“Não é só mais uma coxinha de queijo, não. Tem muita coisa por trás dela”, confidencia a simpática e sorridente proprietária do Kiosque Roseira, Mônica Leonardi Schincariol, enquanto contava a trajetória do negócio familiar de décadas, e os desafios e honras que os últimos três anos lhe proporcionaram. Sentada ao redor de uma das mesas com visão privilegiada do vai e vem da cozinha do Kiosque e de sua clientela no salão, Mônica não escondia seu orgulho e satisfação pelo bom movimento de clientes em plena quinta-feira à tarde.

Quinta-feira aquela, aliás, no mínimo diferente de todas as outras quintas-feiras do ano. Não por ser feriado ou qualquer coisa do gênero, mas pelo fato que a antecedeu: pelo terceiro ano consecutivo, um dos mais tradicionais (e famosos) quitutes da casa, a coxinha de queijo, acabara de ser eleita, no dia 18 de maio, a melhor de toda a cidade, em um festival promovido pela prefeitura do município. “Nós nem dormimos aquela noite”, revela Mônica entre risadas.

Das frutas à melhor coxinha de queijo

E o que muita gente nem imagina é o caminho percorrido pela família ao longo de décadas até virar, atualmente, referência na produção do salgado que, a partir de 2018, passou a ser Patrimônio Imaterial de Jundiaí.

As origens do Kiosque Roseira e de sua coxinha de queijo, a bem da verdade, remetem ao ano de 1987, ainda com os pais de Mônica vendendo uvas na beira da estrada. “Nós somos moradores da Roseira, nascidos e criados no bairro, e tínhamos a plantação de uva no sítio, e meus pais mandavam toda a produção para o Ceagesp, em São Paulo. Eles tiveram então a ideia de vender a uva aqui na esquina do sítio, onde hoje é o quiosque, na carriola mesmo”, conta a proprietária.

A filha dos Leonardi diz que, naquela ocasião, em 30 minutos todas as uvas, cuidadosamente dispostas na carriola, haviam sido vendidas. “Todo mundo que passava e via aquelas uvas fresquinhas paravam e compravam.”

Vendo valer muito mais a pena vender a uva ali mesmo, à beira da estrada, que mandá-las para São Paulo, o casal de agricultores logo providenciou uma barraca de lona de caminhão e bambu, e tempos depois, uma barraquinha de madeira, para melhor acomodar frutas e freguesia. Dali mais algum tempo, resolveram arriscar mais uma vez: nas entressafras da uva, começaram a vender frutas da época. Mais uma vez, a ideia deu mais do que certo!

Passado alguns anos, chegara a hora de novamente se arriscarem. Mônica lembra que, com o amadurecimento das frutas ainda na barraca, seus pais enxergaram uma nova oportunidade naquela esquina: “Eles passaram a congelar as frutas e a fazer sucos. Fizeram então uma barraquinha de alvenaria que media cerca de 3 m², porque precisavam dali em diante de mais estrutura”.

Dos sucos, o casal passou a vender pasteis, e no começo dos anos 2000 a fazer sua própria receita de coxinha, com 5 opções de recheio. “E a coxinha de queijo já estava naquele cardápio, juntamente com outras tradicionais, como as de frango e frango com catupiry”, recorda Mônica.

Amor por alimentar

Em 2014, com o pai já falecido e a mãe ainda firme e forte com a barraquinha de sucos e salgados, Mônica, bancária há 28 anos, decide virar sua vida de ponta cabeça. “Falei para minha mãe que logo sairia do banco, e que queria empreender e continuar trabalhando com gente. Contei a ela que estava pensando em fazer da barraquinha, que ainda não tinha nome, algo maior“.

Com o chancela da mãe e o apoio do marido, Mônica deu início ao projeto do novo negócio da família no ano de 2016. Em janeiro de 2017, com as bênçãos de dona Laurinda, sua mãe, e a ajuda de seu sobrinho César Leonardi Oliveira, seu braço direito desde o início do projeto, o Kiosque Roseira é inaugurado, mantendo a tradição dos sucos, da coxinha e do pastel, e trazendo para seu novo cardápio algumas outras opções preparadas ali mesmo, no novo empreendimento. 

Foram adicionados ao cardápio caldos, doces, porções e 21 sabores de coxinha. Pois é, você não leu errado! São 21 tipos de recheio disponíveis! “A coxinha de costela com queijo é uma das mais pedidas, mas nenhuma bate a coxinha de queijo. Ela é a preferida desde o começo, a campeã de preferência“, exalta Mônica.

O segredo, desde o início, é a qualidade e o carinho. Eu acredito muito que eu preparando um produto e colocando amor, não apenas seu corpo, mas também sua alma, seu espírito também serão alimentados com muito amor. Isso, inconscientemente, você sente. E falo pra todo mundo que trabalha aqui com a gente: prepare, sirva o alimento como se fosse pro seu pai ou sua mãe que tivesse ali fora esperando pra comer. Que a pessoa sinta o amor na primeira mordida em qualquer coisa que for comer aqui. 

