“Sempre será minha casa”: conheça a história da baiana que realizou seus sonhos em Itupeva

No Brasil, comemoramos no mês de outubro duas datas importantíssimas, e para a nossa querida Itupeva, ouso dizer que são mais do que especiais. São os dias 8 de outubro, quando é comemorado o Dia do Nordestino, e o Dia do Professor, celebrado no dia 15 de outubro. E, para uma itupevense em especial, ambas as datas significam muito para sua história, tanto para o que ela um dia já viveu, como para o que ela ainda sonha em viver.

Estamos falando da professora e empresária Leoneide Francisco Oliveira, baiana de nascença mas, já há alguns anos, itupevense de coração. Leoneide, que está em Itupeva desde 2003, saiu de Ruy Barbosa, sua cidade natal na Bahia, com a esperança de construir sua vida aqui. E, olha, o que ela conseguiu realizar nestes 16 anos foi uma baita surpresa mesmo para ela – e para nós, eu e você, que estamos aqui lendo sua história, será mais do que uma inspiração para as nossas vidas.

Nordestina guerreira

Filha mais velha do casal Leonardo Oliveira, que era comerciante e pedreiro, e da dona de casa e lavadeira de roupas Marta Nelia dos Santos, Leoneide conta que sua infância no interior da Bahia sempre foi de muito trabalho. “Quando trabalhava na feira do Mercado Municipal de Ruy Barbosa, levantava às 4h da manhã e só retornava para casa às 11h para tomar banho e ir para escola.” Aos 8 anos a garota já tinha sua própria barraca na feira, onde vendia milho, feijão e temperos baianos.

A vida era levada como de costume no interior, quando em 2003 uma amiga comentou sobre um grupo de médicos estrangeiros que estava de férias em São Paulo, e que tinham duas crianças pequenas que precisavam de uma babá para acompanhá-los. “Como tinha feito um curso de espanhol, tive curiosidade em ter contato com pessoas de outra língua”, e lá foi Leoneide se candidatar à vaga.

O início em Itupeva

Agarrando com unhas e dentes a oportunidade que lhe foi dada, nos 15 dias de trabalho, Leoneide conheceu o filho do ex-prefeito de Itupeva Dorival Raymundo, o jornalista e produtor Dorival Junior, que lhe deu a oportunidade de trabalhar com ele em Itupeva. “Após um ano, prestei um concurso para Prefeitura de Itupeva, pois já tinha magistério desde 1994, e passei”.

“Essa mudança foi muito desafiadora, porque nunca tinha morado sozinha. As minhas expectativas eram conquistar uma casa, construir uma família e me aperfeiçoar na profissão de professora, pois por falta de recursos ainda não tinha uma faculdade. Já tinha o emprego por ter passado no concurso, mais ainda não tinha casa e só um pouquinho de dinheiro”, desabafa.

Vencendo os desafios

Apesar de receber ajuda de amigos, como a ex-primeira-dama, Dona Iracema, e de já acumular algumas conquistas, os primeiros anos na cidade foram bem difíceis para Leoneide. Em janeiro de 2005 casou-se com seu atual esposo, Alexandre Francisco Oliveira, e com quatro meses de casamento, em uma enchente, o casal perdeu praticamente todos os bens materiais que tinha. “Todos os presentes de casamento, até um carro velho que a gente tinha ficou boiando na água. Morava na Rua 2 do Jardim Alegria, e com isso tive depressão durante dois anos” relembra Leo, como também é carinhosamente chamada.

Apesar de todos os sofrimentos, Leo nunca desistiu de seus sonhos e, aos poucos, foi conquistando o que havia planejado antes de sua vinda para Itupeva. Durante três anos trabalhou como Educadora de Saúde Sanitária, dando palestras nas escolas da cidade, até que em 2006, em um vestibular oferecido pela prefeitura, conseguiu uma bolsa integral para cursar pedagogia. “De 50 vagas passei no 16º lugar, mesmo após anos da conclusão do Magistério. Concluí em 2010, e em seguida começou a maratona para fazer a pós-graduação e diversos cursos na área de educação” afirma.

Hoje, além de possuir o diploma de Pedagoga e de Pós-graduada em Gestão do Trabalho Pedagógico, ela possui especialização em Psicopedagogia Institucional e Neuropsicopedagogia. Um currículo e tanto! “Hoje, graças a Deus, sou uma professora, um sonho idealizado lá atrás por meu pai” lembra, orgulhosa.

Sonho grande

Para ter todas essas conquistas em seu currículo e na vida, já que também tinha de pagar aluguel, Leoneide conta que teve a ideia de comprar roupas no Brás, em São Paulo, para revender nas escolas no horário oposto do meu trabalho. “A cada quinze dias ia até o Brás e comprava peças femininas confortáveis para vender para as professoras. Ao ir com frequência, sempre trazia as novas tendências. Com a experiência de feirante, garimpava peças com preços mais acessíveis e de qualidade.”

Com parte dos lucros, Leo investia em mais acessórios, como relógios, bolsas e maquiagem, e expandia cada vez mais seu leque de opções para as clientes. O negócio cresceu, e até nome ganhou: “Criei o Das&Leo Moda com o seguinte slogan: ‘Aqui as tendências da moda chegam primeiro'”.

Pouco tempo depois, além de dar aulas no município, Leo abriu sua loja no centro, e ainda hoje consegue se fazer presente em ambos os trabalhos, viu? “Mesmo com a loja eu consigo conciliar as aulas trabalhando meio período na loja e atendendo com hora marcada. Faço as compras sempre no último sábado do mês, porque o movimento no comércio é tranquilo.”

Sonhando com Itupeva

Olhando para sua história, Leoneide vê o quanto conquistou e ainda onde pode chegar: “Meu maior sonho era ser mãe, e hoje tenho uma filha linda, a Anna Sophia, de 4 anos. Mas ainda sonho em ter uma confecção própria, com a marca ‘Das&Leo Moda‘, gerando emprego às pessoas da cidade de Itupeva, distribuindo para sacoleiras de bairro, dando assim a oportunidade para as pessoas terem o seu próprio negócio“.

Por fim, Leo deixou uma verdadeira declaração de amor e agradecimento à cidade que a acolheu e tanto lhe deu:

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