Hoje, não podemos imaginar como seria nossa vida sem energia elétrica, não é verdade? Imagina um mundo sem geladeira, televisão, computador, nem uma lâmpada sequer na rua? Era assim a vida em nossas cidades há pouco mais de 100 anos, dá pra acreditar? ?

E, a chegada da energia elétrica aqui em nossa região foi um grande avanço para a época e está recheada de curiosidades! Por exemplo, você sabia que a grande inspiração para a implantação da energia veio em uma festa no Solar do Barão, no centro de Jundiaí? E que a primeira usina hidrelétrica construída para a geração de energia na região foi no Monte Serrat, aqui mesmo em Itupeva? Legal, né? ?

Pelo progresso!

A cidade de Jundiaí já era bicentenária quando começou a se destacar no cenário nacional com a produção de café, que culminou na segunda metade do século XIX com a implantação da segunda ferrovia do país, e a primeira do estado: a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, para o escoamento da produção ao Porto de Santos.

No início dos anos 1900, a cidade já vislumbrava um futuro ainda mais promissor com a industrialização. E um detalhe da cidade, esta que desejava mais e mais o progresso, de certa forma incomodou empresários locais, entre eles o Dr. Eloy de Miranda Chaves: o fato das principais ruas da cidade ainda ser iluminada por lampiões.

Natural de Pindamonhangaba, Eloy de Miranda Chaves foi advogado, empresário e político, e contribuiu de maneira significativa para o setor elétrico no Brasil. (Foto: PMJ/ Reprodução)

Tal observação foi feita durante uma festa, no ano de 1904, no salão do também empresário Francisco de Queiroz Telles, filho de Antônio de Queiroz Telles, o Barão de Jundiaí.

Em discurso na Câmara Municipal de Jundiaí em 1960, Eloy Chaves conta que Edgard Egydio de Souza, engenheiro formado na Bélgica e que há pouco tempo havia voltado ao Brasil para assumir um alto cargo na gigante do ramo de energia na época, a Light and Power, e Aguiar de Andrade, outro brilhante engenheiro, ficaram espantados com a ‘ultrapassada’ iluminação da Praça da Matriz, e lhe perguntaram do porquê Jundiaí ainda não possuir luz elétrica.

“Perguntei em réplica aos meus interrogadores se estavam dispostos a formar, com elementos em prol da cidade, uma empresa que levasse avante o grande melhoramento. Acolhida a ideia com entusiasmo, formou-se a Empresa denominada Luz e Força de Jundiaí”, afirmou Eloy na ocasião.

Mãos à obra

A ideia tomou corpo e no dia 2 de junho de 1904 foi dada a autorização para início das atividades da Empresa Luz e Força de Jundiaí. No início, a empresa se comprometeu com a geração e distribuição de energia para a iluminação pública, que contaria com cerca de 250 lâmpadas instalados em postes de ferro na rua do Rosário, entre o Largo de São Bento e a rua Cândido Rodrigues, e na rua Torres Neves, da estação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro ao centro da cidade. Nas demais ruas, a empresa poderia empregar postes de madeira, sempre obedecendo a norma de funcionar durante toda a noite, do anoitecer até o amanhecer.

Em novembro do mesmo ano, o contrato foi alterado, com o número de lâmpadas ampliado para 310, a fim de iluminar a Câmara Municipal, a Matriz, a Praça da Matriz, o Hospital São Vicente de Paulo e o Jardim Público. Finalmente em 3 de novembro de 1905 o sistema de iluminação elétrica de Jundiaí foi inaugurado, com uma usina para a geração de energia no Rio Jundiaí.

Usinas de Itupeva

No ano de 1910, foi realizada uma nova alteração no contrato da Câmara Municipal com a Empresa Luz e Força de Jundiaí, prevendo, entre outras ações, a substituição de algumas lâmpadas e a instalação de mais uma turbina de geração de energia na Usina da Monte Serrat. Essa última ação não aconteceu, pois a empresa decidiu ao invés disso, construir mais uma usina, agora na região do Quilombo, ainda em Itupeva.

E por que construir usinas na região de Itupeva? Bom, vocês estão lembrados da origem do nome Itupeva, certo? Na língua Tupi, significa ‘cascata pequena’, por conta das quedas do Rio Jundiaí naquela região, o que era ideal para uma usina que usava justamente a força da água para girar turbinas e, assim, gerar energia. 😉

Inaugurada três anos mais tarde, em 1913, a Usina do Quilombo passou a funcionar em conjunto com a de Monte Serrat, gerando energia para as cidades de Jundiaí e Indaiatuba.

Venda e desativação

O controle acionário da empresa ficou nas mãos de Eloy Chaves e de seus sócios, Edgard Egydio de Souza e Adalberto de Queiroz Telles, até 1927, ano em que passou para o grupo Light. Naquele mesmo discurso de 1960, Chaves afirma que, mesmo com a expansão da estrutura da empresa, a geração de energia não era suficiente para o crescimento exorbitante da cidade:

A esta altura meus sócios e eu, que nunca fomos dominados pelo espírito de lucro e que sempre vimos no serviço que prestávamos o objetivo maior da utilidade pública, resolvemos transferir para a referida Light and Power o acervo da nossa Empresa. Sabíamos bem, diante do manifesto progresso da cidade, que íamos nos desfazer de um bem de alto valor e seguro futuro, mas, consideramos que em nossas mãos tal serviço não poderia tomar as proporções necessárias para satisfazer as necessidades de uma cidade que estava abrindo as asas para um grande voo.

Após décadas, a Usina Monte Serrat encerrou suas atividades no ano de 1960, e a partir de 1964 teve alguns de seus equipamentos vendidos à Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Em 1970 foi a vez da desativação da Usina Quilombo. Vendidas anos depois, atualmente restam pouco de ambas as usinas, estando a do Quilombo com suas estruturas um pouco mais preservadas, como algumas partes dos tubos, as paredes em pedra do canal de captação de água, as paredes da casa de máquinas e parte da barragem.

Que demais, né? Nossa cidade tem muita, mas muita história para contar! E você, sabia de tuuudo isso? Conta pra gente aqui nos comentários! ?⬇?

Fontes: Museu da Energia e Jundiahy Antiga


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2 COMENTÁRIOS

  1. Meu pai foi funcionário da Usina, até seu fechamento. Moramos nas casas cedidas às famílias. Saí de lá muito pequena.

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