Coxinha premiada

Realmente, já deu para perceber que não é mesmo apenas uma coxinha de queijo, né? Mas o melhor ainda está por vir…

Depois de décadas produzindo sua própria receita com massa de mandioca, eis que em 2018 a coxinha de queijo é reconhecida como Patrimônio Imaterial da cidade e, no mesmo ano, é lançado o Festival da Melhor Coxinha de Queijo de Jundiaí. “No primeiro concurso, queríamos apenas participar. Se íamos ou não ganhar, não sabíamos. E foi uma surpresa e emoção enormes ganharmos logo na primeira edição”, confessa a proprietária do Kiosque Roseira, primeiro vencedor do festival.

melhor coxinha de queijo de jundiaí em 2018
Dona Laurinda, mãe de Mônica, recebendo a placa comemorativa das mãos do chef Celso Santos Silva, presidente da Associação dos Cozinheiros do Brasil. (Foto: PMJ/ Reprodução)

A segunda edição, realizada em dezembro de 2019, também contou com a participação e presença no pódio do Kiosque Roseira, desta vez com a vitória no voto popular. “Agora, na edição 2021, já tínhamos uma noção de que poderíamos ganhar novamente no voto popular, porque muita gente vinha falar que torcia por nós, que até já tinha votado no Kiosque. Mas ganhar também no juri técnico, gente, é uma felicidade sem tamanho. Foi maravilhoso. A gente vibrou, pulou. E agora agradecemos muito todo mundo que votou em nós, que acreditou no nosso produto, que acredita no nosso trabalho.”

A certeza de que vamos ganhar? Nunca, ninguém tem. Mas a gente faz o máximo na qualidade e no amor para entregar e vencer. Todas as nossas coxinhas são feitas com muito carinho e amor, e prezamos muito pela qualidade do produto que a gente usa e em nosso atendimento.

placas do festival da melhor coxinha de queijo de jundiaí
O resultado do trabalho cheio de amor de duas gerações: prêmios e reconhecimento! ☺? (Foto: Mateus Storti/ Solutudo)

Continuar arriscando – e surpreendendo!

Com a visibilidade dada pelo festival e pela conquista do título de Melhor Coxinha de Queijo de Jundiaí 2021, segundo Mônica, hoje o Kiosque Roseira não precisa esperar o final de semana ou algum feriado para receber turistas. “Vem gente de semana mesmo de Sorocaba, São Paulo, Campinas, Águas de Lindóia… até do nordeste! O pessoal experimenta outros sabores, claro, mas sempre acabam querendo comer a ‘coxinha campeã’. Eles não resistem à nossa coxinha de queijo!”

E para ‘rivalizar’ com a coxinha de queijo, tanto em sabor, preferência e até numa certa identificação jundiaiense, em 2020 o Kiosque desenvolveu a coxinha de uva, receita original e especialmente criada para a Festa da Uva daquele ano. Sim, gente, UMA COXINHA DE UVA!!! Curioso, né?

“Lançamos no segundo final de semana da festa, e teve uma aceitação maravilhosa. Não tínhamos noção que seria desse jeito, porque ela é exótica, é diferente mesmo”, conta, com água na boca, a entusiasmada ‘mãe’ da coxinha de uva. “Nós fazemos parte da Rota da Uva, e um dos membros durante uma das reuniões da associação deu a ideia de lançarmos algo para alavancar a festa. Então pensamos: festa da uva… coxinha de uva!”

Genial, não? E é claro que iria dar SUPER certo! “Nós então desenvolvemos ela por quase 7 meses até chegar na textura, no sabor, no aroma, no recheio ideal. Adicionamos à massa o suco concentrado de uva e o recheio a geleia. Foi muito trabalho, mas está sendo um sucesso“, conta.

coxinha de uva, que promete rivalizar, no bom sentido, com a melhor coxinha de queijo de jundiaí
E é claro que antes de falarmos delas aqui, precisávamos experimentá-las, né? ? E olha, ela é linda (também é roxinha, como nós da Solutudo ?) e deliciosa! ?? (Foto: Maria Bandre/ Solutudo)

Humm… E aí, você ficou com mais água na boca para comer a melhor coxinha de queijo de Jundiaí ou a coxinha de uva com o selo #JundiaíRaiz, hein? Então ó, não perca mais tempo, experimente hoje mesmo e depois conta pra gente aqui nos comentários como foi sua experiência!

Kiosque Roseira

  • Endereço: Av. Humberto Cereser, nº 5221, Roseira – Jundiaí/SP
  • Horário de Funcionamento: terça a sábado, das 11h às 21h; domingo das 10h às 20h
  • Telefone/ WhatsApp: (11) 4584-0030 / (11) 95636-4021
  • Instagram
  • Facebook
  • Site

Gostou desse conteúdo? Deixe seu comentário no campo abaixo! E se você conhece alguma história bacana de Jundiaí e quer que ela seja contada aqui, entre em contato pelo e-mail: [email protected]

5/5 - (1 vote)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, deixe o seu comentário
Por favor insira o seu nome aqui