Se fizermos uma rápida pesquisa no Google sobre qual a definição de ‘cidade’, a resposta será parecida com essa: aglomeração de pessoas localizada numa área e que tem numerosas casas, destinadas à moradia e/ou a atividades. ? Em resumo, a palavra-chave para a definição do que é cidade é exatamente ‘pessoas’. Afinal, quem se não elas para construírem as ruas, pontes, casas e praças de nossas cidades, não é mesmo? ?

Mas entre tantas pessoas que existem numa cidade, há aquelas que são verdadeiros personagens, seja pelos seus feitos ou pelo seu jeito de ser. E, sem dúvidas, uma das maiores personagens de nossa Itupeva é a Maria Preta – e não poderia ser diferente.

Maria de Fátima Cirino Jordão nasceu no dia 25 de março de 1955 na cidade de Lins, onde inclusive ganhou o apelido de Maria Preta. Com 22 anos, veio para Itupeva com seu marido e seus 4 filhos pequenos – Joana, Samir, Angelica e Samuel. Aqui, Maria trabalhou capinando terrenos e fazendo manutenção de chácaras antes de varrer as ruas e praças do Monte Serrat e do Centro. Abandonada pelo marido tempos depois, a vida de Maria Preta tornou-se ainda mais difícil, pois agora era mãe e pai das crianças, ao mesmo tempo em que tinha que trabalhar para trazer o sustento para dentro de casa.

Do dia de sua morte – ocorrida em 4 de setembro de 2014 – até hoje, a personagem Maria Preta faz parte não apenas de uma espécie de ‘folclore’ da cidade, mas permanece viva na lembrança de centenas de itupevenses.

(Foto: Reprodução)

Memória viva

Itupevenses como a Marlene Aparecida Barbosa Araújo, que foi uma dessas sortudas que tiveram o privilégio de não apenas saber quem era a ‘Maria Preta’, mas ter convivido por mais de 35 anos com ela e passado junto com Maria alguns dos momentos mais difíceis de sua vida.

“Ela sempre foi uma mulher batalhadora, trabalhadora demais. E o que fez ela ser conhecida na cidade foi justamente sua bondade e o seu trabalho“, conta a vizinha e velha amiga. “Tudo o que ela podia fazer de bom pros outros ela fazia. Com o pouco que tinha ela dividia com todos. Todo mundo que chegava na casa da Maria era bem recebido, as portas da casa dela estavam sempre abertas pra todo comer, beber, até dormir se precisasse. Ela nunca negou nada pra ninguém“, lembra.

Maria Preta trabalhou por um bom tempo numa praça do bairro Monte Serrat, onde morava, e depois de anos foi trabalhar na região central da cidade. “Ela varria as ruas, e mesmo com as dores e os problemas de saúde, nunca desanimou. Não tinha um dia que você a visse triste, por mais problemas que ela tivesse. A Maria estava sempre com um sorriso estampado no rosto.”

Após ser abandonada pelo marido, Maria Preta criou sozinha seus 4 filhos, inclusive adotando mais uma criança, o Alexandre, então com 10 anos de idade. Marlene conta que estava presente no dia em que a avó biológica de Alexandre o levou até a casa de Maria Preta: “Eu me lembro bem o que a Maria disse: ‘um prato de comida a mais não vai fazer falta não’. Hoje ele está com 32 anos e é um rapaz muito bacana, trabalhador. Ela educou muito bem ele”.

Ela era uma mulher de muita fé em Deus, e foi isso também que a ajudou a ter tanta força. Criou todos seus filhos sozinha, sem dar um deles pra ninguém, porque teve muita gente que pediu e ela nunca deu. Foi por Deus mesmo, por que se fosse outra pessoa no lugar dela, com certeza teria dado as crianças. A vida não era fácil não, e ela enfrentou muita coisa!

Em mais de 30 anos de amizade, Marlene conta que sua lembrança mais marcante com Maria foi do ano que ela faleceu. “Em 2014, no dia do meu aniversário, ela veio na minha casa me dar um presente. A gente tinha esse costume de trocar presentes, porque ela fazia aniversário no dia 25 e eu faço no dia 29 de março. E então ela, naquele meu último aniversário com ela ainda viva, me trouxe uma lembrancinha. Me beijou, me abraçou, e isso ficou muito gravado na memória.”

“Quando a notícia de que ela faleceu chegou aqui no bairro, foi uma tristeza que só. Todo mundo ficou muito triste, chorou, e até hoje ninguém esquece dela. Até hoje, quando passamos ali no Centro e vemos o rosto dela estampado naquela parede, dá uma saudade enorme, porque ela ficará pra sempre em nossos corações“, conta emocionada a vizinha.

Homenagem mais do que merecida, e bem no Centro de Itupeva. ? (Foto: PMI/ Reprodução)

Doces lembranças

E boas lembranças é que não faltam para Marlene e também para centenas de itupevenses que a conheceram. E são eles que agora se recordam e falam pra nós quem era, de fato, a Maria Preta!

Mulher bondosa

Mulher guerreira

Mulher de fé


Sem dúvidas, na mesma intensidade que Maria Preta deixou saudades, ela também deixou centenas de boas lembranças em nós todos. Neste mês de março, em que celebramos o Dia da Mulher, o aniversário de Itupeva e o aniversário natalício de Maria Preta, possamos cultivar tudo de bom que seu exemplo nos deixou. ???

Obrigado por tudo, Maria Preta! O orgulho de nossa Itupeva! ???

Colaborou Vera Lúcia da Silva.
Pesquisa: Jornal de Itupeva, Grupo Memórias de Itupeva


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