Para realizar sonhos, algumas pessoas precisam superar obstáculos e barreiras, sejam financeiras ou de outro tipo. A biriguiense Beatriz Pavarini, de 19 anos, é uma delas.

A jovem, que estuda Jornalismo e estagia no Laboratório de Rádio e Tv do Unitoledo, decidiu, em 2018, começar a coletar materiais recicláveis para custear as despesas da faculdade e realizar a sonhada festa de formatura.

A ideia foi sugerida pela mãe de Beatriz, Neosmari Pereira, de 41 anos, quando ficou desempregada e não conseguia mais ajudar a filha financeiramente.

“Apesar de eu ter bolsa na faculdade, ainda tenho outros gastos, como viagens, palestras, materiais. E aí a minha mãe perguntou: ‘por que a gente não começa a juntar materiais recicláveis?’. E eu respondi: ‘ah, acho que vai ser legal’. E aí começamos”, relembra Beatriz.

Os materiais são armazenados na casa do avô da estudante. Recentemente, com a venda dos itens que juntou durante 11 meses, conseguiu R$ 840,00. “Coleto de tudo: caixinha de leite, papelão, garrafa PET, latinha e outros.”

Festa de formatura com as pessoas que a ajudam

“Por motivos financeiros, os meus colegas de classe optaram por não realizar a festa de formatura. Decidi organizar, então, a minha própria comemoração, mas com as pessoas que estão me ajudando.

Não sei se é a decisão correta ou a errada, mas é a que eu tomei. Eu vejo o sacrifício que as pessoas estão fazendo para me ajudar. Meu pai até brinca: ‘então, desse jeito, vamos ter que chamar quase todos os moradores de Birigui. E eu respondo: ‘não tem problema’

Para a festa, pretendo montar uma decoração com os materiais recicláveis. Quero colocar um painel com garrafas PET e entrar na festa segurando duas garrafinhas. Afinal, são elas que estão me ajudando, por mais que os meus pais me ajudem também.

As lembrancinhas serão feitas com garrafas também. Quero mostrar aos meus parentes que sonhos são possíveis de serem realizados. Às vezes, podemos pensar: ‘puts! Não vou conseguir’. Mas conseguimos, sim. É só encontrarmos uma maneira.

Apoio de pessoas próximas e biriguienses

“No começo, fiquei com receio e medo de sofrer preconceito. Mas não era a primeira vez que eu coletava reciclagem. Antes, eu juntava para a minha tia, que é aposentada. Ela utiliza o dinheiro que ganha com a venda da reciclagem para comprar remédios. E também a minha avó juntava.

Eu sempre vivi nesse meio, mas eu nunca pensei que eu iria juntar. Coletar material reciclável não é vergonhoso. Vergonhoso é você fazer mal para alguém.

Bom, mas aí começamos e várias pessoas passaram a ajudar a gente. Uma vez, em uma quermesse da igreja, minha mãe falou: ‘Bia, se nós pegarmos as garrafas e as latinhas, alguém vai reclamar?’. Eu respondi: ‘não sei, mãe. Vamos pegar’.

Aí o padre viu, perguntou se eu estava juntando reciclagem e, depois, chamou todo mundo da igreja para ajudar.

Várias pessoas nos ajudam. Quando estamos coletando materiais nas ruas de Birigui, as pessoas falam: ‘moça, você está juntando? Tenho algumas garrafas aqui em casa. Você aceita?’. E eu vou lá, pego e, então, surge uma nova amizade.

No sábado, vou a quatro ou cincos casas de pessoas que juntam, ao longo da semana, materiais recicláveis para me dar. Isso sem contar os materiais que eu pego nas ruas.”

Ajuda ao próximo e ao meio ambiente

“Com essa ação, contribuo para a despoluição do mundo. Mas, também, acabo ajudando outras pessoas. Eu reúno lacres de latinhas e doo para pessoas que levam ao Hospital do Câncer de Barretos, por exemplo.

É gratificante. Eu pensei que estaria realizando apenas o meu sonho. Mas, no final das contas, estou ajudando outras pessoas também.

Outra situação é que, quando estamos na mesma rua que outro catador de reciclagem, nós não coletamos os materiais. E por que fazemos isso? Eu tenho os meus sonhos e objetivos, mas sei que aquela pessoa utiliza o dinheiro para comer, pagar as contas. Dá para ver que ela precisa mais do que eu.

Aí eu falo assim para a minha mãe: ‘deixamos de pegar essa, mas tem mais garrafas em outro lugar’. Eu curto isso.”

Terceira pessoa da família a ingressar na faculdade

“Tenho um primo formado em Educação Física e outro, que está cursando essa graduação também. Sou a terceira da família a ingressar na faculdade. Mas a educação superior não é tão presente na minha família.

Como jornalista, pretendo, no futuro, contar histórias. Da mesma forma que estou tendo oportunidade de contar a minha, quero que as pessoas tenham a oportunidade de contar a história delas. É isso que eu quero.

No meu canal do Youtube, por exemplo, quero abrir portas para as outras pessoas. Lá, falo sobre coisas diversas. Mas, recentemente, gravei com uma dupla sertaneja e consegui mostrar a história deles.

O canal tinha, até o fechamento dessa matéria, 272 inscritos (Vídeo: Reprodução/Rede social)

E a história dessa dupla é que, hoje, ela canta e faz sucesso. Porém, no início da carreira, os meninos tomaram diversos ‘não’, assim como irei tomar. E está tudo bem. Posso cair hoje, mas, amanhã, vou me levantar.”


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