O CVV (Centro de Valorização a Vida) realiza um trabalho de apoio emocional que proporciona o esvaziamento da mente, um trabalho que não tem direcionamento, conselho ou julgamento, e uma das coisas principais é o sigilo! Porque as pessoas que os procuram, muitas vezes não tem coragem de se abrir com ninguém, por isso eles tem voluntários treinados que escutam sem dar palpites na vida das pessoas ou dizer o que ela deve ou não fazer.

Conversamos com a Maria Bernadete, que é voluntária há 15 anos no CVV, “Sempre gostei de me envolver com trabalho voluntário! Eu entrei no CVV por curiosidade após ver uma reportagem na TV e achar interessante! Daí fiz o curso, me apaixonei pelo trabalho e estou aqui até hoje! Cada um aqui tem a sua história, tem pessoas que já precisaram do CVV e hoje estão como voluntários como uma forma de doação, e pessoas que se interessam por ouvir o outro.” Lembrando que pra ser voluntário não é necessário uma formação e é preciso ser maior de 18 anos, eles contam com psicólogos, donas de casa, arquitetos, engenheiros, todas as profissões! “Fazemos um treinamento que os ensina a escutar de forma diferente, para estarem aptos a ouvirem de maneira correta e com acolhimento.”

Prevenção e reflexão

Eles procuram trabalhar os sentimentos, “Estamos junto com as pessoas fazendo elas refletirem sobre o que está sentindo, pra que ela pense sobre aquilo e no momento dela, tome uma ação que só ela poderá tomar! É como se você tivesse um copo d’água, e esse copo vai transbordando, e com uma gota d’água a pessoa pode tomar a atitude até de tirar a própria vida.” O trabalho é de prevenção ao suicídio, mas nem todos que ligam estão prestes a tirar a vida, alguns só não tem com quem conversar. “Hoje, uma grande dificuldade das pessoas é ouvir, parar para escutar olhando no olho, prestar atenção… As pessoas estão muito preocupadas com os seus problemas, e não tem tempo pra ouvir os dos outros! A maioria das pessoas só querem ligar, falar e chorar, e é esse esvaziamento que a gente proporciona, que ela consiga tirar tudo aquilo que está sufocando dentro dela.”

A instituição está na cidade desde 1977, e no Brasil já existe há 56 anos! Hoje, com uma abertura muito maior, o atendimento telefônico é feito pelo número 188, que é nacional e é importantíssimo divulgá-lo! Você pode ligar de celular, telefone fixo ou orelhão, sem custo nenhum, pode falar o quanto você quiser e será atendido pelo Brasil inteiro! Além de telefone, eles atendem por e-mail, chat no site (clicando aqui) e pessoalmente, mas por enquanto a unidade de Jundiaí está se organizando para o atendimento presencial, pois acabaram de mudar de local.

Eles também fazem o trabalho do CVV Comunidade, “É quando saímos do posto físico e vamos para a comunidade, no mês de setembro, de prevenção do suicídio. Ficamos com ‘milhões de projetos’, palestras, eventos na Câmara, na guarda municipal, na prefeitura, tudo em prol da valorização da vida!”

Possuem 105 postos em todo o Brasil, com uma média de 4.000 voluntários. Em Jundiaí tem apenas 30, mas precisam de pelo menos 50, pois atendem 24 horas por dia, “Só temos 2 voluntários a noite, e precisamos ocupar mais dois pontos, pois a cada 4 horas um voluntário atende.” Que tal ser um voluntário?! ??

Por enquanto, não há previsão para os novos cursos, mas é bom sempre ficar ligado no site e nas redes sociais do CVV, hein? 😉

Atendimentos

São atendidas uma média de 1.600 pessoas por mês em nossa cidade, através de e-mail e telefone, a ligação pode durar de 10 minutos a horas, “A pessoa que liga é quem determina o tempo, a gente não desliga. Muitas vezes as pessoas não tem com quem conversar, solidão é um caso recorrente, muitos se sentem sozinhos e as redes sociais também ajudam com a perda de vínculos pessoais e acabam deixando as pessoas mais vulneráveis!” Ela ressalta que a rede social é algo maravilhoso, mas que infelizmente acaba afastando as pessoas. “Recebemos queixas de adolescentes que não têm diálogos com os pais, de isolamento, que se fecham no seu mundo e não conseguem lidar com as questões, sobre bullying, automutilação… É assustador a quantidade de crianças de 12 anos nos ligando e dizendo que querem tirar a vida! Antes eram mais adultos, mas hoje você vê que a juventude procura muito mais, principalmente na faixa etária de 12 a 17 anos! Jundiaí atende cerca de 30 a 40 e-mails por dia de jovens e adolescentes de todos os lugares!”

O atendimento é totalmente centrado na pessoa que liga, “Temos um número de Jundiaí, mas aconselhamos ligar no 188 que é gratuito e você poderá ser atendido por pessoas de todo o país!” Esse número é fruto de um acordo entre o Ministério da Saúde e Embratel que surgiu após o incêndio da Boate Kiss no Rio Grande do Sul. Com a morte das pessoas, o índice de suicídio aumentou muito lá, então o Ministério da Saúde criou esse número que antes só atendia o RS e, desde o ano passado, se estendeu por todo o país! É um trabalho grandioso e que as pessoas estão percebendo cada vez mais que é importante prevenir!”

Os voluntários também trabalham para não levar a carga das ligações consigo, “Temos reuniões mensais onde trabalhamos os sentimentos dos voluntários e treinamos atendimentos pra gente se cuidar também, nós temos que ser um filtro e não esponja, não absorver tudo e saber que o problema é do outro e eu tenho que cuidar dos meus!”

Cuidados completos

O CVV não resolve os problemas, ele dá o acolhimento para que a pessoa encontre o caminho dela. “É um trabalho muito gratificante, você vê que a pessoa alivia quando fala, às vezes a pessoa liga, chora e agradece por você ter ouvido, você pensa ‘Nossa eu não fiz nada’, mas você estava ali com ela.” Bernadete relembra emocionada, “Eu faço plantão à noite, já teve pessoas que pediram para falar boa noite, porque só tem as paredes para falar, isso me marcou demais, você não ter alguém para desejar um simples boa noite, era só isso que a pessoa queria.”

Antigamente não se falava de suicídio e hoje ainda é um tabu, mas é preciso falar pra que as pessoas se conscientizem e saibam que podem buscar ajuda. O fato de elas falarem e serem ouvidas pode resgatar algo nelas e salvar uma vida! “Por isso falamos que ‘Falar é a melhor solução!’” Dados provam isso! A cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no mundo e 90% dos suicídios poderiam ser prevenidos com atenção e conversa!

A mensagem que a Bernadete nos deixou é que “É importante sabermos que nem sempre somos fortes pra tudo e que, sozinhos, podemos não dar conta de lidar com algumas questões. Por isso é importante pedir ajuda, falar, desabafar, não guardar pra si aquilo que tá te angustiando! O CVV tá aqui pra isso, pra que a pessoa possa ligar com toda confiança e ser acolhida e abraçada, falando daquilo que a está incomodando.”

Serviço

CVV Jundiai – Centro de Valorização da Vida

  • Endereço: Rua Monteiro Lobato, 199 – Vila Argos Nova
  • Telefones: (11) 4521-4141 / 188 (Gratuito)
  • E-mail: [email protected]
  • Site

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