Há 30 km de Boituva, na cidade de Iperó existe um lugar que não mudou apenas a história da nossa região, mas a do Brasil. Estou falando da atual Fazenda Ipanema, onde está localizada a Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema.


E para começar, vamos mergulhar na memória deste lugar fantástico que, além de ser belíssimo, tem muita história.



Essa jornada começa muito antes da criação da primeira siderúrgica oficial do Brasil, ela se inicia em 1589 com o paulista Afonso Sardinha que havia descoberto jazidas de ferro na região do famoso Morro de Ipanema. Ali, ele construiu o primeiro forno de ferro da América Latina composto por um forno catalão. Em 1610, ele cedeu o pequeno forno para o governador das Capitanias do Sul, chamado Francisco de Souza. Com isso, o governador dá o “start” da povoação na região.

Até os anos de 1800, as instalações permitiam apenas a transformação do minério em ferro, não era feita a fundição do material. Em 1808, com a chegada da Família Real é autorizada a criação de duas siderúrgicas no Brasil. Uma delas em Minas Gerais e a outra na atual Fazenda  Ipanema. No dia 4 de dezembro de 1810 é inaugurada a primeira siderúrgica do Brasil e da América Latina. A Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema que se destinava à exploração e industrialização do ferro, além da produção de armas brancas, por ordem do Príncipe Regente do Brasil D. João.

Real Fabrica de Ferro em 1821 – Reprodução: Acervo Digital do Iphan

Porém, o sonho da independência siderúrgica portuguesa ainda estava um pouco distante de acabar. A primeira equipe de administradores foi enviada da Suécia, liderada por Carl Gustav Hedberg e seus colonos, que não cumpriram o acordo. Suas forjas de ferro eram precárias, produziam apenas pequenos materiais para lavoura impossibilitando a produção de grandes peças. Além disso, existiram muitos casos de desvios de materiais, dinheiro e outros diversos escândalos.

A fábrica, que tinha capacidade para produzir 588 toneladas de ferro, entregou apenas 14,7 toneladas.  Em 1814, Hedberg foi retirado do cargo. Apesar de não ter cumprido o acordo, ele entregou um grande feito para a engenharia nacional com a construção da primeira represa feita a partir de um rio no Brasil. A represa do Rio Ipanema. 

Fotografia feita na FLONA de Ipanama, Casa de armas brancas – Foto: Osvaldo Cristo – Acervo Floresta Nacional de Ipanema

Hedberg foi substituído pelo alemão Varnhagen que construiu altos-fornos com a capacidade de produção para peças grandes e em larga escala. A prova que a siderúrgica poderia entregar as peças estão presente até hoje, foram fundidas três cruzes de ferro. Uma está na sede da Floresta Nacional de Ipanema, outra no Morro Araçoiaba (Morro de Ipanema) e a última no Zoológico Municipal Quinzinho de Barros em Sorocaba.

Fotografia feita na FLONA de Ipanama, Cruz de ferro, monumento a Varnhagen – Osvaldo Cristo – Acervo Floresta Nacional de Ipanema

Com o passar do tempo, a fábrica entrava em altos e baixos com as crises que aconteciam. Em 1865, a siderúrgica quase foi fechada, porém, a Guerra do Paraguai chegou até o Brasil tirando de cogitação a extinção da fábrica que desempenhou papel primordial na produção de material bélico, sendo essa a fase de maior produção de metal. 

A Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema resistiu com sua produção até o ano de 1895, quando suas atividades siderúrgicas foram encerradas. Em 1912, a fábrica foi fechada oficialmente pelo Presidente Hermes da Fonseca. 

Até o ano de 1992, foram muitas idas e vindas no destino da Fábrica, até que foi criada a reserva da Floresta Nacional de Ipanema com 5.069,73 hectares. A administração foi entregue ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e em 2007 foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Floresta de Ipanema passou a ser administrada pelo órgão.

Fotografia feita na FLONA de Ipanama, Casa da guarda – Osvaldo Cristo – Acervo Floresta Nacional de Ipanema

Uma boa parte da Siderúrgica Ipanema foi restaurada como a Casa de Armas Brancas, casarão da sede, a serraria, o portão homenageando Dom Pedro II, as primeiras cruzes fundidas em 1818, o monumento a Francisco Varnhagen e os fornos de Frederico Varnhagen e Joaquim Mursa.


E você pode conferir de perto toda essa história visitando pessoalmente a Fazenda Ipanema.

A Floresta Nacional de Ipanema funciona de terça a domingo, com entrada das 08h00 às 16h00 e saída até 17h00.

A área é fechada ao público nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1° de janeiro.
O valor do ingresso é de R$ 10,00


O acesso pode ser feito tanto pela cidade de Araçoiaba da Serra quanto por Iperó, pela estrada Vicinal dos Ipês.

Fique atento, pois as estradas são de terra e não estão em boas condições!

Para mais informações clique aqui


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2 COMENTÁRIOS

  1. Muito boa a matéria, nas confesso que em vários parágrafos, senti falta de enfatizar a localização.
    Uma pequena nota de rodapé, indicando por onde se tem acesso à entrada, achei simplório demais. Decepcionada.

    • Olá Rosangela, tudo bem?

      No final descrevemos o local de acesso para a fazenda, porém adicionei uma alteração no inicio da matéria sobre a cidade onde está localizada.

      Muito obrigado pelo seu feedback. 🙂

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