Pouca gente sabe, mas 3 de outubro é o Dia Nacional das Abelhas. Esses pequenos insetos são responsáveis pela reprodução de diversas espécies. Por meio da polinização auxiliam na produção de sementes, reprodução e manutenção da diversidade das plantas, contribuindo para a conservação das plantas nativas e de outras espécies, além da restauração ambiental.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 70 das 100 espécies de vegetais que fornecem 90% dos alimentos produzidos para a humanidade. E por uma série de motivos, Botucatu pode se considerada uma espécie de “capital da abelha”. Saiba porque.

1 – Líder em produção de mel no Sudeste

A Pesquisa da Pecuária Municipal, realizada pelo IBGE, aponta que em 2018 foram produzidas 42,3 mil toneladas de mel no País. O município de Botucatu é o 2º maior produtor do Brasil e o 1º da região sudeste, seguido de Itatinga. Ortigueira (PR) é a principal cidade produtora brasileira.

O empresário José Henrique Faraldo, presidente do grupo JHF, há 32 anos está envolvido com a apicultura. Ainda adolescente iniciou uma pequena produção de mel em Botucatu. Logo depois, aos 17 anos, se emancipou e abriu sua primeira loja para venda de mel. A Realeira tornou-se uma referência e chegou a ser uma das maiores exportadoras de mel do país.

Segundo ele, a criação de uma cultura de produção e a profissionalização do setor contribuíram para que Botucatu virasse o principal centro produtor do estado e um dos principais do país. A estimativa é que o município já produza em torno de 1.500 toneladas de mel por ano. Para se ter uma ideia, em 2009, a produção no município foi de 300 toneladas.

Em 2018, Botucatu figurou como o 2º maior produtor de mel do Brasil
(Foto: Sebrae)

O Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (LUPA- 2017), realizado em conjunto pela CATI e pelo IEA/APTA, revela a existência de 1.588 Unidades de Produção Agropecuária (Upas) com atividade de apicultura no estado de São Paulo, totalizando 71.369 colmeias.

Duas regiões – as de Botucatu, com 16,4 % das colmeias (11.691), e de Araraquara, com 15,7% das colmeias – concentram cerca de um terço do número de colmeias do estado.

O Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) com sede no município de Botucatu tem a 3ª maior área com plantações de eucalipto e a décima em plantações de laranja no estado. A grande disponibilidade de pasto apícola para a produção de mel pode ser um dos motivos da grande produção na região.

Botucatu também é conhecida como a cidade onde se concentra o maior número de abelhas do estado de São Paulo.

2 – O soro contra veneno de abelhas

Em Botucatu foi desenvolvida toda a pesquisa para criação do primeiro soro contra veneno de abelhas do mundo. As pesquisas foram iniciadas há mais de 20 anos no Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEVAP) da Universidade estadual Paulista (Unesp). O grupo é liderado pelo médico e professor Benedito Barraviera.

O soro foi desenvolvido a partir do próprio veneno da abelha. Os ensaios clínicos foram aprovados em abril de 2016, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o teste em humanos. Camila Presotto, técnica agrícola de Avaré (SP), entrou para a história da medicina por ser a primeira pessoa a receber esse tratamento, em agosto de 2016.

Soro desenvolvido em Botucatu é o primeiro do mundo contra veneno de abelhas
(Foto: Assessoria de Imprensa HCFMB)

Ela e o marido foram atacados por um enxame de abelhas africanizadas quando tentavam resgatar uma vaca caída em uma vala, na fazenda do casal. Camila recebeu cerca de 400 ferroadas e garante que foi salva pelo antídoto.

No estudo de segurança recém-concluído com 20 pacientes, a infusão do soro na veia foi considerada segura e surtiu melhoras clínicas. Em 95% dos casos não houve hipersensibilidade imediata ou tardia ao soro. O próximo passo agora é a realização de uma pesquisa com um maior número de pacientes e voltada a avaliar a efetividade do produto.

A expectativa é que dentro de alguns anos, os serviços de saúde do Brasil disponibilizem o primeiro soro contra o veneno de abelha do planeta. A partir de Botucatu!

3 – Bioembalagem com cera de abelha

Depois de um ano e meio de experiências, a artista plástica Rita Retz, 30, nascida e criada no bairro Demétria, em Botucatu, lançou a Favo Embalagem. A empresa produz embalagens em algodão orgânico, cera de abelha, óleo de coco orgânico e resina vegetal pura para substituir o plástico filme, muito usado para embalar alimentos na cozinha.

