeitar.” Com a primeira touca pronta para doação, a vó Inês fez os moldes para as próximas toucas e nunca mais saiu do projeto; até hoje é voluntária para fazer as touquinhas. ?

Nessa sala são separadas as touquinhas que chegam das casas das voluntárias, colados os adereços após a fixação do cabelo, e a embalagem final, com um cartãozinho com uma mensagem de esperança para a criança. (Foto: Mateus Storti/Solutudo)

Do jornal para o mundo

Com o sucesso da primeira touquinha, Mara colocou um anúncio no jornal que eu iria começar a primeira oficina. Em pouco tempo, uma mulher chamada Simone, hoje voluntária responsável pelo crochê, ligou falando que queria ajudar no projeto. Com hora e local marcados, Mara disse que a surpresa foi grande com o encontro: “Ela me chegou com 26 toucas prontas, colocou na mesa e me falou: você quer toucas? Então olha as toucas. Então eu confiei no Senhor, eu confiei em Deus e esse projeto é de Deus, ele sobrevive porque Deus quer“.

Passado alguns meses, Mara foi convidada para participar do Caldeirão do Huck, oportunidade em que o projeto ganhou visibilidade. “O Fios ficou conhecido no brasil inteiro e em alguns países fora também. Tínhamos 800 seguidores no Instagram, na tarde do programa foi pra 12 mil seguidores; eram 2.500 curtidas no Facebook, foi pra 15 mil no em uma tarde. Não ganhei um centavo no Caldeirão do Huck, mas o projeto ficou muito mais conhecido.”

São dezenas de corações que dão um pouquinho do seu tempo e carinho para ajudar outras dezenas de crianças a lutarem contra o câncer. ? (Foto: Mateus Storti/Solutudo)

Jamais imaginei que tomaria essa proporção. Eu falo pro marido, falo pra elas que nunca eu imaginei que o projeto viraria isso, jamais. Eu imaginei entregando em Jundiaí, porque eu sou voluntária no Grendacc, então imaginava entregando ali. De Jundiaí eu fui pra Campinas, depois pra Sorocaba, de Sorocaba fomos indo pro interior… e agora é até fora do estado.

Fios por toda parte

Mara também é convidada para entregar as touquinhas de seu projeto em diversas partes do país. No final de 2019, por exemplo, ela viajou para João Pessoa para entregar, junto com um grupo de voluntários vestidos de super-heróis, para crianças em um hospital da cidade. “Todo estado que eu estou indo tem alguém que pediu pra eu ir, alguém que me ligou e falou pra eu ir”, comenta.

E, por onde passa, Mara deixa seus fios encantados… “Em todo estado que passo tem sempre alguém querendo me ajudar. Eu falo que não, e estimulo aquela pessoa a montar o seu projeto e ajudar a sua cidade. A gente acaba ensinando, mostrando como que se faz e motivando eles mesmos a levar adiante o seu Fios Encantados.”


Que lindo, não? Faça parte você também dessa corrente do bem! Conheça mais do projeto e as maneiras de como você pode ajudá-lo! Sem dúvidas: você será a causa de milhares de sorrisos. 🙂 ?

Serviço

Projeto Fios Encantados – Jundiaí


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