O resultado é um tecido com propriedades antibacterianas (pela cera de abelha) e antifúngicas (devido ao óleo de coco e à resina vegetal), que é impermeável e, ao mesmo tempo, permite a troca de ar, fazendo com que os alimentos durem mais tempo.

A artista plástica Rita Retz que criou bioembalagens a partir de algodão orgânico, óleo de coco e cera de abelha
(Foto: Draft)

A sede da empresa fica na sua casa-atleliê, construída em um terreno que havia ido dividido entre a família. A sustentabilidade é o diferencial da marca. A cera de abelha é comprada de apicultores da região, que fazem uma extração responsável do produto apenas uma vez ao ano, na época da florada, quando as abelhas conseguem repor a cera rapidamente.

A empreendedora atualmente produz cerca de 3 mil unidades da embalagem Favo por mês, mas com a estrutura já instalada consegue dobrar essa produção. (Fonte: Draft) https://projetodraft.com/produzida-com-ingredientes-naturais-e-organicos-a-favo-e-uma-alternativa-ao-plastico-filme-e-gera-menos-lixo/)

4 – Casa do Mel

Em 2011, a Associação de Apicultores de Botucatu inaugurou a Casa do Mel, estabelecimento destinado ao beneficiamento, industrialização e classificação de mel e seus derivados, oriundos de produção própria. O local concentra todo processo de produção do mel da região de Botucatu.

Os apicultores contam com equipamentos de alta tecnologia para fazer todo o processamento e embalagem do mel. Com a criação da Casa do Mel, os apicultores já conquistaram algumas melhorias para o setor, como o fornecimento para a merenda escolar da cidade e a abertura de vários mercados.

O local funciona como entreposto de mel e cera de abelha certificados pelo SISP (Serviço de Inspeção de São Paulo), o que permite a venda dos produtos para todo o estado de São Paulo. A Casa do Mel funciona na Rua Silvestre Bártoli, número 1.113, no Jardim Panorama.”

Associação dos Apicultores criou a Casa do Mel, que trouxe vários benefícios aos produtores
(Foto: divulgação)

Em abril de 2019, a Associação dos Apicultores de Botucatu recebeu as escrituras de dois terrenos doados pela Prefeitura de Botucatu para a finalização da construção do entreposto de mel em Rubião Júnior. A unidade terá o selo do SIF (Serviço de Inspeção Federal) e possibilitará que os apicultores associados possam comercializar mel no país inteiro e também exportar.

5- Apicultura na Universidade

Desde 1980, a disciplina de Apicultura é ministrada ao curso de Zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp (FMVZ), campus de Botucatu. Mais recentemente, passou a ser oferecida nos cursos de Engenharia Florestal e Agronomia, com maior ênfase na polinização.

O setor de Apicultura da FMVZ conta com dois laboratórios e dois apiários localizados na Fazenda Lageado, onde são estudadas desde a produção de abelhas rainhas até o comportamento das abelhas, passando pela análise do mel e outros produtos apícolas.

Disciplina de apicultura é oferecida pela FMVZ/Unesp
(Foto: FMVZ)

Dentre as diversas linhas de pesquisa na área de apicultura desenvolvidas na faculdade estão a produção de mel, pólen, própolis, geleia real e até de veneno, que, ao contrário do que muitos imaginam, reúne algumas propriedades medicinais. Na área de extensão, a universidade oferece aos produtores e interessados diversos estágios e cursos, compostos de aulas teóricas e práticas.

10 CURIOSIDADES SOBRE AS ABELHAS

(Foto: Bianca Camargo)
  1. As abelhas são os únicos insetos que produzem alimentos que são consumidos pelos humanos
  2. Uma das primeiras bebidas da humanidade foi o mel fermentado.
  3. Uma abelha voa a uma velocidade de 25 km/hora
  4. As abelhas visitam quase quatro milhões de flores para produzir 1 kg de mel
  5. A geleia real é o único alimento da rainha durante toda sua vida
  6. A partir do nono dia de vida, a abelha rainha já está preparada para realizar o seu voo nupcial, quando será fecundada pelos zangões
  7. Uma abelha visita em média entre 50 e mil flores por dia
  8. Apenas as operárias (fêmeas) trabalham. A única missão dos machos (zangões) é fecundar a rainha.
  9. Nas estações mais frias do ano, quando há escassez de alimentos, os zangões são expulsos da colmeia e acabam morrendo de fome ou de frio
  10. Uma abelha carrega o peso equivalente a 300 vezes o seu

(fonte Associação Brasileira de Estudos das Abelhas)


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